CAPÍTULO QUARENTA E SETE

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   Akemi teve que assinar uma enxurrada de papéis pois era a segunda vez que ela mandava alguém para a enfermaria. E a julgar pelo olhar mordaz que recebeu de uma das hogosha que cuidavam dos feridos, ela pareceu não estar muito contente com Akemi.

    Agora Akemi estava sentada junto aos gêmeos em um canto da enfermaria, esperando serem dispensados.

   ㅡ Queimaduras de 3° grau ㅡ informou a mulher de orelhas pontudas e rosto rosado, entre dentes. O rosto contorcido em uma carranca horrenda enquanto analisava a pele muito ferida dos braços de um Inoue desacordado. ㅡ Há tempos nossos aprendizes não sofrem esse tipo de queimadura! Sorte que esse rapaz tem habilidades formidáveis, está se curando sozinho, caso contrário… ㅡ ergueu o olhar ácido para o professor Kyoto, parado ao lado da porta fechada da entrada. ㅡ Você estaria muito encrencado.

   ㅡ Tive meus cuidados ㅡ retrucou o professor com uma expressão lívida no rosto. Ao perceber a fúria da enfermeira, acrescentou em seguida: ㅡ Em escolher ele para as aulas. 

    A mulher rosnou para ele.

    No entanto, ela não atacou o professor ou verbalizou o quanto acreditava na irresponsabilidade de Kyoto, porque antes disso, sua atenção foi levada a outro lugar. Os olhos azuis da mulher pararam em Akemi, que esperou ansiosamente pelos milhões de sermões que levaria, mas que não chegaram.

    ㅡ Você, mocinha ㅡ disse, a irritação sumindo do seu rosto e dando lugar a preocupação. Ela saiu do lado de Inoue e se aproximou de Akemi, abaixando-se enquanto olhava fixamente para algum lugar atrás da orelha de Akemi. ㅡ Você está sangrando.

    ㅡ O que? ㅡ Indagou Akemi, a voz rouca. Ergueu a mão direita para tocar atrás da orelha, depois desceu. Os dedos voltaram vermelhos. ㅡ Oh! Nem notei.

   ㅡ Nem eu ㅡ retrucou a enfermeira, confusa. ㅡ Vem comigo, deixe-me ver isso.

    Com um olhar de esguelha para Hikari, que estava com a testa franzida, Akemi deixou ser conduzida pela mulher de branco até uma das macas. Se sentou confortavelmente e conteve a vontade de afastar a hogosha quando está colocou o cabelo de Akemi para cima, expondo involuntariamente a parte inferior que estava em completos fios negros, se destacando no branco.

    ㅡ Aqui está ㅡ a enfermeira pareceu feliz por encontrar o ferimento de Akemi antes que esta morresse de hemorragia. ㅡ Há um corte bem fundo aqui. Você está sentindo dor? 

   A enfermaria estava em um silêncio tão mórbido que Akemi desejou poder dizer algo sarcástico para quebrar aquela atmosfera pesada, mas ela não tinha nada a dizer, na verdade, ela não tinha sentido aquele corte ali e ainda não o sentia.

   ㅡ Não. 

   Sua resposta fez com que a mulher franzisse o cenho.

   ㅡ Talvez tenha sido feito quando fui arremessada contra a parede ㅡ acrescentou Akemi abruptamente. Não havia nenhum motivo específico para ter dito aquilo, simplesmente escapou. Talvez ela quisesse que a mulher ficasse tão irada com o professor a ponto de expulsá-lo da enfermaria. 

   E ela conseguiu o que queria.

   A enfermeira de olhos azuis olhou incrédula para Kyoto, depois sua expressão se tornou fúria.

   ㅡ Qualquer um que não esteja ferido, saia da sala ㅡ disse, sem tirar os olhos do homem. ㅡ Cuidarei dos meus pacientes agora.

    ㅡ Sou o laço dela ㅡ informou Hikari abruptamente para a enfermeira, se colocando de pé.

    ㅡ Se ela não se opor, não há porque eu não concordar. ㅡ Desviando o olhar do professor para o rosto de Akemi, a mulher esperou uma manifestação dela.

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