Encostada na cabeceira da cama, com um coque no cabelo, o edredom até a altura da cintura, e Cookie deitado em minhas pernas, fito o céu através das grandes portas francesas. O dia já tinha amanhecido há algumas horas, e eu permanecia nessa mesma posição desde quando subi. Não preguei o olho durante toda a noite falando com Deus.
Além dos problemas que eu já tinha, agora a culpa de ter sido estupidamente grossa com minhas melhores amigas martela em meu peito.
Solto um suspiro profundo e, com cuidado, coloco o bichano no colchão. O mesmo reclama com um miado baixo, mas não se move.
— Como é folgado esse gato preguiçoso! — sussurro saindo lentamente da cama para não incomodar o membro da realeza.
Entro no banheiro e faço minha higiene. Demoro um pouco mais do que o necessário fazendo hora para poder descer, afinal de contas ainda era cedo demais e as meninas deveriam estar dormindo pela farra. Apesar de no meu íntimo achar que estraguei a noite de todas no momento em que subi.
Ao sair do banheiro me surpreendo com Sofia sentada na ponta da cama acariciando a bola de pelos.
— Não o tinha visto ontem à noite. — comenta baixo.
— Ele não é muito sociável. Provavelmente se escondeu quando ouviu a movimentação no apartamento.
— Deve ser. — concorda comigo.
Aproximo-me e sento no espaço vago ao lado do peludo.
— Sobre ontem, Sofi...
— Não precisa se desculpar, você tem razão, Aninha. — oferece-me um sorriso triste — Só não queremos te ver mal. Estamos aqui para te ajudar, não para piorar a situação.
— Obrigada pela compreensão, mas eu fui muito rude com vocês, principalmente com a Lau. — minha mão vai até a cabecinha do bichano e faz leves carícias — Eu gostaria de entender o porque de tudo isso estar acontecendo comigo, porém eu sei que nem sempre teremos todas as respostas.
— Na maioria das vezes é assim — completa.
— Pois é. Enquanto isso, eu realmente estou tentando buscar a direção de Deus para saber o que eu devo fazer, — suspiro — mas parece que eu faço tudo o que não deveria fazer.
— Lembra do que Paulo diz em Romanos 7? —Sofi me pergunta e eu abro um sorriso lateral.
— Sinceramente, não.
— Se não estou enganada, no versículo 19 ele fala justamente sobre isso que acabou de me dizer. Assim como nós, em muitas vezes, o bem que ele gostaria de fazer, ele não faz, mas o mal que ele não queria, esse ele fazia. Isso é culpa da nossa natureza caída, o pecado que habita em nós. Infelizmente.
— É verdade, sorella. Conviver com isso é um tormento. De um lado a nossa carne nos incentivando a fazer o que é errado, do outro, o Espírito tentando nos conduzir a vontade de Deus.
— É uma guerra, como você mesma disse ontem, irmã. E só conseguiremos vencê-la através da nossa comunhão com Deus. Jejum, oração e leitura da palavra. Constantemente. — fico impressionada e admirada pela sabedoria da minha irmã.
— Eu tenho feito isso, talvez não o suficiente.
— Continue, o segredo está na perseverança. — pisca para mim antes de se colocar de pé e me estender a mão.
— Desde quando ficou tão sábia assim? — pergunto admirada.
— Você mais do que ninguém sabe que não sou uma mulher sábia, Aninha. Tenho muitos defeitos e Deus ainda precisa me moldar bastante. Porém ele usa quem quer, quando quer e da forma que quer.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
RomansaApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...