Capítulo 39

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>>>> POV ROY CARTER <<<<

Quando Clara pega no sono, beijo sua testa demoradamente, antes de levantar da cama. Calço os sapatos e desço. Sofia assistia algo na tv. Assim que me vê, desliga o aparelho e senta direito.

— Podemos conversar agora? — questiona um pouco impaciente.

Sento na poltrona de frente para ela, uno as mãos apoiadas nos joelhos.

— Sofi... — solto o ar pela boca sem saber por onde começar — É delicado e bem complicado. Ainda estamos tentando descobrir uma forma de lidar com isso.

— Roy, em nome de Jesus, desembucha de uma vez. — Sofi joga o controle da tv para o lado e se inclina para mim — Está me deixando aflita.

— Ok, perdão! — esfrego o rosto e digo com cautela — A sua irmã não estava se sentindo bem há alguns dias. Sentia dores de cabeça. — ela assente — Porém nesse fim de semana as dores se intensificaram, e ontem, antes da sua chegada, a Clara fez uma série de exames.

— E por que não contaram nada? — ergue a sobrancelha — Estávamos fazendo a maior farra aqui, e minha irmã sentindo dor.

— Sofi, nem eu sabia direito. Você conhece sua irmã, ela só me contou hoje quando os resultados saíram. — sinto o coração apertar outra vez — E foi encontrado um tumor cerebral.

— O QUÊ? — minha cunhada se põe de pé com as mãos na cabeça — Que palhaçada é essa, Roy? Não tem graça! — aponta para mim, mas seus olhos marejavam.

— Acha mesmo que estou brincando com algo sério, Sofia? — pergunto quase perdendo a paciência. Minha resposta fez com que a ficha caísse. Não apenas a dela, mas a minha também.

— Mas... — tenta falar, contudo o choro não permite — Ela é tão nova! — levanto-me e abraço minha cunhada — Isso não é justo, Roy!

— Infelizmente. — concordo.

— Ela deve estar sofrendo! E guardando tudo para si! — diz entre lágrimas. Sofi se afasta e segura meus ombros com força — Não a deixe passar por isso sozinha, cunhado! Não deixe minha irmã sofrer sozinha!

— Eu prometo que isso não irá acontecer! — digo com o maxilar travado — Não irá! — volto a abraça-la e choramos juntos.

Após conversarmos um pouco mais, pergunto se tem como ela ficar de olho na irmã enquanto preciso resolver algumas coisas. Ela diz que sim e eu pego a chave da moto, o capacete e o celular. Assim que saio de casa ligo para vovó

— Vovó! — digo ao ouvir sua voz.

— Oi, querido! — responde de forma amável.

— Será que a senhora poderia ficar com a Emily por alguns dias? — entro no elevador assim que ele chega em meu andar.

— É claro que sim. — a ligação fica um pouco ruim, mas percebo o silêncio do outro lado. Dona Charlotte é muito sagaz — Está tudo bem?

— Creio que a senhora sabe que as coisas não estão bem. — ando pela garagem e subo na moto. — Vi como ficou atenta aos movimentos da Clara ontem no jantar.

— Estou orando por vocês! Deus está cuidando de cada detalhe, filho! Nunca duvide! — suas palavras penetram meu coração, através da ação da terceira pessoa da trindade.

— Assim seja, vó! — respondo — A Emily não tem ballet hoje, mas sairá da escola no fim da tarde. Se ela perguntar algo... — penso em alguma desculpa.

— Não se preocupe, Roy! Deixe a Em comigo. Cuide apenas da sua esposa!

Agradeço mais uma vez e desligo a ligação. Ligo a moto, coloco o capacete e voo pelas ruas de Paris. Pilotar é uma das minhas grandes paixões. O vento castiga as partes expostas da minha pele, mas eu não me importo. Só preciso espairecer um pouco antes de voltar para casa. À medida que a velocidade aumenta, lembranças de nossa conversa voltam, misturadas às memórias do passado.

𝗗𝗮 𝗩𝗮𝗿𝗮𝗻𝗱𝗮 | Em Paris [Livro 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora