Roy abre a porta do apartamento e me dá espaço para passar. O faço ainda em silêncio. Minha mente processa a conversa que tínhamos tido há pouco. Apoio a bolsa no aparador, retiro os sapatos e sigo até a cozinha. De soslaio percebo que o meu noivo permanece parado ao lado da porta observando meus movimentos.
Solto um suspiro e abro um pequeno sorriso para ele.
— Se ficar aí parado por mais tempo é capaz de criar raiz. — Roy sorri lateralmente e caminha até onde estou.
Encho dois copos com água. Ofereço um a ele, que aceita, e bebo o outro.
— Fiquei preocupado, você permaneceu calada o restante da noite. — desabafa antes de beber sua água.
Coloco o copo de vidro na pia e apoio o corpo na bancada.
— Apesar de conviver com a Sofi por boa parte da minha vida, ainda não consigo entender como o ser humano consegue ser tão cara de pau.
Roy se engasga com o restante da água que termina de beber. Coloca o copo ao lado do meu, na pia, e segura minha mão com carinho.
— Sua irmã ainda não está aqui para se defender, meu amor. — sorri, mostrando seus dentes brancos.
— Ainda! — friso e assinto — De qualquer forma, eu não entendo esse povo.
Ele me conduz ao sofá e senta ao meu lado.
— Compreendo o seu ponto de vista, Clara, mas talvez ele não tenha segundas intenções com esse jantar, ou em querer sua presença. — diz com cautela.
— Com certeza! E eu sou o coelhinho da páscoa. — digo sarcástica.
— Clara...
— Desculpa! — viro-me ficando de frente para ele — Mas eu não consigo acreditar nisso, Roy. Eu sei que vocês se conhecem há bastante tempo e o carinho que sentem um pelo outro é grande. Também sei que ele pode estar querendo preparar esse jantar para revê-lo, amor. — ele assente — No entanto, esse mesmo homem me acusou e duvidou de mim há poucos dias. Como ele faz questão que eu esteja presente?
— Eu realmente não sei, mas talvez ele tenha seus motivos. Talvez tenha descoberto algo.
— E aí decidiu preparar um jantar em sua casa para compartilhar as boas novas? Não seja tão inocente, Roy! Você viu o quanto eu me senti humilhada e fiquei mal com o que aconteceu. — fito as cortinas finas — Confesso que ainda não estou cem por cento com tudo isso, óbvio que não, mas também não quero passar por essa situação outra vez.
Sua mão toca o meu rosto e eu volto a encará-lo.
— Volto a repetir, meu amor, nós não precisamos ir nesse jantar. — diz suavemente.
— Eu não irei! — desfaço o contato e ponho-me de pé — Mas você sim!
Ele revira os olhos e pressiona o cenho.
— Já conversamos sobre isso. Eu não irei sem você! — sua voz sai firme e decisiva.
— Não é justo, Roy. O que aconteceu foi algo entre ele e eu, isso não pode afetar o relacionamento de vocês. Imagine como a Emily ficaria! — ergo as mãos, como se tivesse encontrado a justificativa perfeita. Roy, porém, ergue uma sobrancelha e cruza os braços.
— A Emily já passou tempo demais longe do Alain, e sinceramente, isso não mudou muita coisa na vida dela.
— Mas agora é diferente — dou de ombros — eles voltaram a se relacionar e estão mais próximos.
Roy se coloca de pé e segura minhas mãos.
— Eu sei o que está tentando fazer — sorri de lado — e isso não irá funcionar. Em breve estaremos casados, seremos um. Se você acha que deixarei você sozinha para ir a algum lugar, está muito enganada.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
RomantizmApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...