Capítulo 25 - XXV - O filho

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Lee saiu o mas rápido que pôde da casa dos Sabaku. Chorou no carro o caminho todo até o aeroporto, onde pegou seu voo, e em duas horas, já estava desembarcando. Sentia-se cansado, triste, traído... Lee sentia seu coração partido, mas esboçou um sorriso aliviado ao ver a mãe o esperando no saguão. Correu até ela e a abraçou. Um abraço apertado e necessitado.

— Filho... que saudade... — Hana dizia segurando seu rosto e lhe distribuindo beijos pelas bochechas.

— Eu também, mãe... — Lee dizia sorrindo cansado para Hana.

— Ué, você não vinha com o namorado?! — ela perguntou olhando em volta.

— Ah mãe... nós... nós... — Lee dizia com a voz embargada — brigamos hoje de manhã e eu vim direto pra cá.

— Own meu filho... — Hana abraçou com ternura o filho, que chorou um pouco em seu ombro — Vai ficar tudo bem meu amor... vamos pra casa...

Lee concordou, e tomaram um táxi até a casa de sua mãe, a mesma casa onde Lee cresceu. A mesma casa onde, com toda a dificuldade do mundo, sua mãe o criou sozinha, lhe dando a melhor educação que pôde ter. Ao entrar naquela casa, Lee sentiu um pouco de remorso por estar a tanto tempo trabalhando como acompanhante, depois de todo o esforço da mãe para que ele se formasse na faculdade. É claro que sua mãe não fazia ideia de que era com isso que ele trabalhava. Para Hana, Lee trabalhava numa empresa de programação, e era bem sucedido o bastante para se sustentar e ajudá-la com as despesas médicas.

Entraram na casa e Hana o aconchegou em seu antigo quarto, que ainda estava arrumado do jeitinho que Lee havia deixado. Depois de se ajustar, desceu até a cozinha, onde Hana terminava de preparar o almoço e começou a ajudá-la.

— E então, como você está? Como está sua saúde? — Lee perguntou.

— Ah, você sabe... Não tenho do que reclamar...

— E o que você tem feito?

— Eu me inscrevi como voluntária no programa de caridade da igreja. Todo sábado eu vou lá preparar comida para os necessitados.

— Mãe... — Lee a repreendeu — Não devia estar fazendo tanto esforço!

— Lee! — Agora foi Hana quem disse em tom de repreensão — Eu não sou nenhuma inválida! Além do mais, é só uma vez por semana, e eu sinto muita saudade de trabalhar. Detesto ser aposentada! — disse emburrada.

Lee riu um pouco da atitude infantil da mãe. Era bem verdade quando diziam que chega uma hora em que os filhos começam a virar pais dos seus pais.

Eles conversaram mais um pouco sobre Hana. Lee falou um pouco sobre a faculdade, almoçaram juntos e Hana não poderia estar mais feliz com a presença do filho. A única coisa que a preocupava, era que seu menino parecia distante e distraído, e ela conseguia ver que ele estava triste. Então, depois do almoço ela não pode mais adiar aquela conversa.

— Lee... me conte o que aconteceu com o seu namorado.

— Mãe... eu não quero falar sobre isso.

— Mas vai falar! — ela disse — Você nunca me contou nada sobre esse namorado, eu nem sabia que você estava namorando! Aí de repente, você me liga e diz que vai trazê-lo pro Natal, e depois, aparece aqui sozinho e chorando... — Ela suspirou pesado — Eu só quero entender o que está acontecendo filho... — disse triste.

— Mãe... eu e o Gaara... é complicado demais pra explicar. Não era pra ser sério. Não era pra ter sentimentos entre nós... mas, eu me apaixonei por ele tão rápido... — Lee sentiu os olhos marejando e a voz começar a embargar, corando de vergonha por dizer aquelas coisas para a mãe, mas ao mesmo tempo, sentia as lágrimas rolarem por seus olhos.

— Como assim filho? Eu não entendo... — Hana dizia com o coração cheio de pesar.

— Runf... — Lee deu uma risada cansada, e com os olhos cheios d'água suspirou — Mãe... eu menti pra você. Eu não trabalhava em nenhuma empresa de computação. Eu trabalhava como acompanhante de aluguel — disse envergonhado, vendo o rosto de sua mãe ficar ainda mais confuso.

— Acompanhante de aluguel?!

— É... — respondeu mal a encarando — Tipo garoto de programa. Era assim que eu ganhava a vida. Gaara foi um dos meus clientes. Mas as coisas entre nós eram mais complicadas. Ele tinha gostos diferentes, e me mostrou um mundo novo que eu não conhecia. Era pra ser só sexo mas... eu me deixei envolver, e quando eu vi, já estava apaixonado por ele... — Lee enfiou o rosto entre as mãos chorando ainda mais — As vezes, eu sinto que dependo dele pra ser feliz... como se.... como se fosse impossível sorrir, amar ou sentir prazer sem ele... Eu o amo tanto...

Hana se levantou da poltrona onde estava e sentou-se ao lado dele no sofá, puxando a cabeça do filho pro seu ombro. Ela ainda tentava absorver tudo o que o filho havia dito, mas não iria julgá-lo. Jamais iria julgá-lo.

— Filho... eu não conheço o rapaz, e nem entendo muito sobre a relação de vocês. Mas sempre se pode ser feliz de novo, Lee! — ela dizia afagando os cabelos do filho — Você não precisa de ninguém pra ser feliz. Você mesmo tem que fazer a sua felicidade!

Lee ficou mais algum tempo ali, aconchegado nos carinhos da mãe. Carinhos que precisava muito naquele momento.

— Mãe... — ele sussurrou depois de um longo tempo chorando.

— Sim filho...

— Você não está decepcionada comigo? — Lee ainda tinha lágrimas nos olhos e fungava o nariz.

— É claro que não, filho — Hana dizia ainda afagando seus cabelos — É claro que eu estou surpresa com essa história de garoto de programa... mas eu não estou aqui pra te julgar! Se você escolheu esse trabalho, deve ter tido seus motivos. Eu estou aqui pra te apoiar. Sempre vou te apoiar!

— Eu te amo mãe... — foi só o que conseguiu dizer antes de voltar a chorar e soluçar, abraçado a mãe.

— Eu também te amo meu filho.

Ficaram mais algum tempo trocando carinhos. Tudo o que Lee mais precisava naquele momento era aquilo, o amor e apoio de sua mãe.

Acompanhante de Aluguel (GaaLee)Onde histórias criam vida. Descubra agora