Capítulo 43 - XLIII - Sem correntes

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Depois que Lee saiu da casa de Gaara, não tinha para onde ir, apenas saiu correndo pela estrada. Abriu as janelas do carro sentindo o vento em seu rosto. Foi acometido por uma sensação forte de liberdade. Sentia-se ótimo. Sentia-se flutuando. Sentia dor por ainda amar Gaara, mas ao mesmo tempo, era incrível a sensação de não ser mais um escravo dele.

Dirigiu por horas, até a praia mais próxima. Chegou lá perto das cinco da manhã. Estacionou e correu pela areia até o mar. O sol começava a clarear o céu e Lee assistiu encantado o nascer do Sol. Seus pés molhados na água fria, o vento gelado batendo em seu rosto. Sentou-se na areia e ficou ali até o dia amanhecer.

O dia foi ficando mais quente e claro, e Lee começou a pensar em sua vida. Nunca imaginou que abandonaria seu noivo faltando seis dias para o casamento. Riu desse pensamento, mas depois foi acometido por uma certa tristeza ao pensar em Gaara. Apesar de tudo, gostava muito dele. O amava. Parou novamente para pensar sobre aquilo. Será que o amava mesmo?! Será que aquilo era amor? Como saberia? Já havia amado alguém antes?! Lee perguntava a si mesmo.

Ficou um longo tempo refletindo sobre o amor. Sabia que amava sua mãe, mesmo que Gaara o tivesse proibido de falar com ela desde aquela viagem que fizeram para apresentá-la a ele. Lee sentiu uma lágrima se formar em seus olhos com aquele pensamento. Como pode ser tão estúpido a ponto de parar de falar com a própria mãe, a única pessoa que amou de verdade, apenas para agradar Gaara?! Sentiu um desejo absurdo de falar com ela e pedir perdão por tudo. Bateu as mãos nos bolsos à procura do celular na intenção de ligar para ela, mas não encontrou. Quando saiu de casa na noite anterior, não pegou nada. Nem celular, nem carteira, nenhum documento. Riu de si mesmo e deu um tapa na própria cabeça.

Para onde iria, ou o que iria fazer? Se perguntou. A única pessoa a quem poderia recorrer, era aquela a quem talvez, Lee tivesse feito mais mal. Seu velho amigo Neji. Desde a vez em que fizeram amor, e Gaara ameaçou matar Neji, Lee nunca mais falou com o amigo. Nunca mais o viu nem o procurou. Haviam passado quase seis meses e Lee não fazia ideia de como ele estava.

— Neji deve me odiar... — pensou — Eu só queria poder pedir desculpas. Eu... Eu posso fazer isso! Posso pedir desculpas!

Lee levantou-se determinado, limpou a areia de suas calças e voltou em direção ao carro. Não sabia o que ia fazer da vida, mas sabia que queria a amizade de Neji de volta!

Entrou no carro e dirigiu de volta para a cidade, para buscar o perdão e a ajuda daquele que, independente de qualquer coisa, sempre foi seu melhor amigo.

[...]

Eram quase dez da manhã quando chegou à porta do apartamento de Neji. O mesmo apartamento que morava com ele antigamente. Neji nunca se mudou dali, mesmo depois que Lee saiu.

Lee respirou fundo e por um segundo, quase perdeu a coragem, mas não podia se dar ao luxo de ser covarde. Precisava de ajuda, e precisava se reconciliar com seu melhor amigo. E mesmo que Neji o odiasse, não o perdoasse e o exortasse como uma barata, Lee pediria o perdão dele.

Ele bateu na porta. Três batidas...

Um homem abriu a porta. Não muito alto nem forte, mas com uma barriga definida e algumas tatuagens tribais no braço. Lee pôde reparar porque ele estava sem camisa. Estava com uma cara de sono, coçando o cavanhaque, e seus cabelos pretos na altura dos ombros, estavam soltos e desarrumados. Lee espantou-se ao ver aquele homem ali, pois o conhecia muito bem.

O homem também espantou-se ao ver Lee na porta. Quando abriu, ambos esperavam qualquer coisa, menos um ao outro.

— Shikamaru?! — Lee perguntou espantado.

— Rock Lee... O-Oque faz aqui?

— Eu vim falar com o Neji... — Lee dizia ainda sem entender direito o que estava acontecendo, até que o próprio Neji apareceu na porta por trás de Shikamaru.

— Quem é, amor...?! — Neji perguntou sorridente até chegar na porta e dar de cara com Lee — Lee....! — Neji disse espantado — Você... você está péssimo! — disse com os olhos arregalados ao ver o amigo à sua porta.

E realmente, Lee estava péssimo. Também pudera, considerando todos os eventos da noite anterior, além de não ter dormido a madrugada inteira. Além do mais, estava com a camisa social mal abotoada e as calças sujas de areia da praia. Além de estar todo amassado, com olheiras e com o cabelo desarrumado.

— Neji... — apesar de tudo, Lee sorriu emocionado ao ver o amigo, e Neji conhecia bem aquela cara. Sabia que Lee não estava bem, e sabia acima de tudo do que ele precisava de ajuda.

Neji passou por Shikamaru, e segurou Lee num abraço apertado. Rock Lee não conseguiu mais resistir. Não aguentava mais se segurar. Apertou Neji contra si, e enfiou o rosto em seu ombro chorando.

— Me desculpe... — Lee pediu chorando — Me desculpe... — Era só o que conseguia dizer entre as lágrimas.

Neji acariciou seus cabelos pretos meio embolados, sorriu e sussurrou em seu ouvido:

— Senti sua falta, amigo.

Acompanhante de Aluguel (GaaLee)Onde histórias criam vida. Descubra agora