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Felipe

Retribuo o beijo do homem que conheci há cinco minutos no bar e tento parar de pensar em tudo o que aconteceu, porém ele não me excita.

Ele não faz do jeito que o Miguel faz.

Me afasto frustrado e saio do banheiro sem sequer pedir desculpas, apenas quero encontrar um lugar aonde minha mente descanse. Começo a caminhar sem rumo pelas ruas com minha garrafa de vodka nas mãos e paro em frente ao seu apartamento.

Eu gravei exatamente todas as ruas que devo pegar pra chegar até ele.

Sorrio comigo mesmo me achando um idiota de vir até aqui depois do que aconteceu aquele dia. Miguel tem me ignorado desde então e eu ainda não tinha coragem de encará-lo.

Porque se eu o encarasse, acabaria falando demais.

Acabaria dizendo que preciso dele comigo e que vê-lo machucado aquele dia me desesperou tanto que não soube lidar corretamente, e no fim disse as piores palavras possíveis.

Pego meu celular no bolso e disco seu número, torcendo pra que ainda esteja acordado já que acabou de chegar do plantão.

Gravei até seus dias de plantão no hospital.

Ligação on:

_ Oi Lipe. - percebo seu cansaço na sua voz e olho para cima, procurando a janela do seu apartamento.

_ Eu tô na frente do seu prédio.

_ Por que?

_ Porque eu tô fodidamente bêbado e só consigo pensar em você. - confesso rindo.

_ Deveria ir pra casa, está tarde.

_ Quero ver você, mas com certeza perdi esse direito com minha atitude naquele dia.

_ Você não mentiu, eu entendi.

_ Eu quero uma música.

_ O que?

_ Quero que a gente tenha uma música para nos definir. - dou risada do quão brega estou sendo agora. _ Quero que você tenha uma biblioteca só para mim na sua casa e que façamos tatuagens de casais juntos. Acho que eu tô muito bêbado, não tô?

A linha fica em silêncio e penso que devo tê-lo assustado.

Mas eu não menti.

Posso não saber o que significa querer viver tantas coisas com ele, mas tenho certeza que se não for com ele eu não quero mais ninguém.

Me viro para atravessar a rua e ir embora mas sou impedido por alguém segurando meu pulso sutilmente. Sorrio sabendo exatamente quem é e giro meu corpo para poder vê-lo melhor.

_ Não tem esse direito! Não pode vir aqui e mexer com meu coração desse jeito se não vai arcar com as consequências! - me repreende e vejo sua respiração acelerar quando me aproximo.

_ Me desculpa ter dito que você não era meu namorado, quando eu queria que fosse. Me desculpa ter te afastado diversas vezes, quando o que eu mais queria era te ter por perto. E me desculpa ter ignorado seu amor por mim, quando...

_ Quando...? - pergunta e fico calado. _ Ah não Lipe, não para de falar agora!

Dou risada do seu desespero e abraço sua nuca, quase colando nossos corpos.

_ Quando eu queria amar você. Nunca senti isso por ninguém antes então não sei o que é amar outra pessoa, mas quero aprender. Eu quero aprender tudo com você, Miguel. - ele sorri me abraçando apertado e me sinto mais tranquilo quando inalo seu perfume.

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora