CAPÍTULO QUARENTA E DOIS

41 7 0
                                    

  
   O decorrer da aula de Cultivo foi uma sequência de desastrosas tentativas em fazer escudos que exercessem cem por cento de sua capacidade. Cada tentativa fracassada dava a Akemi um gratuito olhar de presunção enviada dos aprendizes que assistiam. 

   Ao final da aula Akemi se sentiu aliviada ao ver os aprendizes saírem da sala, permitindo que ela respirasse normalmente novamente. 

   Conforme os jovens meio-youkais iam até a saída, Akemi caminhou até o centro do salão, se mantendo ali enquanto esperava que Kyota ㅡ sentado graciosamente no tablado ao fundo ㅡ lhe dissesse o que fazer.

   ㅡ Irmãos Ishii ㅡ chamou o professor ao vê-los se aproximarem de Akemi. ㅡ Quero vocês dois fora desse sala.

   A mudança de expressão no rosto de Hikari foi quase grotesca em resposta às palavras do homem.

   ㅡ Como é? ㅡ Questionou, sua voz aumentando três tons diante da indignação. ㅡ Não pode nos pedir isso.

   ㅡ Não posso pedir que vocês dois se separem ㅡ retrucou Kyota indicando os irmãos com o indicador. ㅡ Já que são praticamente siameses. Mas além da ligação que as une, não é do meu conhecimento qualquer coisa que possa fazer com que você e a srta. Watanabe também sejam. — Ele deitou de lado no tablado, apoiado a cabeça na palma da mão. Com um sorriso de canto, disse: ㅡ Corrija-me se estiver errado.

   Akemi pode imaginar com extrema facilidade Hikari atacando o professor por ter sorrido daquela forma com um olhar presunçoso estampado no rosto. A julgar pela onda agressiva que impregnou a ligação, teve certeza que sua imaginação não estava completamente equivocada.

   Entretanto, Hikari não havia chegado ao rank de prestígio a qual chegou sendo descuidada, contando apenas com suas habilidades em combate e seu ótimo desempenho. 

   Hikari piscou vagarosamente, respirou profundamente antes de abrir os olhos novamente. Quando o cinza-azulado voltou a aparecer, estavam visivelmente serenos, contidos.

   Kyota pareceu decepcionado pela agressividade recém-controlada.

   ㅡ Não vou deixá-la sozinha com o senhor.

   ㅡ Não irei mordê-la, srta. Ishii ㅡ retrucou ele, cômico, jogando o cabelo para trás do ombro.

   Algo nas reações do professor fizeram com que Akemi se lembrasse de Kurama, talvez fosse a forma ladina de agir ou a atitude que parecia responder ao duplo sentido que havia em tudo o que fazia, como se o que dissesse não coincidisse com o que pensava, resultando em mudanças bruscas. Também havia o olhar de cientista maluco.

   ㅡ Mas se é isso que a preocupa, não precisa mais, pois não estaremos sozinhos. ㅡ Com o queixo fino Kyota indicou a entrada. ㅡ Ele nos fará companhia.

   Akemi, assim como os gêmeos, olharam simultaneamente para a entrada. O letreiro sobre a porta estava iluminado com uma coloração acinzentada, estampando um grande "INOUE HIDEKI". O dono do nome cruzou a cortina esquisita em um timing perfeito, causando uma entrada triunfal. 

   O rapaz possuía cabelo escuro, mas não parecia preto, era mais acinzentado mesmo diante a iluminação do salão. A pele pálida do rosto era marcada com desenhos negros que se pareciam com tatuagens: uma na testa que se assemelhava a uma tiara, composta por uma linha fina na horizontal e três espinhos superiores e inferiores na vertical, o do meio, localizado no centro da testa, sendo maior. Uma fenda negra, fina, localizada abaixo de cada olho. Olhos estes que tinham escleras negras e íris vermelhas.

   Hikaro bufou, mas quem se pronunciou foi Ren. 

   ㅡ Só pode estar de brincadeira!

   O rapaz vestido com um sobretudo negro extremamente peludo não pareceu se importar por não ser recebido com boas vindas calorosas. Ao invés disso levou o canudo do seu copo do Starbucks até os lábios arroxeados e tranquilamente bebeu o conteúdo. 

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora