CAPÍTULO ONZE

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   Akemi abriu os olhos, seu coração estava batendo forte em seu peito e sua cabeça latejava. Passou as mãos em seu rosto, descobrindo que estava úmido de lágrimas. 

   A sala ao seu redor continuava com sua iluminação avermelhada, porém estava mais escura do que ela se lembrava. E diferente de antes, não havia nenhum aluno, apenas ela e Kondo, que continuava sentado em sua grande almofada, igual a uma estátua. 

   O professor a encarava com seus olhos verdes, não havia nenhuma expressão exposta em seu rosto e não havia mais aquele ar leve sobre seus ombros.

   ㅡ Sua viagem não foi muito agradável. ㅡ Disse, não havia divertimento em sua voz. 

   Ela estava surpresa e horrorizada, mas era capaz de identificar o jogo de palavras que ele havia usado. Kondo não parecia o tipo de professor que ficaria sentado apenas assistindo uma aprendiz chorar enquanto ela estava sabe se lá onde. Pela rigidez com a qual agora o homem se sentava, como se estivesse se contendo para não fazer algo que iria se arrepender, ela deduziu que ele tinha visto mais do que apenas uma aprendiz chorando de desespero.

   Ela queria gritar com o professor, mas não tinha forças nem cabeça para isso.

   As memórias que ela havia lutado para suprir durante tanto tempo agora estavam expostas. Agora aquela ferida cicatrizada com um pedaço de vidro dentro, estava aberta. Ela não podia mais lutar contra a imagem de Nara completamente imóvel em seu leito de morte, seu olhar vagaroso em seus últimos momentos de vida, da sua voz rouca, quase inaudível, ou dos seus olhos sem vida depois de alguns minutos.

   Sentiu seus olhos arderem com as lágrimas que ameaçavam cair, mas ela as impediu de descer. 

   O ferimento que aquele cão causou em Nara havia sido profundo demais, e a maldição que ele deixou para trás junto a perda de sangue foram o suficiente para levá-la. Naquela noite tudo o que Akemi conhecia havia sido destruído, desde seu mundo até o olhar sem brilho de Yumi pela perda de sua irmã. 

   Ela manteve o olhar nos tatamis do chão ao se levantar. Sentindo dores por todo o corpo ela se curvou para o professor, dando-lhes as costas em seguida. Ela queria sair dali o mais rápido possível. 

   Caminhou até a saída. 

   ㅡ O caminho que tem a percorrer é longo, srta. ㅡ Kondo disse baixo.

   Ela parou de caminhar e o olhou para ele sobre o ombro. Kondo permanecia em sua posição de meditação. 

   Ignorando-o de vez, saiu da sala.

   Do lado de fora já era noite. Ela deveria estar surpresa, mas nada conseguia mexer com ela naquele momento. Era como se estivesse submersa em um lago, anestesiada, existindo em um estado automático.

   Ela acabou se encontrando com Yoki no pátio aberto do Ativos quando estava indo para o dormitório. 

   A garota estava animada, e não parecia cansada, assim como Teru, a coruja azul translúcida, que sobrevoava sua dona com entusiasmo. Teru comprimento Akemi com um piar e em seguida sumiu em um nevoeiro esbranquiçado. 

   ㅡ Onde você estava? Estive te procurando por horas.

   ㅡ Estava fazendo hora extra na aula de harmonia espiritual. ㅡ Respondeu Akemi de forma lenta. Fisicamente ela estava exausta, mentalmente estava destruída.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora