Capítulo 25

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— Respira! — de olhos fechados, puxo o ar — Inspira! — sussurro para mim mesma enquanto sigo meus comandos.

O grande dia, então, chegou. E como um belo presente dado pelo criador, o sol brilhava outra vez no céu azul, isento de nuvens brancas. Os pássaros cantavam alegremente do lado de fora, e as borboletas, que não estavam batendo asas em meu estômago, voavam livremente em volta do grande jardim.

Parece perfeito demais para a realidade, não é? Porém tudo o que existe foi criado por Deus. Ele criou o céu, a terra, os seres vivos, os anjos e a humanidade. Toda a criação é obra do grande Eu Sou, exclusivamente para o Seu louvor. E ele criou este dia especialmente para a glória dEle.

Desde o momento em que entendi o real significado do matrimônio e a seriedade desse compromisso firmado por Deus, passei a orar para que quando chegasse a minha vez, tudo fosse perfeito. Não para que o meu casamento fosse memorável aos que estivessem presente, apenas. Mas principalmente para que o nome dEle fosse louvado em cada detalhe.

Nunca desejei luxo ou fartura, diferente de minha irmã. Não que isso seja errado. Claro que não, afinal de contas, cada pessoa tem os seus sonhos. E Papai é especialista em realizar os desejos do nosso coração, quando os mesmos estão atrelados a sua vontade.

Para mim, algo simples e romântico seria o suficiente para que o grande dia fosse maravilhoso. Todavia apenas uma coisa seria capaz de tornar esse momento inesquecível, e dela eu não abria mão. A presença do Senhor Deus.

Hoje, ao acordar, pude senti-lo e vê-lo em cada detalhe. Isso trouxe paz e alegria ao meu coração. Principalmente nos momentos de nervosismo intenso, como agora.

— É o dia do meu casamento! — já perdi as contas de quantas vezes a ficha caía e eu repetia essa mesma frase para quem quer que estivesse ao meu lado. Desta vez era a pobre cabelereira.

— Sim! É o seu dia! — diz dando uma leve risada.

Sentia as mãos tremerem, assim como minhas pernas. Desta forma, fui obrigada a passar boa parte da manhã sentada em frente à penteadeira do antigo quarto da minha sogra, Zoe, localizado na casa de Chaly.

Roy e eu estávamos indecisos sobre o lugar onde faríamos a cerimônia e a recepção. Até que um belo dia Charlotte conversou conosco, nos oferecendo sua casa para a realização do casamento. Imediatamente a ideia nos agradou. A casa era enorme, não tão grande quanto a mansão Carter, mas o suficiente para realizarmos o evento.

Entretanto o que mais atraiu minha atenção no local, foi o belo jardim. Confesso que tenho uma quedinha por jardins, e tudo isso era culpa da dona Thelma, que despertou essa paixonite em meu coração. Pensar nela fez meu coração apertar. A doce senhora, responsável por estar presente em toda minha infância e adolescência, não pôde viajar para a França por motivos sérios de saúde.

Segundo meus pais, hoje não era dia para eu ficar pensando em coisas ruins. Além do mais confiamos que Deus estava cuidando da querida Thelminha e de sua frágil saúde. Voltemos, então, ao assunto "jardins". O da Charly era o mais belo que já tinha visto. Não deveria me surpreender, visto que a estufa da cabana Dalyon era perfeita. Mas nem a estufa chegava aos pés daquelas lindas vegetações muito bem cuidadas. Eu me via casando ali.

— Ana? — a voz de mamãe me traz de volta à realidade.

— Oi! — sorrio sem mostrar os dentes.

— Você está ficando linda, minha filha! — seus olhos enchem d'água.

— E está finalizado! — a cabelereira diz ao terminar de prender o último grampo.

Ela pega um espelho médio e o posiciona atrás da minha cabeça, dando-me uma visão completa do lindo penteado que escolhi. Minhas bochechas repuxam em um sorriso espontâneo ao ver as madeixas loiras soltas em leves ondas, presas apenas na parte superior com um acessório delicado.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora