121

7 1 0
                                    

Gabriel

_ Não pai, eu quero duas. - Helena diz enquanto desfaço a trança que havia começado, dividindo seu cabelo em duas partes.

_ É alguma ocasião especial hoje?

_ A professora vai nos levar ao teatro.

_ É mentira, pai. Ela está se arrumando pro Gael. - Heitor aparece na sala, todo perfurmado.

_ Fica quieto, Heitor! Eu me arrumo para mim mesma!

_ Mas ele te deu flores na semana passada que eu vi!

_ Pode parar vocês dois em! Não é legal contar sobre a vida de alguém assim, filho. Mesmo que seja sua irmã. - ele cruza os braços e vejo Yuna aparecer na porta. _ E tudo bem ser vaidosa filha, mas fique longe dos garotos por enquanto.

_ Isso mesmo, se preocupem apenas com os estudos. - minha esposa abraça Heitor e sorrio com seu incentivo.

_ É hoje o pedido de casamento, pai?

_ Sim, você vai ajudar seu tio?

_ Eu não gosto dessa breguice toda, mas a tia Melissa merece.

_ Não é breguice, Heitor. É romance, igual nos livros que a mãe lê. - amarro as pontas do seu cabelo com dois laços e ela me abraça. _ Você é o melhor cabeleleiro!

Retribuo seu carinho e me sinto grato por finalmente conseguir arrumar seus cabelos, já que nos primeiro meses só faltava Helena chorar do quão bagunçado eles ficavam.
Vamos todos para a mesa tomar o nosso café da manhã e as crianças aproveitam para contar sobre suas aulas na academia, a dança e o judô sendo as duas paixões de Heitor, e o balé para Helena.

Nos primeiros meses, após conseguirmos as suas guardas, foi difícil nos acostumarmos a ser uma família e estar presentes, já que meu trabalho era corrido e Yuna praticamente virava a noite trabalhando na editora. Tivemos que procurar, aos poucos, algo que agradasse e os motivasse para que não ficassem entediados em casa.

Hoje em dia é mais fácil para nós dois conciliarmos nosso tempo em família com o trabalho, mas as crianças ainda preferem ficar com meus pais durante a semana e sabemos o por quê.

Minha mãe os mimam demais.

Deixamos as crianças na escola e voltamos para casa, desejando aproveitar nosso tempo sozinhos. Desde a sua cirurgia, Yuna e eu não conseguimos ter relações sexuais frequentes, e por muitos meses isso foi algo que nos deixava desconfortáveis e constrangidos na frente um do outro.

Mas após procurar saber mais sobre, compreendemos que não havia nada de errado no nosso relacionamento e que os nossos sentimentos um pelo outro não haviam mudado. O corpo de Yuna estava mudando e precisávamos nos adaptar à isto, buscando novas formas de prazer e respeitando seu tempo.

Nosso relacionamento nunca foi baseado em sexo, existia amor, cumplicidade, respeito, carinho e parceria envolvidos entre nós dois.

Passar um tempo com a nossa família, vibrar na arquibancada em cada jogo meu, pedir um autógrafo e fotos em cada lançamento de um livro seu, curtir todas as festas juninas da cidade, conhecer cada país da nossa lista, comemorar os aniversários dos nossos filhos.

Cada segundo que dedicávamos à esses momentos, aumentava o nosso amor.

Era isso que mantinha o nosso casamento vivo.

Doar cada segundo do nosso tempo para fazer um ao outro feliz.

Bruno

Observo a movimentação do lado de fora da escola de Alicia e logo a vejo sair correndo até mim.

_ Pai! - grita animada e abaixo para ficar na sua altura.

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora