Quem eu amava?

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Lucas

Fecho a porta do quarto de visitas, agradecendo por finalmente ter conseguido fazer ela dormir. Acho que além da bebida, também estava esgotada mentalmente.

Vou para a cozinha preparar algo para comer quando escuto o barulho da campainha. Abro a porta e dou de cara exatamente com a pessoa que eu queria conversar, meu irmão.

_ Oi Lucas, desculpa aparecer assim essa hora mas a Melissa não atende o telefone e fiquei preocupado. - justifica e dou espaço para que ele entre.

_ Ela tá dormindo. - ele suspira aliviado. _ Senta aí, quero conversar. - aponto para o banquinho perto da bancada e ele assente.

_ Quer falar sobre o que?

_ Jorge. - Bruno parece ficar tenso de repente. _ Vai me contar o que tá rolando?

_ Já te disse, ele perdeu o emprego e tô dando uma força.

_ Ele não consegue arranjar outro? - debocho e ele revira os olhos.

_ Não é tão fácil assim, Lucas. - anuo e uma ideia me vem à mente.

Talvez se eu jogar um verde...

_ Vou facilitar pra você então, manda ele vim no restaurante amanhã. - cruzo os braços e observo sua reação.

_ Não! - ergo uma sobrancelha e ele começa a gesticular com as mãos, buscando palavras. _ Quer dizer, não precisa. Você vai se estressar com ele e... - continuo encarando-o e ele desvia o olhar. Sei que está me escondendo algo.

_ Pra um ótimo advogado, você entrega as coisas rápido demais. Desembucha Bruno, antes que eu mesmo vá até o fundo nessa história.

_ Não tem história, Lucas. Só quero resolver as coisas do meu jeito, fica fora disso.

_ Por que não deixa a Melissa fora disso também?

_ Do que tá falando? Ela está fora disso!

_ Tem certeza? Porque uma pessoa que bebe todas as noites pra esquecer essa merda de segredinho não parece estar por "fora". - faço aspas com as mãos erguendo meu tom de voz.

Seu semblante muda para surpresa e acho impressionante o quanto ele não sabe de nada que se passa na vida dela neste momento.

_ Tá acontecendo algo que não sei?

_ Meu Deus, você nem percebe.

_ É claro que percebo, Lucas! Sei que nosso namoro está uma merda, mas bebendo? Ela tá bebendo mesmo? - passa as mãos pelos fios do cabelos, andando para lá e para cá.

Sinto pena do seu olhar angustiado e tento tranquilizá-lo.

_ Calma, geralmente estou com ela e não deixo que passe dos limites. Menos ontem que ela estava preocupada com uma possível reprova na faculdade e bebeu além da conta. - penso alto e me arrependo ao ver seu olhar de culpa.

_ Ela pode reprovar na faculdade?

_ Não. - dou uma risada sem graça. _ Sim.