Após tomar seu banho, Emily desceu e me ajudou a arrumar a mesa para o jantar. Estávamos em uma conversa gostosa, sentados no sofá. A qualquer momento Sofia e David poderiam chegar. Para falar a verdade, eles já deveriam ter chegado há muito tempo.
Emily ria de algo falado pelo irmão, quando a dor volta com força, como das últimas vezes. Fecho os olhos e tento controlar a expressão em meu rosto. Peço licença e subo a escada. Quase caio algumas vezes, mas me mantenho firme.
Ao virar o corredor, encosto-me na parede e seguro a cabeça com as mãos. Do nada uma fraqueza toma conta do meu corpo, e aos poucos escorrego pela parede ficando agachada. A dor estava tão intensa que me causa um grande mal-estar. Levanto-me com dificuldade e vou até o primeiro quarto com banheiro, o de hóspedes.
Ponho para fora todo o meu almoço. Sinto-me tão fraca que só queria deitar e dormir. Fico alguns minutos sentada no chão, de olho fechado, até ouvir a voz da minha irmã no andar inferior. Levanto devagar, dou descarga, lavo a boca, faço gargarejo com enxaguante bucal e saio do banheiro, no mesmo instante em que Roy passa pelo corredor. A cabeça ainda latejava, mas com menos intensidade.
— Ah, aí está você! — sorri entrando no quarto — Sua irmã chegou!
— Eu ouvi! Vamos! — sorrio sem mostrar os dentes e desvio do seu olhar. Começo a caminhar antes que ele pergunte algo. Assim como a avó, Roy era muito perspicaz — Sorella! — abro outro sorriso, desta vez era totalmente sincero.
Minha irmã corre ao meu encontro. Abraço-a com força, e mais uma vez me dá vontade de chorar. Nos afastamos após um tempo e reparo que minha irmã está radiante.
— Agora você não vai se livrar de mim, Aninha! Estou de volta, e desta vez para ficar! — diz rindo — Como está a vida de casados? — pergunta sugestivamente para Roy, que estava ao meu lado, e para mim.
— Maravilhosa! — abraço a cintura do meu esposo — Ansiosa para conhecer o seu apartamento amanhã?
— Completamente ansiosa! Estava conversando com o David justamente sobre isso e...
A nossa noite foi exatamente assim, com muita conversa, risadas, abraços, lágrimas de alegria. E é claro, não posso me esquecer dos momentos de dor. Muita dor.
Por incrível que pareça, consegui me esquivar dos olhares questionadores do meu esposo. Em alguns momentos consegui disfarçar com sucesso, em outros, algumas caretas ficaram estampadas em meu rosto.
Quando Roy me chamou para conversar, disse a ele que seria melhor fazermos isso antes de dormirmos. Meu esposo concordou com muito custo. No entanto, quando subimos para o quarto, ele foi para o banho e eu para a cama. Fechei os olhos e ali fiquei, até sentir o espaço ao meu lado mexer e a luz ser apagada.
Achei que tinha sido a mais esperta, mas parece que não foi bem assim. Roy envolve minha cintura com o braço e me trás para mais perto de si.
— Eu sei que você ainda está acordada, mas eu vou respeitar o seu tempo. Só quero que saiba que eu estou aqui! — suspira antes de beijar meu cabelo — Eu amo você!
Nessa hora eu quis me virar para ele e contar todos os meus temores. Eu não faço ideia do que me aguarda, mas eu tenho certeza de que não quero preocupá-lo ainda mais. Principalmente sem um motivo concreto.
Na manhã seguinte acordei por volta das nove horas. Roy e Emily já tinham saído para o trabalho e escola, respectivamente. Minha irmã continuava dormindo. Devia estar exausta por causa da viagem. Desço a escada, tomo meu café e só subo para escovar os dentes antes de sair. Deixo um bilhete para Sofi dizendo que tinha saído, mas que voltaria logo para ela conhecer seu novo apartamento.
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𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]
RomanceApós dizer "sim" à vontade de Deus e ser surpreendida por Sua bondade e misericórdia, mais uma vez, Ana Clara Bianchi passará por um novo processo de mudança. Novidades e desafios aguardam a jovem em Paris. No entanto, ela não imagina que esta nova...