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Melissa

_ Adivinha quem está grávida? - Gabriel pergunta e sei que lá vem mais uma fofoca.

Estamos sentados na sala de estar, enquanto nossos pais jogam truco e apostam sem parar no jardim. Nossas mães tentam fingir que é apenas um jogo, mas a mãe do Fernando já bateu três vezes na cabeça do marido por perder dinheiro que "já estava na mão".

_ Quem? - Lucas pergunta, aposto que deve estar com medo de ser o pai.

Ele era o típico "pega e não se apega" do ensino médio, dispensando qualquer garota que se apaixonasse por ele. Infelizmente, já fui uma dessas e, felizmente, ele nunca soube.

Gabriel não era tão diferente, mesmo sendo mais velhos que nós, frequentava algumas festas da turma junto com o Lucas.

Esses dois eram terríveis.

Porém, totalmente responsáveis.

Gabs, por exemplo, nunca faltou à um treino e levou isso muito a sério desde muito novo.

Lucas e eu trabalhamos desde os 16 anos e, por mais que eu adore achar motivos para provocá-lo, sei o quanto sua família é importante para ele.

_ A Vanessa cara, dá pra acreditar?

Vanessa era uma garota da nossa turma que aproveitava bastante o seu título de solteira, porém dava em cima de diversos garotos comprometidos e, por isso, ficou mal falada.

_ Puta merda, tá de quantos meses?

Não me aguento e começo a rir, o filho pode mesmo ser do Lucas?

_ Felipe, você já pode coletar sangue para exames? - pergunto ao meu irmão e ele tira a atenção do livro que estava lendo com o Fer.

_ Vocês podem ser os pais? - pergunta e sei que quer rir tanto quanto eu.

_ Vira essa boca pra lá mano, a cria já tem pai. - Gabs diz e vejo Lucas relaxar. Ridículo.

_ Quem é? - pergunto e percebo que Yuna dormiu no meu colo.

_ O Juninho.

_ Aquele que a Melissa pegou? - fuzilo Lucas com o olhar.

_ Não foi só eu, Felipe também.

_ Eu o quê?

_ O garoto do baile, lembra?

_ Ah sim. - ele dá de ombros e decido o deixar quieto, a leitura deles parece muito interessante.

_ Eu também peguei, os dois ainda. - Gabriel ri da sua própria fala. _ Será que posso ser o padrinho?

_ Pra quê? Quer pegar o filho também? - dou risada do que o Lucas fala e percebo que o Bruno saiu da sala.

_ Já volto. - coloco a cabeça da Yuna na almofada e vou na direção das escadas.

Encontro Bruno saindo do banheiro e sinto cheiro de cigarro.

_ Você ainda fuma? - ele se assusta, mas logo sorri.

_ Eu tô parando.

_ Como se para de fazer algo, fazendo? - pergunto ironicamente e ele me abraça.

_ Sei que você não gosta, foi mal. - ele coloca seu queixo no topo da minha cabeça e ficamos abraçados assim, no meio do corredor.

No ensino médio, quando gostava do Lucas mais do que tudo, eu me perguntava se não queria o irmão errado. Fala sério, o Bruno sempre foi um príncipe comigo e o Lucas, um verdadeiro sapo.

Em contrapartida, dizia para mim mesma que era melhor assim. Se eu gostasse do Bruno, estragaria nossa amizade.

Preferia ser dispensada mil vezes pelo Lucas, do que ver o Bruno me tirar da sua vida.

[...]

Desço para tomar café da manhã, me preparando para mais um dia de faculdade. Estou no primeiro semestre de Direito, amando a cada dia mais essa escolha que fiz.

_ Bom dia. - desejo ao me sentar para comer.

_ Bom dia Mel, vamos sozinhas hoje. - Yuna diz, tomando um copo de suco. _ Felipe não tem o primeiro período.

_ Tudo bem, sou uma ótima motorista também. - falo com orgulho.

_ Presta atenção nas pessoas atrás Melissa, eles não tem culpa de você ser péssima com a ré. - meu pai diz e Yuna acaba engasgando com o suco.

_ Pai! Tá assustando ela! - bato nas suas costas.

_ Ele só está falando a verdade filha. Você tem sorte que o pai do Gabriel é dono daquela auto escola.

Reviro os olhos com a fala da minha mãe.

Tudo bem que posso cometer alguns erros a mais que os outros motoristas, mas tenho todo o cuidado do mundo.

O máximo de pessoas que já machuquei foi o Gabriel. Ele me dava algumas aulas práticas, porém em uma dessas, ao tirar o carro da vaga acabei o atropelando de raspão.

Fiquei aliviada por ele não ter torcido, quebrado ou deslocado algum osso. Um atleta deve estar em perfeito estado, ainda mais um jovem como ele.

Yuna ainda me olhava de maneira desconfiada e eu a correspondia com meu sorriso mais tranquilizador.

Não era preciso tanto pânico, já tenho carta há 3 meses.

Afinal, não conseguiria ela se não fosse boa, né?

Quem eu amava? Onde histórias criam vida. Descubra agora