Capítulo 57

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>>>> POV ROY CARTER <<<<

— Eu já analisei todos os dados que o David me enviou por e-mail. Está tudo certo, Giorgio! — respondo sem paciência.

— Estranho, devo ter deixado passar alguma coisa enquanto...

A explicação de um dos nossos funcionários fica em segundo plano quando escuto a voz, elevada e alterada, da minha esposa. Abro a porta com rapidez e afasto o aparelho para escutar melhor.

— ...nada que venha de você! — franzo o cenho.

— Giorgio, te ligo depois. — desligo o aparelho sem esperar uma resposta.

A passos rápidos, sigo para a escada com o coração apertado. Durante o percurso escuto um barulho alto. Ponho-me a correr. Quando chego ao topo da escada, paraliso por um segundo vendo Louise e Clara próximas à porta. A primeira olha para a segunda com espanto.

Mal tenho tempo de raciocinar, quando vejo minha esposa cambaleando para frente, à medida que Louise dá um passo para trás.

— CLARA! — grito o seu nome descendo a escada desesperado.

Seu corpo começa a sacudir de forma violenta. Na mesma hora me recordo do episódio em que a encontrei caída no quarto de Emily, nos Estados Unidos. O desespero toma conta do meu ser, e por um momento não consigo fazer nada. Simplesmente paraliso observando seu corpo frágil se debater.

— ROY! — Louise aparece em minha frente sacudindo os meus ombros — FAÇA ALGUMA COISA!

Recobrando a consciência, empurro Louise para o lado e me abaixo ficando próximo à Clara. Ponho em prática tudo o que o doutor Shepherd me ensinou desde o último episódio. Primeiro afasto qualquer tipo de objeto que esteja muito perto. Graças a Deus não há quase nenhum. Com cuidado, viro minha esposa de lado para que, em caso de vômito, ela não sufoque. Afrouxo seu casaco e oro para que isso passe logo.

Olho para Louise com os olhos marejados. Ela está um pouco afastada, e dá para ver culpa e preocupação em seu rosto.

— O que aconteceu? — chamo sua atenção, sem deixar minha mulher de lado.

— Eu... Ela... — começa a gaguejar sem saber o que dizer.

— Desembucha, Louise! — falo entredentes, prevendo o pior.

— Eu... — ela respira fundo e sai correndo do apartamento.

— LOUISE! — grito, sentindo a raiva dominar o meu corpo. Porém os tremores diminuem, e minha atenção volta para Ana Clara — Mon amour! Mon cher! Consegue me ouvir ou me ver? — pergunto ao vê-la abrindo os olhos.

— Sim... — suspiro aliviado.

— Louvado seja Deus! — beijo sua testa — Precisamos ir ao hospital. Você caiu e convulsionou.

— Roy, minha cabeça está pegando fogo. — sua voz sai sôfrega enquanto toca o local. Um grito agudo sai de sua garganta.

Pego-a nos braços e sigo para o elevador.

— Isso vai passar, eu prometo! — digo sem muita convicção.

Sinto o suor escorrer pelas costas e as mãos tremerem. A mente já imaginando o pior. Senhor cuide de tudo, em nome de Jesus! Clamo.

As portas do elevador se abrem e o porteiro corre em nossa direção.

— Senhor Roy, o que aconteceu?

— Alfonso, preciso de um táxi!

Ele corre para fora do prédio, e eu o sigo. Agradeço mentalmente por ele ter deixado as portas francesas abertas.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora