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Yuna

Começamos a correr na direção dos gritos, que a cada segundo ficava mais baixo, quando de repente Gabriel para.

Olho na mesma direção que ele e encontro uma garota - praticamente nua - atrás de um quiosque. Corro até ela, observando melhor que suas pernas estão cobertas de sangue e sua intimidade está coberta apenas por uma das suas mãos.

Ela sussurra um pedido de socorro e rapidamente tiro o moletom e uso para cobri-la.

_ Precisamos levá-la para um hospital! - falo e só agora percebo que Gabriel não está do meu lado.

Ele continua atrás de mim.

Me viro e o encontro parado, olhando para a garota encolhida no chão. Ele não move um músculo sequer e vou na sua direção.

_ Gabriel? - fico na sua frente, tampando sua visão.

_ Eu não consigo.

_ Não consegue o quê?

Ele finalmente olha nos meus olhos e começo a fica preocupada com o que suas íris castanhas parecem transmitir.

_ Me mover, Yuna. Eu quero vomitar.

Sua voz sai baixa e seu peito sobe e desce rapidamente. Tento segurar suas mãos e percebo que ele está tremendo.

_ Tá tendo um ataque de pânico!?

_ Acho que... - respira pela boca. _ que sim.

Começo a ficar desesperada e não sei o quê fazer.

Eu nem sei dirigir pra nos tirar daqui.

Olho para trás novamente e vejo a feição de dor da garota. É isso, preciso de uma ambulância.

_ Oppa, fica olhando para mim. Tudo bem? - ele anui. _ Vou ligar para uma ambulância e tentar te ajudar.

Ao completar a ligação, peço para que Gabriel sente e feche os olhos. Pego minha bolsa e coloco a cabeça da garota em cima dela, oferecendo um pouco de água da garrafinha que estava carregando.

A dor que ela está sentindo parece ser minha e a cada minuto que se passa ela dobra mais os joelhos e chora descontroladamente.

Intercalo meu olhar entre os dois e vejo Gabriel inspirar e expirar pela boca, porém acho que o choro da garota o desconcentra.

Será que ela foi o motivo?

A ambulância chega alguns minutos depois e passo o número do meu telefone para os paramédicos, pedindo notícias assim que ela for atendida.

Agora minha atenção terá que estar focada toda nele.

_ Gabriel? - seguro seu rosto com as mãos e sinto suas lágrimas me molhar. _ Ela já foi, já passou.

Ele aperta os olhos com mais força e chora ainda mais.

Eu não sei o que fazer para ajudar alguém nessas situações.

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora