CAPÍTULO TREZE

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Akemi passou a manhã no jardim pessoal em ruínas. Ela não se importava se ali era um lugar proibido, ela só queria algum lugar que pudesse pensar em paz. Ela tinha tantas dúvidas que nem mesmo sabia como formar uma teoria para se sentir menos perdida. Desta vez seu barco estava quase naufragando.

Cada uma das lembranças que ela puxava de seu baú eram das histórias ruins e assustadoras que lhe era contado quando criança sobre os hogosha. Histórias que faziam com que Akemi acordasse assustada e corresse para dormir com sua mãe, histórias que a fizeram temer o escuro durante anos.

Akemi passou a manhã se indagando se sua mãe e tia fugiram da Academia após descobrirem o quanto o Instituto era um poço de imundície e que por isso passaram a vida fugindo. No entanto, havia contrapartidas nessa teoria como o nascimento dela, e havia tanta coisa que ela não sabia, tantas informações omitidas.

Mas de uma coisa Akemi teve certeza, as irmãs estavam fugindo de algo, ou alguém.

Pela décima vez em cinco minutos ela olhou para o anuário na outra ponta do banco de concreto sujo. Desistiu finalmente de sua relutância em abri-lo novamente e voltou a abrir na imagem de Yumi e Nara. Com as pernas contra o peito, apoiou sua cabeça nos joelhos ao estender a mão para passar os dedos nas imagens.

Ela balançou a cabeça para afastar as lágrimas de saudade. Assim que seu olhar se fixou no anuário novamente, ela notou pela primeira vez uma trança dourada e achatada no meio do livro, como um marcador.

Com uma nova curiosidade surgindo, ela puxou o marcador, saltando parte do anuário até o meio dele onde assim como dos Inativos havia escrito: "Secundário dos Ativos". Assim que ela passou a página, sentiu o frio subir por sua coluna.

Com seu cabelo preto brilhoso penteado para trás e seus olhos cinza escuros, a reitora Ikeda Naomi estava muito jovem, mas ainda assim já possuía aquele olhar cortante e características faciais marcadas que tornava confundi-la um ultraje. Abaixo do seu nome estava um "Classe A", assim como o do rapaz ao lado, que Akemi reconheceu antes de ver o Yamada Fuyuki identificando-o.

Akemi suspirou exageradamente ao folhear mais uma vez, imaginando se eles eram naquela época tão pés no saco como eram na atualidade.

Passou seus olhos pelas duas primeiras filas de aprendizes na página seguinte, não havia nada de novo em suas expressões ㅡ que iam desde desinteresse nítido, a foto de identidade. Assim que chegou no centro da terceira fileira, não pôde conter a surpresa. Endo Hayashi parecia outra pessoa, era impossível ver na garota de cabelos acinzentados, presos em uma trança embutida que se abria para quatro menores e caiam sobre seus ombros, olhos cinzas brilhantes com os cantos levemente franzidos devido ao enorme sorriso que estampava seu rosto como se tivessem lhe contado a piada mais engraçada do mundo, a mulher rígida e fria que havia a agredido em prol da aprendizagem através da dor. Se não fosse pelo nome identificando-a, Akemi jamais iria associar a jovem garota que parecia tão leve e feliz com a Mestra que nem mesmo aparentava saber o que era felicidade.

De repente Akemi se viu triste pela mulher, não tinha ideia de como havia sido sua vida para que deixasse de sorrir daquela forma. O que acontecera para que o brilho nos olhos de Endo desaparecesse sem deixar vestígios de sua existência.

Com o sol alto, ameaçando queimar sua cabeça, Akemi fechou o anuário e deixou para trás o jardim pessoal ao ir de volta para o dormitório. Assim que quase perdeu a funcionalidade de suas pernas ao subir para seu andar, pegou algumas roupas e tomou uma bela ducha.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora