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Melissa

_ Você já bebeu demais mocinha. - ouço Bruno falar em meio ao barulho do bar.

Ele tira o copo da minha mão e sinto vontade de dar um soco na cara dele, eu só tô bebendo há 3 horas. Não. 4 horas, isso.

_ A noite mal começou Bru. - passo meus braços em volta do seu pescoço pra inalar seu perfume.

Ele acaricia minhas costas com suas mãos e me sinto confortável.

_ Você é cheiroso. - dou risada e levanto meu rosto _ Quero você pra mim. - aponto pro seu rosto lindo.

Ele dá um sorriso de lado e acho maravilhoso.

_ Você já me tem, agora vamos. Hora do seu chocolate.

_ Mas eu nem dancei ali ainda. - aponto pro poste no meio do bar, ou é uma barra?

Acho que tô ficando cega. Bem que minha bisa avisou que eu seria como ela um dia.

Isso é tão engraçado.

_ Do que você tá rindo maluca? - ele tá perguntando, mas também tá rindo. Será que ele não sabe?

_ Eu esqueci. - só sinto vontade de rir e dançar.

Me solto dos braços do Bruno e corro em direção à pista. Pego copos das mãos das pessoas e viro sem me importar, até que consigo subir no degrau da barra.

Aqui é tão alto que parece que vou cair. A minha vontade de dançar só é interrompida por um palhaço no meio do povo. Ele deu um tapa nela?

_ Ei ei, seu babaca. - desço cambaleando e peço licença pras pessoas.

O homem ainda não me viu e acerta outro tapa no rosto da garota que parece me notar. Pego um balde de gelo em cima da mesa e jogo no babaca.

_ Você ficou maluca, sua puta? - começo a rir da sua cara de nervoso e seu corpo todo encharcado.

_ Qual é, tá calor puta. - ele se aproxima de mim, mas não saio do lugar. Custou tanto pra chegar até aqui, pra quê vou sair?

_ Tá precisando de uma lição, hum? - ele passa os olhos por todo o meu corpo e sinto que vou vomitar.

_ Eu não, já você tem que aprender a como respeitar uma mulher. - aponto pra moça.

_ Ela é minha, não tem o por que de você se meter.

_ A polícia tem um por quê, com certeza. - levo minhas mãos no bolso para pegar o celular e sinto meu cabelo sendo puxado.

_ Tá maluca porra?

_ Tira essa merda de mão cara, lavei meu cabelo hoje.

Ele nem deve conhecer a palavra higiene.

Sinto que fiquei sóbria no segundo em que sua mão me acertou um tapa.

_ Seu...

Não termino de falar porque ele já está no chão, com o Bruno em cima. Ele desfere socos em seu rosto e vejo uma multidão se aproximar. A mulher do homem não para de chorar.

_ Já chega Bruno, melhor chamar a polícia. - ele parece não me escutar, então aperto seu ombro levemente.

Ele olha pra mim e se levanta.

_ Eu já chamei a polícia, você precisa fazer um boletim de ocorrência, ok? - pergunta pra mulher e ela assente com a cabeça.

Minutos depois os policiais chegam e os levam para a delegacia. Fiquei comendo meu chocolate o tempo todo.

Vejo Bruno se aproximar e me levanto. Ele segura meu rosto com as mãos e passa os dedos levemente na minha bochecha. Tinha até me esquecido do tapa.

_ Me desculpa, eu demorei muito. Eu só quis ligar pra polícia primeiro. - nego com a cabeça.

_ Tá tudo bem, Bru.

_ Não, não tá. Olha o seu rosto.

Ele me olha com ternura e tristeza. Bruno sempre foi assim comigo, um simples arranhão se transformava em pedidos de desculpas de sua parte. Ele sabe que não preciso de proteção, afinal nunca me impediu de fazer minhas loucuras ou meus atos de justiça. Como hoje. Mas no fim, se eu saio machucada, ele sofre.

Eu nunca olhei para o Bruno de outra forma.

Nunca vi meu melhor amigo de outro jeito.

Mas, naquele momento, eu rezei aos céus para que ele continuasse me olhando dessa forma.

Será que o efeito da bebida ainda não passou?

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora