Akemi nunca sentiu como estava se sentindo naquele momento. Era humilhante! Ela tinha um e setenta de altura e sua oponente não possuía nem mesmo um e sessenta.
A garota de cabelos escuros havia ameaçado quebrar sua mão cinco vezes nos últimos 10 minutos, e ela quase conseguiu. Akemi sentia sua canela arder devido aos chutes sem piedade que a garota havia descarregado nela, e tinha a plena consciência de que hematomas não tardariam a aparecer em sua barriga, tudo graças aos socos que recebeu.
ㅡ Você não vai revidar? ㅡ rosnou a garota entre dentes, deixando sua raiva e indignação sair do seu corpinho.
As duas estavam andando em círculos. Akemi mantinha suas mãos cerradas de frente ao rosto, mesmo que sua oponente fosse mais baixa, esta era a posição básica de defesa.
ㅡ Não está se divertindo? ㅡ Retrucou.
ㅡ Você nunca vai ser uma hogosha.
E quem disse que quero?
ㅡ E ainda sim você vai continuar me implorando para reagir. ㅡ Rebateu, sentindo o prazer em poder enfurecer a garota.
Mesmo que tivesse apanhado desde o momento que foram designadas uma para a outra, mesmo com a relutância dela em gastar seu tempo com uma "analfabeta em artes marciais", nada parecia irritar mais a garota do que o fato de nem mesmo uma vez Akemi ter feito nada além de esquivar se seus golpes.
De longe a professora às observava, e assim como a oponente de Akemi, sua expressão não era de contentamento. Ao ver que Akemi não iria reagir as implicâncias de uma garota de onze anos de idade, ela disse:
ㅡ Acabou a aula por hoje ㅡ mesmo que tenha dito em tom casual, sua voz cobriu todo o pátio.
Os aprendizes formaram seis filas de frente para a professora. Akemi permaneceu longe por não saber o que aquilo significava.
ㅡ Vocês terão alguns minutos de descanso antes da aula do Yamada. Estão dispensados. ㅡ Informou.
Por um breve momento Akemi sentiu suas pernas agradecerem enquanto os aprendizes se curvavam para a mulher e iam se dispersando para seus dormitórios. No entanto, esse momento de esperanças não durou muito para Akemi.
Quando ela fez seu primeiro movimento tendo a intenção de ir para seu dormitório, imaginando se naquele enorme edifício havia uma ducha com água quente, foi interrompida.
ㅡ Você não, Watanabe. ㅡ Acrescentou em tom baixo, enfatizando seu sobrenome.
Akemi a escutou tão nitidamente como se a mulher estivesse ao seu lado, isso lhe causou arrepios. A professora caminhou até ela.
ㅡ Muito covarde para tentar ou muito boa para se importar? ㅡ Indagou. A mulher era quatro dedos mais alta que Akemi, e ainda sim conseguia encará-la sem perder sua postura. Pela proximidade, Akemi conseguiu enxergar as manchas douradas que haviam nas íris acinzentadas dos olhos da mulher.
Suas palavras flutuaram na mente de Akemi como o tilintar suave de sinos soando ao longe.
"Muito covarde para tentar ou muito boa para se importar?"
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IY- Ao Cair Da Noite
Random[EM PAUSA] Deixada num orfanato moribundo em Nova York aos 7 anos de idade, Akemi Watanabe foge do casarão mofado para viver como batedora de carteira nas ruas. Agora, 10 anos após a morte da mãe e o abandono da tia, ela continua sobrevivendo co...