O dia passou lentamente. Ao final Akemi nem mesmo sentia seu corpo como deveria, cada parte dele latejava e doía, cada passo que dava em direção ao seu quarto era insuportavelmente doloroso.Até mesmo deixou de lado o jantar para que pudesse encontrar com Kondo em sua sala. Matsui havia conversado com o professor sobre as lágrimas da garota em sua aula, o que o fez querer vê-la. Mesmo desacreditado que surtiria efeito, Akemi decidiu reorganizar seu horário para encaixar algumas sessões de meditação.
Mais trabalho.
No entanto, seu árduo dia ainda não havia se encerrado oficialmente, ela ainda teria que ir ao Vale dos Bambus para se encontrar com os gêmeos. A menção do treinamento de Hikari fez seu corpo tremer. Sem surpresa, Hikari era menos assustadora que Endo, mas a garota era persistente e não economizava voz quando tinha que urrar em seu ouvido.
Olhou para baixo ao sentir suas pernas pinicarem, um par de olhos dourados a olharam de volta.
ㅡ É, eu devo estar realmente cansada ㅡ murmurou.
O percurso até o dormitório foi confortavelmente calmo e silencioso, Yoi desistira de caminhar sobre suas quatro patas e decidiu ficar ao redor do ombro de sua dona. Como de costume não haviam muitos aprendizes a vista, mas diferente das vezes que ia até seu quarto, ela conseguia escutar as vozes baixas vindo dos quartos pelo qual passava, sua audição estava se aperfeiçoando.
Ao chegar à porta de seu quarto, as vozes desconhecidas foram ofuscadas pela voz de Hikari. Akemi abriu a porta em um movimento brusco.
Yoki estava encostada na escada da cama da Akemi, seu semblante estava carrancudo e mesmo que sua aparência ao todo estivesse alinhada, sem surpresa, ainda parecia cansada.
Nas almofadas ao lado direito da entrada, estava Hikari, sentada com as pernas cruzadas e a coluna ereta, seu kimono azul parecia uma capa com a barra espalhada pelo tatami. Sobre a mesa baixa a sua frente havia um bule e uma xícara posta sobre um pires de cerâmica, enquanto outra xícara estava entre as mãos de Hikari.
ㅡ O que faz aqui? ㅡ Indagou Akemi para a garota, fazendo com que ela a olhasse de esguelha.
ㅡ Não a vi no jantar. Achei que estivesse precisando de algo.
Akemi abriu a boca para responder, mas Yoki a cortou com um pigarreio.
ㅡ Não sabia que a definição de gentileza se encaixava na família Ishii.
Hikari mudou sua atenção para a garota do outro lado do cômodo. Por um breve momento Akemi achou que ela iria arremessar sua xícara em Yoki, mas para sua imensurável surpresa, ela sorriu.
Não um sorriso bom.
ㅡ Ao menos sabe preparar chá, parabéns! ㅡ Hikari olhou para Akemi. ㅡ Sua adorável companheira de quarto preparou chá para você. Sugiro que experimente antes de irmos. Está muito bom!
Yoi saltou dos ombros de Akemi, roubando a atenção de Hikari que levantou xícara em saudação à raposa. Yoi sentou ao lado dela.
ㅡ Francamente ㅡ Akemi murmurou para a cena das duas agindo como velhas amigas, como se Yoi não tivesse tentado dilacerar a jugular da outra e tivesse ganho uma corrente em torno do pescoço como brinde da tentativa.
Ao tirar o all star e colocá-lo ao lado dos coturnos pretos de Hikari no pequeno armário na entrada, Akemi foi se sentar na almofada ao lado da garota, sentido o olhar de Yoki sobre si.
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IY- Ao Cair Da Noite
Random[EM PAUSA] Deixada num orfanato moribundo em Nova York aos 7 anos de idade, Akemi Watanabe foge do casarão mofado para viver como batedora de carteira nas ruas. Agora, 10 anos após a morte da mãe e o abandono da tia, ela continua sobrevivendo co...