Capítulo 6

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Saio do banho usando um roupão branco e com uma toalha enrolada no cabelo. Emily continuava em seu sono profundo e invejável. Um pequeno sorriso surge em meus lábios ao observar a pequena princesa repousando na grande cama king size. Seus cabelos lisos e loiros, como fios de ouro, ocupam seu travesseiro e boa parte do meu.

Desembaraço o cabelo sem pressa, para em seguida voltar ao banheiro e secar minhas madeixas loiras. Finalizo o look com uma calça de alfaiataria off white e uma blusa bufante com decote reto e manga longa, na cor rosa chá, minha favorita.

Entro no quarto e encontro Emily se espreguiçando na cama, lutando contra a preguiça.

— Bom dia, princesa! — Sento ao seu lado, acariciando seu rosto amassado.

— Bom dia, Clara! — A pequena senta e me abraça — Ainda não estou acreditando que estou com você.

— Sei exatamente como se sente, Em, pois a recíproca é verdadeira. Porém uma pessoinha se comprometeu em trabalhar comigo hoje, e pelo visto acordou super atrasada.

Ela murmura com a cara enfiada em meu abdome antes de se arrastar para fora da cama e caminhar até o banheiro, sem antes voltar e depositar um beijo estalado em minha bochecha.

— Irei descer para preparar o nosso café! — Falo um pouco mais alto, quando a porta do banheiro já estava fechada.

— OK! — Emily grita lá de dentro.

Desço a escada com um sorrisinho brincando em meus lábios. Estava contente demais, não podia negar.

Coloco a bolsa no aparador perto da entrada e vou até as portas que dão acesso às estreitas sacadas. Abro as cortinas e destranco uma das folhas, dando livre acesso ao ar fresco da manhã. O dia estava lindo, as pessoas já movimentavam as calçadas, assim como as motos e carros de passeio movimentavam as pistas de rolamento.

A campainha toca no momento em que ia para a cozinha, cinco toques irritantes. Reviro os olhos e sigo até a entrada. Abro a porta e me deparo com um David sorridente, segurando uma sacola de papel em uma das mãos e na outra uma mochila metálica.

— Está arrasando com essa mochila! — Não perco a chance de zombar do meu quase primo.   

— Eu arraso de qualquer jeito! — Pisca entrando no apartamento.

— Pode entrar, Dav! Fique à vontade. — Digo com ironia, mas ele parece não perceber, ou prefere ignorar.

— Onde está a Em? — Pergunta se lançando no sofá.

— No banho. — Vou para a cozinha — Já tomou café?

— Não! Na verdade, vim convidar vocês duas para fazer o desjejum comigo.

— É, parece uma boa ideia. Acho que nunca tomei café da manhã fora de casa ou da empresa. — Apoio meu corpo no balcão cruzando os braços na altura do peito.

— Está falando sério, AC? — Senta com rapidez e me fita com incredulidade — Há quanto tempo está morando aqui?

— Sei lá! — Olho para o teto e coloco a cuca para raciocinar — Dois meses?

— Está me perguntando? — Ri descaradamente, como só ele sabia fazer — Você não sabe aproveitar a vida, priminha...

— Ok, Dav, já entendi onde quer chegar. Mas o trabalho tem consumido bastante parte do meu tempo. — Jogo as mãos espalmadas para o alto — Mas eu prometo que tentarei aproveitar mais o meu tempo aqui.

— Já parou para pensar em como será a sua vida se você viver os próximos anos nesta mesma rotina? — Apoia o cotovelo no joelho e o queixo na mão — Que chatice de vida!

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora