CAPÍTULO VINTE E NOVE

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   Os quatro meses estipulados pelo Instituto Youkai para que Akemi cumprisse a primeira parte da sua custódia passou em um borrão de treinos diários dolorosos e trabalhos escritos exorbitantes. Ela se sentia mentalmente um trapo e fisicamente um sopro de vida. Sua rotina diária era sempre a mesma, mas com pequenos refrescos de vez em quando. 

   Faltavam dois dias para o TCC não oficial de Akemi. O teste oficial acontecia ao final do ano, mas como ela deveria estar formada até o ano acabar, recebeu o maldito privilégio de faze-lo antes. Ela estava exausta e ao mesmo tempo, extremamente ansiosa. 

   Esta manhã Endo e Yamada não pegaram nem um pouco leve com o que restava de seu corpo. Em combate pessoal, ela tivera que lutar contra dois grupos de dez primários, os melhores deles, que claramente não eram nem um pouco ruins. Em combate armado, tivera que fazer cinco sessões de cinco minutos contra quinze alvos; a primeira fora com adagas; o segundo, arco e flecha; o terceiro, besta; o quarto, hira shurikens; e o quinto, com kunais

   Depois das aulas da manhã, Akemi tinha em grande parte, aulas teóricas, o que era uma maravilha para seu corpo que reclamava de dor todos os dias. Após o jantar tinha meia hora de meditação com Kondo. Inicialmente Akemi havia achado uma tortura, mas depois de três sessões, começou a gostar, ela se sentia muito bem após a meditação e sua mente a milhão parecia voltar a entrar em foco.

   Na sala de harmonia de Linhas Ley, Akemi estava sentada sobre uma almofada verde-escuro, suas costas eretas e rijas por algum milagre não estavam doendo nesse fim de tarde. Assim como os demais aprendizes, que formavam um grande círculo ao redor de um círculo menor em relevo enchido com terra, estava com as duas mãos erguidas em frente ao rosto. Luz dourada saia passivamente de suas mãos e se misturava ao emaranhado de cores que flutuava no ar sobre a terra, enquanto o calor de energia das Linhas Ley fluía por seu corpo.

   As aulas de Linhas Ley era basicamente para que os aprendizes se familiarizassem com elas ㅡ a fonte que permitia seus poderes sobrenaturais, a energia vital do planeta Terra. Na primeira aula que Akemi teve, ela por pouco, muito pouco mesmo, não desmaiou devido a forte energia que nunca havia tido contato. 

   Para entrarem em harmonia com o ponto de Linha Ley que havia no Monte Fuji, os aprendizes precisavam de seus próprios poderes, o que os deixavam exaustos.

   Akemi gostava tanto da aula de harmonia de Linhas Ley quanto gostava de harmonia espiritual. Que o raio os parta.

   Ela olhou ao redor da sala escurecida. A luz do emaranhado colorido iluminava o rosto dos aprendizes, possibilitando que conseguisse vê-los. Seu olhar caiu sobre um garoto pequeno que parecia semi-pulverizado, suas feições abatidas estavam encharcadas por suor reluzente. O garoto loiro, diferente dela, não se adaptou bem ao entrar em contato com a Linha Ley, ele sempre passava mal após a aula. Por sorte Akemi havia se adaptado bem a emissão, caso contrário seria ela no lugar do garoto.

   Suas costas poderiam não estar doendo, mas seu traseiro estava dormente. Akemi sentiu um fio de suor descer por sua coluna. O calor que irradiava de suas mãos não ajudava na temperatura. 

   Gradativamente a escuridão nos cantos da sala foi se dispersando conforme iluminação pálida se erguia. O badalar suave de um sino avisou aos aprendizes que aquele era o fim da tortura harmônica. Akemi, assim como os demais, começaram a descer suas mãos conforme reprimiram suas energias.

   Parado em pé atrás de uma aprendiz de pelos no rosto, estava o professor Shiba Yutaka. O homem de cabelo castanho avermelhado mesclado com branco abaixo da orelha, trajando uma calça larga cor cáqui e uma camiseta de mesma cor com mangas compridas que se abriam conforme chegava aos pulsos, varreu seus aprendizes com um olhar afiado.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora