Quando Kondo havia lhe dito que Ikeda tinha tomado medidas para que o exame fosse proporcional ao seu desempenho atual, não achou que eles a superestimava tanto. Ainda que nunca tivesse visto Shin em ação, duvidou que o rapaz fosse "fraco" ao ponto de ser fácil derrotá-lo.Akemi tinha alguma coisa interior que a fazia não gostar do rapaz, o que a fazia saltitar de alegria o fato dele ir ao Vale quando ela não estava lá. A última vez que os dois se viram, havia sido quando Akemi vislumbrou um inugami em seu rosto e entrou em choque, desde então os dois não haviam se cruzado, nem por acidente.
No entanto, lá estavam eles, parados um de frente ao outro em um espaço que de repente pareceu menor do que realmente era.
E Shin não parecia muito amigável.
Akemi não teve tempo para apreciar o kimono com desenhos de montanhas que ele usava, antes do rapaz partir em sua direção tão rápido quanto um cão faminto. Ela nem mesmo teve tempo de entrar em posição de defesa.
Em segundos, Shin estava ao seu lado, seu punho enfaixado com fita vermelha próximo do rosto de Akemi parou a centímetros de fazer um enorme estrago no nariz da garota. Ela só teve uma fração de segundos para observar os olhos heterocromáticos sem entender porque ele havia parado, quando o joelho do rapaz lhe atingiu o estômago. O fôlego lhe escapou dos pulmões, mas Akemi não teve tempo para respirar e recuperar o fôlego perdido. Com o cotovelo direito Shin a golpeou na nuca, jogando-a no tatame como se não fosse nada.
Dor em dose dupla.
Controlando a ânsia, Akemi olhou para o cronômetro. Faltavam sete minutos para o fim do exame. Ela não tinha para onde correr, ou para quem pedir ajuda, e mesmo que tivesse não faria. A desistência estava fora de cogitação, caso contrário não receberia a nota que precisava para concluir a primeira parte de sua custódia.
Suspirou.
Seja o que for para ser.
Ela se levantou, os punhos cerrados erguidos na altura do rosto. Seus olhos lilases esperançosos encararam Shin, também em posição defensiva, parado próximo a ela.
Shin investiu primeiro, desferindo um chute baixo. Akemi o defendeu facilmente erguendo a perna e amparando o golpe assustadoramente potente, se ela não fosse realmente excelente na defesa aquele chute poderia ter lhe causado uma boa queda. A ardência da pancada não teve tempo para se alastrar, pois Akemi já estava em movimento quando o coturno de Shin voltou a tocar o tatame.
Com empenho, ela desferiu um soco de direita com destino ao rosto do rapaz. Ele se inclinou para a esquerda, desviando do golpe com a fluidez de anos de prática. A mão esquerda do rapaz se fechou ao redor do pulso de Akemi, puxando-a. Com a guarda aberta, o cotovelo dele a acertou em cheio no rosto, contínuos dolorosos golpes. Sangue vermelho escorreu em abundância do nariz de até o queixo.
No sexto golpe consecutivo, Akemi conseguiu bloquear a próxima cotovelada com o antebraço. Tentou usar sua força para afastar o rapaz, mas Shin era mais forte e fez o mesmo. No entanto, ele ainda segurava o pulso direito dela e a puxou para o lado de forma que a obrigasse a desistir da guerra de braços.
Ao puxá-la para perto, novamente Shin a ajoelhou, mas desta vez o joelho dele a acertou na boca do estômago. Ele não esperou, descarregou um chute lateral alto com a perna direita, mas o desespero pulsante de Akemi lhe serviu para algo e ela conseguiu diminuir o impacto destinado a sua caixa torácica com a mão.
Shin soltou seu pulso quando girou sobre o calcanhar no sentido anti-horário e a acertou com um chute traseiro, jogando Akemi de volta ao chão.
Ela caiu com o rosto no tatame. Ao erguer a cabeça viu o seu sangue marcando a superfície escura. Raiva e frustração se condensaram em sua cabeça que latejava. Ela entendia que provavelmente Shin estava fazendo apenas o que o mandaram fazer, mas sua passividade junto a agonia que transbordava de Hikari só estavam aflorando a parte agressiva que havia dentro de si.
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IY- Ao Cair Da Noite
Acak[EM PAUSA] Deixada num orfanato moribundo em Nova York aos 7 anos de idade, Akemi Watanabe foge do casarão mofado para viver como batedora de carteira nas ruas. Agora, 10 anos após a morte da mãe e o abandono da tia, ela continua sobrevivendo co...