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Fernando

Passei o fim de semana todo tentando evitar meus pais e seus questionamentos sobre o por quê decidi vir para casa sem nenhum motivo específico. A verdade é que meu apartamento está com lembranças do Pietro para todo o lado e não quero ter de enfrentá-las agora.

Ele me mandou algumas mensagens na sexta à noite, mas preferi não respondê-las e torcer para que ele entenda o que estou tentando fazer.

Desço para tomar café da manhã e vejo meu pai lendo seu jornal enquanto minha mãe está no telefone conversando com alguém. Vou até o armário pegar uma xícara e começo a me servir.

_ E como ele está agora?... Entendi... Meu Deus, que tragédia... Um menino tão novo né, mas irei visitá-lo. - ouço minha mãe falar e meu pai me olha.

_ Nós precisamos conversar, filho. - diz sério e apenas aceno com a cabeça. _ É sobre Pietro.

Olho para meu pai assim que ouço seu nome e ele sorri compreensivo, me deixando apavorado sobre o que ele sabe.

Sempre tive uma relação saudável com os dois, mas meu pai era meu melhor amigo, a pessoa que me conhecia e sabia ler qualquer sinal que eu dava. Ele me entendia como ninguém.

Já com minha mãe, bom, era difícil atender às duas expectativas.

Respiro fundo ao sentar no sofá do escritório e o espero fechar a porta, claramente não querendo que minha mãe nos ouça.

_ Eu queria respeitar seu pedido, mas sei que merece saber. - faz uma pausa antes de continuar. _ Na sexta-feira feira à noite, Pietro sofreu um acidente de moto.

Meu chão pareceu se abrir bem nesse momento.

_ O quê?

_ Ele quebrou a perna, mas já está bem e... - não deixo que ele termine e vou em direção à porta. _ Aonde você vai?

_ Pro hospital, preciso ver ele.

_ Você não pode ir, filho. - ele segura meu braço me olhando com pena e estranho. _ Ele não quer te ver.

_ O quê? Impossível! - tento me soltar mas ele apenas me puxa para sentar novamente. _ O que tá fazendo pai? Eu preciso ver ele!

_ Não sei o que aconteceu entre vocês, mas ele não te quer lá.

_ Eu não acredito em você. É o Pietro, ele sempre quer me ver. - tento convencê-lo, mas nem eu mesmo tenho certeza desse fato mais.

_ Sei que ele gosta de você, Fernando. Também sei que você está confuso sobre isso e não sabe como agir, mas o amor não é algo tão complicado filho.

_ Ele é mais novo que eu, pai. Eu praticamente o vi crescer, isso seria...

_ Totalmente compreensivo. - olho surpreso para ele. _ É isso que seria.

_ O senhor não está chateado?

_ Porque eu ficaria? Porque você gosta de homens? - aceno com a cabeça.

_ Sei das expectativas que tem sobre mim. Elas incluem netos, uma nora perfeita e um emprego dos sonhos como cientista. - repito o que uma vez ouvi meus pais dizerem e ele me olha com pesar.

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora