O voo durou quatorze horas. Eles aterrissaram assim como o esperado, às quatro horas da manhã na pista do aeroporto de Tóquio. Porém, havia algo que Akemi não esperava.Assim que desembarcaram foram recebidos por quatro desconhecidos. Eles usavam roupas escuras ㅡ calça preta, camiseta gola alta, sobretudo longo com espirais cinza desenhadas no tecido e coturnos pretos ㅡ, o que os deixava com porte de guarda-costas. Mari e Shin se encarregaram de falar com eles e logo depois o grupo foi dividido em carros blindados com vidros fumê e partiram, seria mais uma hora sentados até o destino.
Que maravilha, Akemi lamentou, seu traseiro já estava dormente.
Mari foi em um carro com três dos novos escoltantes ㅡ que Akemi descobriu logo depois, sem surpresa, serem hogosha ㅡ, enquanto dividiu um carro com Kurama, Shin e um desconhecido. Durante o percurso eles pararam uma vez para irem ao banheiro, onde permitiram que ela trocasse de roupa e comesse algo, depois continuaram todo o caminho em completo silêncio.
Akemi esperava encontrar um lugar físico que pudesse dizer: "Ora, que belo lugar. Me parece até um internato para jovens azarados que tiveram a má sorte de serem filhos de espíritos". Mas era muito pior do que um reformatório. Eles haviam parado na entrada para uma floresta, mas quem dera fosse uma simples floresta.
Ela ignorou a cafeteira que havia na estrada para o lugar, não tinha interesse no estabelecimento, sua atenção estava inteiramente na grande placa marrom que dizia: "Floresta Aokigahara". E entre longas frases de reflexão e contatos de ajuda, leu:
"Sua vida é um dom precioso. Por favor, pense nos seus pais, irmãos e filhos. Não guarde os problemas para si. Não passe por isso sozinho."
Eles estavam na Floresta Aokigahara.
Os calafrios passaram por todo o corpo esguio da garota junto ao frio da madrugada. Ela sabia que floresta era aquela, por muitos anos ouviu os noticiários gravados de sua mãe assim como a via pesquisar sobre o lugar, diariamente. Conhecida como "Floresta do Suicídio", Aokigahara não possuía uma boa fama, nem de longe.
ㅡ É aqui que vocês vão me matar? ㅡ Akemi Indagou. Ali era o cenário perfeito, pensou, ninguém imaginaria que se tratava de um homicídio ao invés de um suicídio juvenil.
ㅡ Você está assistindo filmes demais. ㅡ Retrucou Kurama passando atrás dela com um cigarro aceso entre os dedos.
ㅡ Sabe o que mais assisto? Documentários de saúde. ㅡ Rebateu franzindo a testa e balançando as mãos no ar para espantar a fumaça do cigarro. ㅡ Pode parar de espalhar essa fumaça cancerígena?
Kurama parou abruptamente e girou sobre o calcanhar, se inclinando em sua direção logo em seguida. Quando estava próximo o suficiente, o rapaz soltou a fumaça de sua boca no rosto da garota.
ㅡ Não, intangível hanyou.
ㅡ Ugh.
ㅡ Andem logo vocês dois ㅡ um dos hogosha desconhecidos repreendeu a dupla em um japonês ríspido. ㅡ Temos horário para chegar.
ㅡ Ninguém é tão pontual quanto a Mestra. ㅡ Kurama respondeu enquanto seguia o grupo para dentro da floresta, balançando os ombros em um desdém claro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
IY- Ao Cair Da Noite
Random[EM PAUSA] Deixada num orfanato moribundo em Nova York aos 7 anos de idade, Akemi Watanabe foge do casarão mofado para viver como batedora de carteira nas ruas. Agora, 10 anos após a morte da mãe e o abandono da tia, ela continua sobrevivendo co...