CAPÍTULO QUARENTA E TRÊS

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   Akemi finalmente estava sentindo o peso de estar na Academia. Não somente seus músculos pareciam que iam derreter a qualquer momento como também seu cérebro parecia ferver abaixo do crânio e sua energia, esvair como vapor. Ela só queria cair em qualquer lugar e hibernar, esquecer tudo e todos, e acordar somente na próxima primavera. 

   Depois de tantas aulas e após usar toda a energia mística que tinha na superfície, na tentativa de fazer escudos resistentes, ela precisava urgentemente dos chás de Yoki para conseguir recompor o máximo de sua força. Era realmente um alívio que a companheira de quarto fosse uma das melhores alunas em herbologia.

  Devido a necessidade do líquido quente adocicado, decidiu passar pelo dormitório após as aulas do dia, nenhum dos gêmeos reclamou quando ela disse que iria até lá e que provavelmente passaria a noite. 

   Akemi esperou por Yoki ao final da última aula para que fossem juntas, mas não a encontrou. Então ela se arrastou sozinha pelo caminho até seu dormitório, decidida a mofar enquanto esperava por Yoki, mas secretamente desejando que a garota já estivesse no dormitório. 

   O que não foi o que aconteceu.

   O quarto estava, assim como de costume, perfumado com o cheiro do chá noturno que estava repousado sobre a pequena mesa do cômodo, mas a garota de olhos azuis não estava presente. 

   Anteriormente Akemi não conseguia entender o porquê de Yoki sempre chegar tarde ao dormitório quando os gêmeos chegavam mais cedo. Do porquê de estar aparentemente mais exaurida do que a maioria. Mas desde que iniciou no secundário, passou a compreender, assim como também passou a entender o que Hikari dissera sobre a garota certa vez, sobre Yoki querer se provar. 

   Dentre os diversos aprendizes A, Yoki era a única que Akemi se deu o trabalho de observar atentamente, e o que viu era lamentável. Apesar da garota ser ótima no domínio das plantas, tinha certa dificuldade em áreas de combate, mas ela não se deixava abater, pelo contrário, se esforçava para melhorar… ainda que não saísse do lugar. Era como ver alguém tentando cruzar o limite do limite.

   Depois de tomar banho frio e beber o chá que tanto almejava, Akemi subiu em sua cama, colocou sua faca embaixo do travesseiro e deitou de costas para o colchão. Fechou os olhos por alguns segundos e chamou o espírito que havia dentro de si.

   Olhos dourados com fendas a olharam de volta, mas Yoi não respondeu ao seu chamado.

    Francamente! O que há de errado com essa raposa?

    Havia dias que Yoi não respondia ao seu chamado, independentemente do humor em que estava, ela simplesmente não saía; era como se nem existisse. Em algum momento Akemi teria que deixar de lado seu dia abarrotado de deveres e ter uma conversa com Kondo sobre isso. Ela sinceramente não sabia mais o que fazer com o espírito.

   Voltou a abrir os olhos somente para encarar o interruptor. Ela não queria levantar para apagar a luz, então poderia tentar fazer isso sozinha, nem que fosse uma vez. Forçou sua visão no pequeno botão e começou a colocar seu cérebro para funcionar, misturando sua percepção com a sensação. Logo sentiu o calor morno subir por sua garganta.

   A luz se enfraqueceu, piscou e se apagou com um chiado baixo, deixando Akemi no escuro. Vozes enfurecidas reverberam pelas paredes.

   Que maravilha!

   "Ótimo trabalho".

   "Ótimo trabalho"

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IY- Ao Cair Da NoiteOnde histórias criam vida. Descubra agora