Saio do banheiro usando um roupão branco, que acaba fazendo conexão com a arquitetura local. Sorrio com tal pensamento. Seco minhas madeixas loiras com uma toalha distraidamente quando meus olhos caem na sacada. Logo o sorriso se desfaz e minha boca é aberta em um verdadeiro "o". Roy observava, da varanda, a bela paisagem feita delicadamente pelo Criador.
Ele, porém, estava vestindo apenas a calça. Não havia peça alguma cobrindo seus membros superiores, deixando os consideráveis músculos totalmente expostos, para a minha perdição. Não que eu nunca tivesse visto um homem sem camisa, ou até mesmo o meu esposo na época em que namorávamos. Isso aconteceu algumas vezes quando íamos à praia. Porém minha família ou amigos estavam conosco e eu me controlava para não reparar demais no seu corpo escultural. Entretanto, agora é diferente. Ele é o meu marido, e eu tenho passe livre quanto a isso.
Acho que solto algum som estranho, pois Roy vira assustado em minha direção. Em seguida abre um sorriso torto e vem ao meu encontro.
— Por que está sorrindo assim? — toca meus lábios com o indicador.
— Assim como? — faço-me de desentendida. Ele crispa os olhos.
— Estava analisando o meu corpo, senhora Carter? — afasto-me de seu toque e vou até a mala largada em um canto qualquer do quarto.
— Por favor, sem senhora! Assim me sinto uma velha. — levanto rapidamente e minhas costas batem no peitoral firme de Roy.
Fecho os olhos e respiro fundo antes de me virar para ele.
— Não respondeu a minha pergunta, mon amour. — por que ele tinha que falar desse jeito. Sua voz rouca me deixa doidinha.
— Estava! Que eu saiba, agora eu tenho liberdade de olhar o que é meu! — cruzo os braços e respondo com sinceridade. Isso parece ter deixado o meu marido... animado?!
— Acho melhor eu tomar um banho. — diz se afastando e entrando no banheiro. Para minha surpresa e agonia, ele deixa a porta aberta. ABERTA!
— Er... Roy, não vai fechar a porta? — pergunto incerta.
Em resposta recebo sua calça jogada pelo vão da porta. Solto um gritinho, mas consigo pegá-la. A risada dele me deixa extremamente desconcertada. Coloco a peça em cima da mala dele e troco de roupa rapidamente. Coloco um vestido leve e vou para a varanda, deitando-me em uma das espreguiçadeiras. O ventinho estava tão gostoso, e o meu corpo exausto. Logo pego no sono.
Em algum momento tenho a sensação de estar sendo carregada, mas não faço esforço para abrir os olhos. Apenas pelo aroma do perfume amadeirado minha mente já reconhece o dono. Sorrio de leve e me rendo mais uma vez ao cansaço.
***
Abro os olhos lentamente. A claridade que entra pelas portas de vidro da sacada ofusca minha visão. Tento me mexer, mas o braço de Roy apoiado em minhas costas faz um peso contrário. Ergo a cabeça e meu coração acelera com a nossa proximidade. Ele ainda dormia tranquilamente com um dos braços embaixo da cabeça e o outro ao meu redor.
Involuntariamente levanto a mão e toco sua face. Faço leves carícias com as costas dos dedos na área do maxilar, onde a barba já está crescendo novamente. Roy solta um suspiro e eu paro com as carícias. Não queria acordá-lo, ele estava dormindo como um anjo. Devagar, volto a deitar, encostando minha cabeça em seu peito, ainda desnudo e fecho os olhos.
— Já acabou o carinho? — pergunta bocejando em seguida.
Volto a encará-lo, com um novo sorriso no rosto. Sabe aquele sorriso bobo?
— Não queria ter te acordado. — sussurro.
— Normalmente não gosto de ser acordado, confesso. Porém você sabe fazer isso da melhor forma. — a mão que antes segurava minha cintura, agora acaricia meu cabelo. — Ainda não consigo acreditar que estamos casados. Acho que a ficha não caiu.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
RomanceApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...