Capítulo 23 - XXIII - O namorado

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Na manhã seguinte Lee acordou preguiçoso em sua cama. Eram 7 da manhã. Ele foi ao banheiro e desceu as escadas até a cozinha. Encontrou Gaara de costas com a senhora Chiyo, conversando. O ruivo estava no fogão mexendo alguns ovos, e a senhora Chiyo estava ao seu lado dando as instruções.

— Bom dia... — disse com um sorriso caloroso.

— Bom dia, Lee... — Gaara respondeu — Eu já estava preparando seu café. Eu ia levar na cama, mas já que você acordou...

— Obrigado! — Lee disse se aproximando e dando um beijo na bochecha de Gaara e outro na senhora Chiyo. Depois pegou uma xícara no armário e começou a fazer café.

A senhora Chiyo olhava admirada a relação dos dois. A velha senhora criou Gaara em sua infância e até o início de sua adolescência, e viu melhor do que ninguém, como o jovem Sabaku sofreu. A morte da mãe no parto e o peso da culpa que levou por anos, pela morte dela. Também teve que conviver com a falta de empatia do pai, que quando não o desprezava, estava exigindo dele a perfeição. Gaara tinha sempre que ser o melhor aluno, as melhores notas, o maior talento! Rasa não aceitava menos do que isso, e nas poucas vezes em que Gaara não conseguia dar ao pai o que ele esperava, Rasa fazia questão de jogar isso em sua cara, deixando o menino cada vez mais triste, introspectivo e desapontado consigo mesmo.

Gaara passou toda a infância e o início da adolescência buscando a aprovação do pai, mas nunca a obteve. Mesmo assim, a vida do jovem Sabaku não foi apenas desgraça e tristeza. Quando tinha algum tempo para estar com os irmãos, ele se divertia, e a senhora Chiyo adorava vê-lo feliz.

Mas tudo isso mudou quando Gaara fez 14 anos. Seu pai o mandou para a França para que estudasse, enquanto ficava sob a tutela de seu tio Yashamaru. Quando voltou nas férias no ao seguinte, Gaara não era mais o mesmo. Ele já não queria conversar com os irmãos e nem com a senhora Chiyo. Seu olhar de menino já não existia mais. Foi substituído por um olhar vazio e sombrio. Gaara morou com o tio dos quatorze aos dezenove anos e quando voltou, era uma pessoa completamente diferente. Nem a senhora Chiyo e nem os irmãos o reconheciam mais. Logo começou a trabalhar na empresa da família. Comprou aquele apartamento onde foi morar sozinho, se isolando do mundo e do pouco contato que ainda tinha com os irmãos. Quando fez 23 anos, seu pai Rasa teve um derrame muito violento e precisou se aposentar, deixando Gaara no comando da companhia. Ele então, convidou a senhora Chiyo para trabalhar com ele, pois precisava de uma governanta em quem confiasse. Gaara explicou à velha senhora um pouco sobre seus gostos, e a deixou em alerta que veria de vez em quando, um rapaz ou outro pela casa, pedindo a ela o máximo de discrição. Ela aceitou, afinal, se aquela era a forma dele de se expressar, ela não julgava. Jamais o julgava! Ela gostava de Gaara e sentia uma enorme empatia por ele. E nesses dois anos em que esteve trabalhando para o Jovem Sabaku, senhora Chiyo realmente viu muitos rapazes passarem por ali. Alguns ficavam alguns meses, outros apenas uma noite, mas a velha senhora não julgava Gaara, e mantinha-se discreta. Principalmente no que dizia respeito aos machucados. Muitas vezes via aqueles rapazes com algumas feridas ou marcas roxas, assim como estava vendo agora o pulso de Lee, bem roxo e com a pele marcada, mas ela preferia apenas ignorar, afinal, Gaara garantia a ela que tudo aquilo era consensual, e que não havia razão para se preocupar.

Mas, de todos os rapazes que a senhora Chiyo viu passarem por ali, nenhum era como Lee. Gaara sequer olhava nos olhos dos outros, mas com Lee, ele demonstrava uma preocupação especial. Preparava sempre que podia o seu café, conversava com ele, lhe dava beijos... Fora os sorrisos que Gaara demonstrava na presença de Lee. Sorrisos que a senhora Chiyo não via desde que ele era criança. A velha senhora amava Gaara, e tinha em seu coração a esperança de que aquele jovem de cabelos pretos pudesse trazer o amor à vida de Gaara, e fazer dele novamente o menino inocente que foi um dia.

Acompanhante de Aluguel (GaaLee)Onde histórias criam vida. Descubra agora