Capítulo 56

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Por isso que eu não gosto de assistir filmes de ação. É uma mentira atrás da outra! — resmungo comigo mesma. Coloco mais um punhado de pipoca na boca enquanto The Rock pula do tal arranha-céu — Me poupe! — desligo a Tv no momento em que Roy desce a escada, escondendo as mãos atrás das costas.

— O filme já acabou? — franze o cenho.

— Que nada! Eu desisti de ver, estava muito chato. — Roy solta uma gargalhada alta.

— Você não tem jeito, Ana Clara! — vem em minha direção.

— Até que o meu nome fica bonito saindo dos seus lábios. — faço charme, com segundas intenções, é claro.

— Mas o seu nome é bonito, mon amour.

Ele se joga no sofá ao meu lado, ainda escondendo algo, e me chama para sentar entre suas pernas. O faço com um pouco de dificuldade. É tão bom ficarmos assim, juntinhos, só nós dois. Aproveito seu abraço em silêncio.

— Você lembra de uma conversa que tivemos na varanda do nosso antigo apartamento em New York? — pergunta baixo, acariciando minha barriga.

— Bom, tivemos várias conversas naquela varanda. — abro um sorriso nostálgico — Qual delas seria?

— Você tinha acabado de voltar de um desfile, estava belíssima! — sinto o rosto esquentar — Entrou na varanda distraída, encantada com a paisagem vista de Manhattan. E eu estava no meu canto, lendo um livro, como de praxe. — ri — Começamos a conversar e eu te questionei sobre como faria se o seu filho pedisse para você ler para ele, já que não gosta de ler.

— Ei! Isso está mudando! Esse ano eu já li um livro. — comento com orgulho.

— Fico feliz por isso! Mas então... — Roy se ajeita, para poder olhar em meus olhos — Você disse que se isso acontecesse, leria com o maior prazer. E o tempo está chegando. — retira o que estava atrás de suas costas e me entrega. É um livro infantil. — Comprei na semana passada. — sorri observando a capa — É o primeiro livro do nosso pequeno, e eu faço questão de que você seja a primeira a ler para ele.

Meus olhos ardem pelas lágrimas que ameaçam sair. Esse homem é maravilhoso ao extremo. Agarro seu pescoço e uno nossos lábios com força.

— Acho que... irei comprar... mais livros. — comenta entre beijos.

— Bobo! — acaricio seu rosto — Para ser sincera, — abaixo o olhar — quando você me fez aquela pergunta, a primeira resposta que passou pela minha cabeça foi a de que eu chamaria o pai dele para ler, ou seja, você! — olho para cima, a tempo de ver o sorriso lateral que faz meu coração pular descompassado. Então Roy me beija com amor e fervor.

Para a nossa infelicidade, o celular do meu esposo toca.

— Deixa tocar! — Roy comenta, deitando me no sofá. Porém o celular continuou tocando sem parar.

Contra sua vontade, ele bufa se levantando. Pega o aparelho e atende um pouco irritado. Acho graça de sua reação, Roy sempre reage assim quando algo ou alguém nos atrapalha...

— Oi! — observo o meu digníssimo fechar os olhos e esfregar a testa — Tudo bem! Espere um segundo — abaixa o celular, abafando-o no peito e se aproxima — Aconteceu um imprevisto no trabalho, preciso analisar uns documentos, mas eu já volto. — beija minha testa e sobe a escada continuando com a ligação.

Ainda com um sorriso no rosto, pego o livro e começo a folheá-lo. A campainha toca minutos depois. Franzo o cenho. Não estamos esperando ninguém, e o porteiro não interfonou para nos comunicar. Provavelmente minha irmã deve ter esquecido a chave em casa.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora