9| Bicicletas e beijos . . .

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Passado algum tempo Harry estacionou o carro num parque. Pela janela podia ver florestação apesar de ser pouca. Miami era circundada de prédios e isso não ajudava na criação de espaços verdes, pois as pessoas preferiam ver edifícios de 60 metros feitos de cimento e ferro, a árvores e flores. Tenho de admitir que nunca fui amante da natureza e que adorava viver numa cidade como Nova Iorque, mas acho que uma cidade sem jardins é uma cidade robótica. Nesse tipo de cidades as pessoas só trabalham. Levam uma vida triste na minha opinião.

Saí do carro e segui Harry que ia um pouco mais à minha frente. Pus os óculos de sol, apesar de estar um dia nublado e um pouco frio fazia-me confusão olhar para as nuvens que se encontravam no céu. Quando eu olhava parecia que estas eram feitas de luz, e nem os meus olhos castanhos resistiam àquela claridade.

Harry continuava a andar. A cerca de uns 20 metros do carro podiamos ver um dos rios de Miami. Do outro lado da margem podia-se ver os altos prédios. Na minha opinião, a vista não era muito bonita, mas Harry parecia gostar dela pois estava a apreciá-la já à um bom tempo. Apoiem-me no corrimão que nos impedia de saltar para a água, pois a linha da água do rio ainda estava uns 5 metros, à vontade, abaixo de nós. Decidi tirar o telemóvel e tirar fotografias. Devia ter trazido a minha câmara fotográfica para ir tirando fotografias ao jardim, mas como não a tinha trazido tive de me contentar com o que tinha.

- Queres ir andar? - soou por fim a sua voz rouca.

- Claro. - respondi com um sorriso guardando o telemóvel de seguida. Começámos a caminhar ao longo do passeio junto ao rio.

- Gostas de fotografia?

- Sim bastante. - Harry acentiu.

- E tu? O que gostas de fazer quando vens passear?

- Eu não venho passear.

- Oh. Então como é que conheces este jardim? - e só depois de fazer a pergunta é que me apercebi o quão ridícula esta era. Ele podia ter perfeitamente passado de carro e quando me convidou para sair lembrou-se deste sítio.

- Quando era mais novo vinha para aqui andar de bicicleta com a minha irmã e a minha mãe. - limitou-se a responder. Continuamos a andar e um silêncio constragedor formou-se.

Não percebia o porquê de me convidar se depois ia ficar calado. Harry nunca tinha parecido envergonhado comigo. Porquê isto agora? 

Muitas famílias passavam por nós a andar de bicicleta com os filhos ou a tentar ensiná-los. Tinha a sua piada vê-los a tentar pois passado algum tempo, os mais pequenos como viam que não conseguiam amuavam e sentavam-se a fazer birra. Harry também tinha notado a cena e ria-se juntamente comigo. Começámos uma conversa sobre quando tinhamos aprendido a andar de bicicleta e como tinha sido. Eu lembrava-me quando comprei a minha primeira bicicleta com rodinhas e quando me ia a preparar para arrancar com a minha nova bicicleta das princesas, não me lembro ao certo o que aconteceu, só sei que ainda não estava a andar e já tinha o joelho a sangrar graças ao pedal. Quando Harry ouviu o meu relato fartou-se de rir de mim e chamou-me desastrada e tonta até ter a certeza que eu nunca me esqueceria daquelas duas palavras. A conversa continuou e Harry, tal como eu, encostou-se ao corrimão enquanto falava comigo. Decidimos fazer uma pausa, visto que já estavamos a andar à cerca de um hora. Um pouco depois, uma madeixa de cabelo que estava presa atrás da minha orelha caiu e Harry pô-la delicadamente atrás da orelha, onde estava anteriormente. De seguida pegou no meu queixo e virou a minha face para ele para juntar os nossos lábios. Levou as suas mãos até à minha cara e segurou-a com todo o cuidado enquanto me beijava docemente. Levei as minhas mãos até ao seu peito onde ficaram a descansar, não as tinha posto no seu pescoço devido à diferença de alturas. Enquanto nos beijavamos eu apreciava o sabor dos seus lábios. Era um sabor bom. Era um sabor a menta. Como no beijo anterior Harry tentou enfiar a sua língua dentro da minha boca, mas eu desta vez dei-lhe passagem. Nunca tinha dado um beijo assim e não sabia o que fazer. Tinha medo de fazer algo errado. Harry parou o beijo e encostou as nossas testas, continuando com os olhos fechados e disse:

- Faz apenas aquilo que eu fizer. Só tens de me imitar.  - acenti com acabeça continuando à mesma com as nossas testa coladas uma à outra. Ele já se tinha apercebido que era nova naquilo.

 Voltámos a juntar os nossos lábios e aprofundámos o beijo. Aquilo parecia tão certo, mas ao mesmo tempo tão errado. Aquilo provocava-me uma sensação estranha, mas boa, no fundo da barriga. Ao fim de algum tempo tivemos de nos separar devido à necessidade de ar. Sorri de orelha a orelha e quando olhei para Harry este olhava para mim a sorrir de lado. Automatixamente corei, mas para estragar todo aquele momento o meu telemóvel tocou. Procurei-o dentro da mala e quando o achei, atendi vendo que no ecrã se encontrava « Pai ».

- Sim? - perguntei. O meu pai nunca me telefonava.

- Preciso que vás buscar o teu irmão a casa do amigo. - respondeu do outro lado.

- Mas eu não tenho carro e não consigo ir a pé.

- Um dos teus amigos deve ter, pede-lhes. - assim que ele disse isto, olhei para Harry, mas voltei a desviar o olhar - Quero-vos em casa por volta da uma da tarde. - acabei por concordar e desliguei a chamada.

Expliquei a situação ao Harry e este disse que não se importava de ir buscar o meu irmão e me deixar em casa. Como já era por volta do meio dia e meia caminhámos para o carro. Assim que entrámos Harry arrancou enquanto eu lhe ia dando as indicações. Depois de termos o meu irmão dirigimo-nos para minha casa. Como é óbvio apresentei ambos os rapazes. Derek olhou para mim com um ar divertido quando viu que eu me encontrava acompanhada de um rapaz, Harry notou o meu ar de « não é nada do que estás a pensar » que lancei ao meu irmão e riu-se. Assim que chegámos a casa, enquanto Harry não via, fiz o meu irmão prometer que não contava nada ao meus pais e assim que ele prometeu lá o deixei entrar em casa. Voltei para junto do Harry para me despedir e este deu-me um casto beijo no canto dos meus lábios, entrando de seguida no seu carro e indo embora.

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Moon

Cigarettes | h.sOnde histórias criam vida. Descubra agora