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Helena Scott.

Abri meus olhos lentamente e vi que o Felipe estava dormindo abraçado em mim.

Esse menino é gostoso até dormindo.

Ele tinha um abdômen pouco definido e fazia caminho para aquilo que ele dizia ser a torre da Rapunzel.

A respiração dele era calma até demais.

Será que esse moço morreu?

Puta merda, vão achar que eu matei ele.

Que bosta.

Fiquei por cima dele tentando verificar os batimentos cardíacos.

Encostei minha cabeça no peito dele e escutei seu coração bater.

Amém, não vou ser acusada de assassinato.

- O que você tá fazendo?- o Felipe perguntou com a voz rouca de sono.

É agora que eu me finjo de morta.

Só não sei porquê.

Se foi pela pergunta ou pela voz.

- É... Eu tava vendo se você não tava morto, mas pelo visto tá vivo.- saí de cima dele.- Não vou ter que te reanimar.

- Deve ser legal morrer dormindo. Tu vai dormir e acorda no inferno.- ele disse sentando e passou o braço por cima do meu ombro.

- Sim, aproveita e pega um bronze pro Carnaval.- eu disse e ele riu.- Vamos, tô com fome.- eu levantei e tirei um pouco de terra do meu corpo.

Colocamos as nossas roupas e o Felipe colocou a mão na minha cintura enquanto íamos para a barraca.

- Nossa, eu tava morta de fome.- peguei meu Doritos e comecei a comer.

- É um privilégio comer Doritos por 3 dias.- ele disse e eu ri.

- Você achava ruim comer Doritos por 3 dias.- eu disse lembrando ele.

- Eu disse isso? Não lembro, acho que tava dormindo.- disse e eu ri.

- Você tava muito bem acordado, mas eu não falo mais nada.- eu disse fazendo uma linha imaginária com o Doritos na frente da minha boca.

- Já que é a nossa última noite aqui, bora fazer marshmallow e noite de histórias na fogueira?- ele perguntou depois de um tempo calado.

- Sim, eu sempre quis fazer um troço desses. Mas tu sabe fazer fogueira?- eu perguntei e ele pareceu pensar.

- Nós aprende.

- Se tu botar fogo na barraca, eu te juro. Tu queima junto.- eu disse cerrando os olhos.

- Vai dar certo, confia.- ele disse sorrindo de lado e eu meti o tapa nele.- Eu tava brincando, vai dar tudo certo.

- Vai te fuder.- eu insultei em português.

- O que você disse?

- Eu falei em português, a tradução fica tipo assim: claro, será um prazer.- eu disse e ele sorriu.

- Me ensina a falar então, tem uma velhinha lá na rua que ela é brasileira e eu quero falar pra ela.

- É assim: Vai te fuder.- eu disse pausadamente.

- Vai te fuder, vai te fuder.- ele disse e eu assenti.

- Tá certinho.- eu ri.

[...]

- Por que tu não viu esse lance das madeiras mais cedo?- eu perguntei irritada.

O Felipe resolveu pegar madeira agora, de noite.

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