Helena Scott.
- Gostou? Esse veneno não tem sabor.- ele disse sorrindo e eu arregalei os olhos.
Eu coloquei a mão no meu pescoço e comecei a beber a água.
Puta merda, isso deve estar com veneno também.
Do nada o assassino começou a rir.
- Você tem tanto medo assim de mim?- o Felipe perguntou ainda rindo.
- Você acabou de me envenenar, o que você quer que eu ache?
- Eu não te dei veneno. Come isso logo, mulher.
- Seu...- me controlei pra não xingar até as próximas gerações dele e peguei uma batata.- Você é sempre arrogante assim?
- Não, só quando é sexta ou quando eu vejo uma menina bonita.
- Então você me acha bonita?
- Hoje é sexta.- ele disse rindo e eu dei um tapa nele.- Eu tô brincando, mas você sabe que você é bonita.
- É...- eu abaixei a cabeça pra disfarçar que eu tinha corado.
- Sobre o veneno, você acha que eu com esse rosto angelical tentaria alguma coisa?- perguntou fazendo uma carinha de cachorro.
- Se fode, vagabundo.- disse com raiva e ele riu.
- Você tá me xingando?
- Não, não. Tô vendendo água aromatizada da Cinderela.- eu disse e ele riu.
- Eu queria beber a água aromatizada da Cinderela.
- Vou te confessar que agora eu tô curiosa, será que é boa?
- Eu nunca bebi água aromatizada na vida.
- Eu também não, mas essa não é qualquer água aromatizada da vida, é a água aromatizada da Cinderela.- eu disse e ele concordou.
- Nós podíamos fabricar a água aromatizada da Cinderela.
- Mas por quê não a Rapunzel?
- Também é uma boa.
- Tá bom, chega.- eu disse rindo e ele também riu.
- Vamos brincar de casa, beija ou mata?
- Sim, mas só uma rodada.
- Tá. Eu, Trump e o Yan.
- Você tá de sacanagem.- eu ri.- Trump eu mato, Yan me mato e você eu beijo.
- Por que não casa comigo?- perguntou erguendo a sobrancelha.
- Porque eu te conheço bem pra querer casar com você.
- Hm, sem graça.- insultou e eu ri.
Continuamos conversando e comendo o jantar que ele fez, até que entramos em um assunto totalmente aleatório que eu não sei como chegamos nele.
- É biscoito.- eu disse pela milésima vez.
- Não é, é bolacha.- sorriu cínico.
- Você só tá falando bolacha pra discordar de mim.
- Por que não seria bolacha?
- Por que não seria biscoito?- nós rimos.- Não faz sentido nenhum ser bolacha, imagina você tá em um restaurante num encontro e aí chega o garçom: Senhores, vocês querem bolacha? Isso é broxante.- eu disse e voltei a olhar pra ele sorrindo.
Ele me encarava fixamente e eu pensei que tinha algo no meu dente.
Mas eu sabia que não tinha nada e depois de um tempo me encarando, ele desviou o olhar e bebeu um pouco do vinho.
- Tá bom, eu admito. Eu só tô falando bolacha pra discordar de você.
- Eu sabia. Se eu tivesse num encontro e me falarem "bolacha", eu pego qualquer coisa pra tacar na cabeça da pessoa.
- Qual cabeça?- eu encarei ele confusa, mas depois entendi o que ele quis dizer.
- Você é ridículo.- ele riu.
- Eu tava pensando como é ser satanista e orar por ele. Deve ser tipo: amém, satanás. Durma com os anjos.- eu ri.- Eu não tô julgando, mas deve ser complexo.
- Não, aí tu morre chega no inferno e o satanás te fala: você está no inferno, tem algo a dizer e a pessoa fala: em nome de Jesus.- eu disse rindo e ele também riu.
- Tá vendo essas estrelas?- ele perguntou.
- Olha, eu acredito que eu não seja cega.- ele riu.
- Eu mandei pendurar elas só pra você.- ele sorriu e eu dei um tapa no ombro dele.
- Babaca.
Levou a taça de vinho a sua boca novamente terminando de beber o conteúdo do copo.
- Vamos dançar.- ele me puxou para o seu peito e procurou uma música no celular dele.
Ele colocou o celular em cima da mesa e começou a tocar O lago dos cisnes.
Ele colocou uma mão livre na minha cintura e com a outra segurou a minha mão.
Eu apoiei uma das minhas mãos na nuca dele, sentindo a pele do Felipe se arrepiar contra o meu toque.
De acordo com a música, nós dançávamos calmamente enquanto eu sorria olhando pro Felipe.
Eu estava achando engraçado o Felipe dançando valsa, ainda mais comigo.
Tá achando o que?
Ogros também podem dançar valsa.
Eu ri com o meu próprio pensamento e o Felipe me girou no ar.
Como se eu não tivesse labirintite.
- Isso é estranho.- eu disse e ele ficou confuso ainda guiando os meus passos.
- O que?
- Dançar valsa, ainda mais com você.- ele riu fracamente.
- É legal, achou que assassinos não podem dançar?- ele perguntou e eu ri.
- Para, a parte do veneno tinha sido real nos meus pensamentos.
- Logo eu? Eu só posso te matar de uma forma.
- Qual?- eu perguntei inocentemente confusa.
- Te matar de prazer.- eu ri tentando disfarçar que eu tinha gostado do que ele disse.
Eu preciso parar com isso.
Como eu entendi?
E por quê eu gostei?
Esse menino tá me fazendo querer coisas que de alguma forma, eu não posso ter.
E eu acredito que eu não posso ter ele.
O celular do Felipe começou a tocar e eu tomei um susto.
- Açougue boi doidinho, ligou pra mim dá o cuzinho. Boa noite, quem fala?- o Felipe atendeu e eu ri.- Não, não quero fazer o cartão.- deligou.
- Você sempre atende o celular assim?- perguntei rindo.
- Sim, uma vez eu atendi assim e era minha mãe. Eu apanhei pra caralho.
- Eu imagino.
- Enfim, vou te levar pra sua casa.
continua...
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Você é o Único
RomanceHelena Scott passa anos em um colégio interno, quando sua mãe resolve tirá-la dele. Ao chegar na Califórnia seu mundo vira ainda mais de cabeça pra baixo, quando ela conhece Felipe Parker. Um garoto estranhamente arrogante e bonito. Nem todos os cli...