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Gabriel

Bebo mais um copo de café, me sentindo extremamente ansioso por não receber notícias há mais de uma hora.

_ Era pra demorar tanto assim? - questiono Felipe que parece tão ansioso quanto eu.

_ Eu não sei, Miguel?

_ Uma Histerectomia Total leva cerca de duas horas, se acalmem. - responde calmamente e respiro fundo.

Observo o médico se aproximar do meu amigo e segurar suas mãos enquanto sussurra algo em seu ouvido que o faz concordar sutilmente.

Melissa e Lucas chegam logo em seguida com copos de cafés e bolinhos, porém não sinto a mínima vontade de comer.

Eu só quero saber se tá tudo bem.

Exatamente duas horas depois - sim, eu contei - uma enfermeira aparece avisando que a cirurgia foi um sucesso e Yuna já está sendo levada para o quarto.

_ Eu posso ver ela? - pergunto ansioso.

_ O senhor terá que esperar mais algumas horas, sinto muito.

Anuo a contragosto e me sento novamente nas poltronas da sala de espera. Nossos amigos saem para almoçar e permaneço ali esperando, caindo no sono algumas vezes mas logo acordando com a movimentação nos corredores.

Coloco a mão no bolso e me sinto mais calmo ao sentir a caixinha de veludo que possui a coisa mais valiosa que já comprei, uma aliança de noivado. Depois que completamos dois anos de namoro há poucos meses, não me restava dúvidas de que era com Yuna que eu queria passar o resto da minha vida, ela é o amor da minha vida.

Saber sobre sua cirurgia me deixou tão abalado porque parecia que um sonho estava sendo tirado dela, o sonho de ser mãe, e eu não podia fazer nada para impedir.

É claro que ainda tenho esperança de conseguirmos construir uma família juntos, mas ver a dor em seu olhar por não conseguir mais gerar uma criança me quebrou por dentro. Venho tentado transparecer calma e confiança para Yuna, mas no fundo estou sofrendo junto com ela.

Porque assim como sua alegria é a minha, sua tristeza também é.

_ Cara, você tá chorando. - ouço Lucas e só então percebo o que estou fazendo.

Chorando feito um bebê.

_ Acho que isso tava guardado há muito tempo. - respondo em meio às lágrimas e ele me abraça.

_ Vai ficar tudo bem com a Yuna, você vai ver.

_ Eu só quero que ela seja feliz.

_ Ela já é porque tem você, só precisam passar por mais isso e tenho certeza que a felicidade vêm novamente.

Concordo e escondo meu rosto com as mãos para poder chorar mais.

[...]

Entro no quarto e assim que me vê, Yuna sorri erguendo os braços lentamente pedindo por um abraço.

Acho que finalmente consigo respirar.

Vou ao seu encontro e a abraço com cuidado, beijando sua testa sutilmente e segurando as lágrimas que querem cair ao ver ser corpo parecendo tão frágil agora.

_ O médico disse que a cirurgia foi um sucesso, mas você tá bem?

_ Tô sim, não se preocupa.

_ Diz como se isso fosse possível. - falo o óbvio e ela solta uma risada, ficando séria em seguida.

_ Agora é realmente verdade, oppa. Eu não posso mais gerar uma criança, então se você...

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora