Capítulo 43

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Olho cada casa conhecida, passar através da janela do táxi. As ruas largas, cercadas de árvores de porte médio, trazem-me uma certa nostalgia. Recordar das minhas corridas matinais com seu Samuel resulta em um rápido sorriso de canto, que logo é desfeito. Mordo o lábio inferior e mexo com as mãos nervosamente. Roy toca meu ombro e eu olho para ele. O mesmo me oferece um sorriso reconfortante. Isso me traz um pouco de tranquilidade.

Era uma quinta-feira primaveril na cidade de São Paulo. O céu azul, sem uma nuvem sequer, e uma gota de suor descendo pelas minhas costas, comprovavam o calor que estava fazendo na cidade. Roy e eu conseguimos comprar nossas passagens ontem mesmo, após contarmos a novidade a minha irmã e ao nosso primo.

Sofia, assim como Emily, gritou, pulou, gargalhou e chorou. Um dos maiores desejos da minha sorella era ser tia. Não mãe, e sim tia. Quando soube, começou a planejar o quarto da sobrinha, que segundo ela, será uma menininha linda de olhos verdes e cabelo loiro, como a Em. Acompanhada da pequena, as duas estavam até vendo os móveis do quarto.

Já David, ficou nos zoando pela rapidez de termos, abre aspas, encomendado um novo membro para a família Carter.

O movimento brusco do carro, ao passar por um quebra-molas, me traz de volta a realidade. Seguro firme no banco da frente e olho feio para o motorista, que não oferece nenhum pedido de desculpas.

Indico o local onde o motorista barbeiro deve parar assim que avisto a edificação. Saímos do veículo ao mesmo tempo, em uma sincronia quase perfeita. Os dois homens pegam nossas bagagens enquanto eu fico parada em frente ao portão de entrada, observando a casa, que um dia chamei de lar. Ao perceber que o táxi se afastava, viro-me para o meu esposo, ele me observa com paciência.

Retiro as chaves, que minha irmã me deu antes de viajarmos, de dentro da bolsa e destranco o portão. Dou espaço para que ele passe com nossas malas, em seguida fecho o mesmo e sigo Roy até a gigante porta pivotante de madeira. Destranco-a e entramos no local que permanecia o mesmo desde a última vez que viemos.

— Vamos lá para cima. — aponto para o andar superior.

Ameaço pegar uma das bagagens que ele tinha apoiado no chão. No entanto, Roy é mais rápido ao pegá-las e me lançar um olhar reprovador. Reviro os olhos e o sigo, carregando apenas minha bolsa de mão.

— Pode colocar as malas no closet, arrumamos depois. — digo caminhando até as portas de correr e as abrindo, permitindo que o ar entre, trazendo consigo o cheiro da vegetação.

Fecho os olhos e sorrio feliz da vida, aproveitando aquela sensação maravilhosa. Sinto os braços do meu marido envolverem minha cintura e apoiando o queixo em meu ombro.

— Você gosta daqui, não é? — pergunta baixo. Limito-me a assentir — Devo admitir que esse lugar me traz certa paz.

Dou uma pequena risada antes de me virar e encarar seus orbes verdes, que brilham com o reflexo da claridade.

— Eu gosto bastante desta casa, ela foi muito bem projetada, assim como a área externa. Mas eu amo o meu quarto, em especial. — passo os olhos rapidamente pelo cômodo antes de continuar — O fato de ele ser integrado com a natureza, de ter esses janelões e essas portas de correr, — aponto para cada item — permitindo a iluminação e ventilação natural de entrarem. Ou o fato de poder ficar deitada na minha cama — afasto-me dele e deito no colchão macio — e poder observar o céu, ouvir os pássaros cantarem, ao invés de buzinas e motores roncando... — nego com a cabeça — isso não tem preço! Eu amo essa sensação! — fecho os olhos e alargo ainda mais o sorriso.

O espaço ao meu lado é preenchido por um belo homem, que posso apostar estar sorrindo bobamente neste exato momento. Abro os olhos e confirmo minhas suspeitas.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora