CAPÍTULO OITO

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A partir do pátio de ladrilhos não havia mais estradas de pedras, apenas uma estrada coberta de seixo natural e luminárias negras altas para iluminar o caminho. O Pavilhão Primavera não era longe do outro, mas possuía um afastamento considerável na hora de deixar o dormitório.

Diferente do dormitório do primário que era uma construção no térreo, o do secundário possuía cinco andares, cada um com cerca de quatorze janelas visíveis frontalmente. Observando na pouca luz da área externa era possível ver o brilho das luzes através das janelas abertas e cortinas. Seus ocupantes ainda estavam acordados, o que fez com que Akemi deduzisse não ser muito tarde da noite.

Akemi seguiu a supervisora junior pelo corredor de entrada. As paredes e piso do longo do corredor eram de madeira vermelha envernizada. As luzes, assim como as do Pavilhão Silencioso, eram de luminárias artesanais de papel, essas por sua vez eram amarelas.

No final do corredor havia uma porta de correr de papel com desenhos vermelhos de libélulas. Crystal ergueu as mãos para arrastar a porta. Akemi somente naquele momento viu que a mão direita da garota estava enfaixada, ela ergueu o dedo para cutucar a outra e perguntar o que havia acontecido, mas viu Crystal tremer enquanto arrastava a porta, terminando em um longo suspiro. Sua mão poderia ter doido ao abrir a porta, essa seria a resposta mais lógica, mas Akemi duvidava que fosse isso. O silêncio sombrio que cercou as duas ao entrar no edifício, era incomum demais para ser algo casual. Akemi conseguia enxergar uma criança com medo de longe. Crystal cruzou a porta. Deixando suas teorias de lado, Akemi seguiu a supervisora.

ㅡ Fala sério... ㅡ Akemi arfou, andando mais para frente, afim de não perder nenhum detalhe.

Diante de seus olhos havia uma enorme sala de estar. No lado oposto ao que estava, posicionada a frente de portas decoradas, havia a maior escadaria que ela já havia visto em toda a sua vida de moradora de rua. Feita de madeira a escadaria parecia uma enorme mola, que subia até o quinto andar. A frente da escada, sobre um tapete imenso centralizado no meio sala, estofados baixos estavam organizados de forma que se parecessem com um enorme semi-retângulo. Uma mesa baixa de vidro ficava no centro.

Ao redor do espaço aconchegante com cerca de oito pés de distância, havia onze portas decoradas em cada parede, assim como no segundo andar e, provavelmente, nos demais andares também.

Akemi olhou para as arandelas adornadas presas nas paredes entre as portas.

ㅡ Por que aqui é diferente do dormitório dos aprendizes do primário?

Crystal olhou ao redor.

ㅡ Você consegue imaginar como seriam crianças de sete anos vivendo em um lugar como esse?

ㅡ Ah! ㅡ De fato Akemi não conseguia imaginar como poderia terminar bem.

ㅡ Seu quarto fica no terceiro andar ㅡ informou a supervisora.

Crystal não contornou a sala para chegar ao pé da escada, ela continuou andando em linha reta e saltou o estofado marrom claro. Akemi fez o mesmo, mas sem pressa.

Andando pelo centro, ao olhar para cima, ela conseguiu ver o parapeito de madeira dos quatro pavimentos acima, e lá no alto, no teto, viu a semi esfera de vidro que dava a vista para um céu noturno.

Ela correu para alcançar Crystal que já estava no quarto degrau da escadaria em espiral.

ㅡ Deve ser o inferno subir e descer isso todos os dias. ㅡ Comentou assim que conseguiu alcançar a supervisora junior.

IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora