CAPÍTULO SEIS

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   O hogosha não a carregou nos braços como nos filmes, mas ele se encarregou de andar ao seu lado para que Akemi não tropeçasse em mais nada. No início ela se sentiu incomodada já que isso lhe dava um rótulo de hanyou inútil, mas conforme passava a prestar mais atenção no solo rochoso sob seu all star, ficou agradecida por ter alguém que iria lhe alertar caso estivesse perto de enfiar seu pé dentro de um buraco.

    Felizmente o caminho foi tranquilo e assustadoramente silencioso. Nenhum oni apareceu novamente. 

    Conforme o grupo caminhava em seu ritmo apressado e as horas iam passando, a floresta começava a ficar menos escura devido ao céu que dava início ao alvorecer. Porém, a falta do breu também dava espaço para uma vegetação verde escuro assombrosa.

    De acordo com as notícias que sua mãe lia, a floresta Aokigahara era o lugar onde as pessoas iam para dar fim a suas vidas. Segundo os noticiários havia muitas lendas contadas acerca da floresta, muitas delas sobre demônios, fantasmas e espíritos maléficos. 

    Parece que não estavam errados afinal. 

    A floresta possuía uma energia forte, Akemi não poderia dizer se era boa ou ruim considerando que a única vez que senti uma energia sobrenatural havia sido muitos anos atrás, quando era apenas uma garotinha. Mas ainda sim a energia que serpenteava pelo ar, naturalmente a oprimindo, era mais intensa do que a energia que ela havia sentido. Conforme o grupo ia adentrando mais na floresta essa energia se intensificava cada vez mais. Akemi podia sentir sua pele pinicar. Era como se eles estivessem indo ao núcleo. 

    Sim, estavam indo em direção ao núcleo de toda aquela energia. 

    Uma onda magnética passou pelo seu corpo, deixando-a tonta. Parando abruptamente, se curvou, apertando seus joelhos com as mãos. Respirou fundo para recuperar o fôlego, enquanto tentava conter a tremedeira que se instalou por todo o seu corpo.

    ㅡ Você está bem? ㅡ Perguntou Mari, voltando alguns passos e se aproximando.

    Akemi ergueu seu indicador.

    ㅡ Só um minuto… ㅡ Falou ofegante.

    ㅡ Por que pararam? ㅡ Um dos hogosha perguntou se aproximando para saber o motivo de terem interrompido o fluxo do grupo. Akemi o reconheceu, era o mesmo hogosha que havia repreendido Kurama.

    ㅡ Ela não está acostumada a esse tipo de energia espiritual, Katsuo ㅡ começou Mari, seu tom era calmo. ㅡ Dê um tempo para que ela se recupere.

    ㅡ Não temos esse tempo. ㅡ Rebateu o homem.

    Os longos fios perolados do cabelo da Akemi haviam se transformado em uma cortina que caía em direção ao solo. Ela o jogou para trás quando endireitou sua coluna e olhou do hogosha Katsuo para Mari. A expressão estampada em seu rosto era firme. 

    Ela tinha sobrevivido anos nas ruas enquanto estava envenenada, viveu dia após dia exausta e com febre, cada dia que vivia era um a menos que o veneno lhe tomava. Tinha sobrevivido a brigas com outros moradores de rua por território. Mas ali, ela parecia tão inútil e frágil quanto uma boneca de porcelana, nem mesmo conseguia andar sem tropeçar. Uma maldita onda magnética não iria lhe derrubar, por mais forte que fosse, ela não permitiria isso.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora