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Felipe

Estaciono meu carro na vaga do Miguel e caminho para dentro do hospital. Combinei de vir buscá-lo já que seu carro está no conserto e me surpreendo quando vejo Fernando saindo do prédio.

Bloqueio meu celular após avisar Miguel na entrada do prédio e vou até meu amigo.

_ Fernando! - grito e ele para de andar ao perceber minha presença.

_ Felipe? Tá fazendo o que aqui?

_ Vim pegar um amigo. E você?

_ Minha mãe passou um pouco mal agora de tarde e trouxe ela pra medir a pressão.

_ Como ela está? - pergunto preocupado.

_ Tá melhor, eles receitaram um remédio e ela tá tomando soro agora.

_ Quer que eu fique aqui com vocês?

_ Não precisa, pode sair com o médico.

Acabo rindo da sua suposição ser tão certeira.

_ Tá tão óbvio assim?

_ Que você gosta dele? Qualquer um consegue ver. - estremeço com sua sinceridade.

_ Eu não gosto do Miguel, pelo menos não do jeito que você pensa.

_ Você não para de colocar a mão no bolso desde que chegou aqui, tá esperando uma mensagem dele não é?

_ Não. - minto e foco meu olhar nos carros que passam em alta velocidade na minha frente.

_ Você tá mentindo, tá desviando o olhar.

_ Para de analisar meus movimentos!

_ É mais forte que eu.

_ Ser observador?

_ Não, olhar para você. É mais forte que eu.

Volto meu olhar para o seu rosto, tentando descobrir se ouvi certo ou se realmente estou imaginando coisas.

Não, eu não imaginaria uma coisa dessa.

Começo a rir de nervoso desejando dar meia volta e entrar dentro do meu carro para ir pra casa.

_ Desculpa, é que você falando como se... como se... - não consigo terminar minha frase pois parece surreal demais. _ Enfim, foi uma boa piada.

_ Como se eu gostasse de você? - completa o meu pensamento e solta uma risada amarga. _ Você não consegue mesmo perceber as coisas. - diz baixinho.

_ O que quer dizer com isso?

_ Eu quero dizer que... - sua voz sai firme e é a primeira vez que vejo seu olhar ser tomado de uma atitude desconhecida e me surpreendo quando seu corpo se aproxima do meu.

Espero que ele termine de falar mas seu olhar desvia para algo atrás de nós e o que vem em seguida me deixa mais surpreso. Fernando me beija de uma maneira desesperada e puxa minha cintura, me segurando firme para que eu não consiga nem ao menos me mexer para afastá-lo.

Me assusto quando seu corpo é empurrado para longe do meu e vejo sua boca ser cortada por um soco.

_ Miguel. - olha para o lado vendo seu rosto vermelho de raiva e sua mão se fechando em um punho, pronto para atacar novamente. _ Para Miguel, ficou louco? - entro na sua frente para tentar acalmá-lo.

_ Ele tava beijando você! - grita.

_ Fala baixo! Estamos na frente de um hospital e isso aqui é só um mal-entendido.

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