52| Caixas de cartão e verdades . . .

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De momento eu e o Harry estamos no meu quarto a empacotar as coisas para quando for o dia da mudança. As estantes que antes estavam cheias de molduras com fotografias daqueles que me são importantes encontram-se todas dentro de caixas de cartão, todos os meus livros tiveram o mesmo destino. A roupa vai ser a última coisa a ser tocada. Uma vez que a minha mãe está a tratar da festa de anos do Derek que faz anos daqui a alguns dias o Harry está a ajudar-me. Como esta casa é maior achámos que a festa podia ser aqui, pois a nossa futura casa vai ser um apartamento pelo pouco que a minha mãe me disse, e não vai ter muito espaço para acolher vinte adolescentes com as hormonas aos saltos.

- Há quanto tempo? - soou a sua voz.

- Há quanto tempo o quê? - juntei as minhas sobrancelhas em confusão.

- Há quanto tempo é que tens os pesadelos? - e um silêncio constrangedor engoliu o quarto.

Continuei a enfiar coisas dentro das caixas. Eu sabia que eventualmente aquele assunto viria ao de cima.

- Há algum tempo. - disse não querendo dar respostas exactas.

- Quanto? - voltou a insistir.

- Desde a segunda noite em que estive no hospital. - acabei por confessar.

Senti o seu corpo atrás de mim, e as minhas suspeitas foram confirmadas quando ele pousou as suas mãos na minha cintura e beijou a minha cabeça.

- Porque é que nunca me contaste sobre eles? - a sua voz parecia magoada.

- Não são importantes. - tentei dizer com confiança - E como eu vou para o psicólogo quando recuperar eu pensei em tratar disso nessa altura.

- E durante o mês em que estás a recuperar ias ter pesadelos noite após noite? - a sua voz está cheia de censura - Tu não tens noção do susto que me pregaste pois não?

- Desculpa. - parece que por momentos eu era outra vez uma pequena criança e que estava a ser repreendida por uma asneira que fiz.

- Eu só estou preocupado contigo. - disse.

Uma rajada de vento mais forte entra no quarto e eu dirijo-me até à janela para a fechar. Assim que concluo a tarefa olho para a porta do meu quarto e vejo o Harry a pegar no Napoleão. O gato enrosca-se nos braços do Harry e ronrona enquanto que recebe carinhos. Sinto o meu corpo a arrepiar-se e imagens do que esteve na minha mente durante a noite voltam.

- Está tudo bem Kate? Parece que viste um fantasma.

- Es-está tudo bem . - digo tentando parecer confiante.

O gato salta dos braços do Harry e caminha até à minha cama. Olho-o atentamente. O gato do meu pesadelo era tão parecido como o Napoleão que faz com que eu me questione se é era realmente o ele.

- Quando é que achas que podes começar a sair de casa?

- Não sei. Esta semana vou ao médico. Se ele achar que estou a recuperar bem a partir das três semanas já devo puder. - desabafo. Para ser sincera estou farta de estar trancada em casa, preciso de ir caminhar e apanhar ar - Porquê?

- Surpresa. - ergo uma sobrancelha.

- Agora estou interessada no rumo da conversa. - digo e o Harry encosta-se à parede do meu quarto; ele não está a fazer nada de especial, mas mesmo assim não consigo parar de apreciar o quão belo ele é; os seus olhos brilham e dois buracos estão presentes de cada lado da sua cara.

- Não te vou dizer. Por isso é que se chama surpresa. - diz constatando o óbvio.

Ele tem perfeita noção que eu ia tentar descobrir o que é que ele ia fazer e agora vai passar o tempo todo até fazer a sua tal surpresa a picar-me. Pego em mais coisas para enfiar dentro de caixas. O telefone do Harry dá sinal de mensagem e este rapidamente o saca do bolso detrás das suas calças pretas. Vejo-o a formar uma pequena ruga na testa e a levar os seus longos dedos até ao seu lábio inferior para o agarrar e apertar. Desejava ter neste preciso momento uma câmara para puder tirar uma fotografia. Ele está simplesmente adorável.

- És tão adorável. - deixo escapar.; a atenção do Harry é dirigida para mim desta vez enquanto ele caminha na minha direcção.

- O que é que disseste? - questiona-me curioso.

- Disse que és adorável. - digo baixinho.

- Eu adorável?! - diz chocado - Eu não sou adorável, eu sou másculoman!! - vejo onde o rumo desta conversa vai dar e decido picá-lo mais um pouco.

- Essa palavra provavelmente nem existe! - exclamo - Tu és fofinho e adorável!

- Se tu não tivesses de repouso absoluto, - sussurra-me ao ouvido - dobrava-te contra esta mesma secretária e mostrava-te o fofinho.

Engulo em seco. O Harry tem plena noção que me está a provocar ao alto nível e também tem noção que até termos a certeza que grande parte das minhas hemorragias internas já estão bem é que nós vamos puder voltar a fazer algo.

- A festa do meu irmão vai ser para a semana. - digo esperando conseguir mudar de tema de conversa - Vens? - oiço o seu riso.

- Queres que eu venha? - aceno com a cabeça - É em que dia?

- Ainda não sei, quando souber aviso-te. A casa vai estar cheia de pestes de metro e meio aviso-te já. - digo lembrando-me de todos os amigos do meu irmão - Aquelas pestes adoram-me.

- Ai sim? Porque dizes isso? - pergunta.

- Sempre que eles me vêem vêm ter comigo e ficam durante uma hora atrás de mim. - digo sorrindo.

- Isso é o que vamos ver. - oiço a sua voz antes de pegar em mais umas quantas coisas para enfiar nas caixas de cartão.

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Tudo bem?! Aqui está mais um. Espero que gostem.

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Moon


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