Hoje já é sexta e estão todos na escola apesar de serem quatro da tarde. A semana passou calmamente. A Kim assim como o Liam e o James têm-me vindo ver sempre que conseguem arranjar um tempo livre entre os estudos. O Harry tem vindo também e de algumas vezes o Louis acompanha-o e conta-me como o Harry tem andado de mau humor durante a semana por eu não estar nas aulas. Estes pequenos momentos em que estou acompanhada sabem bem, fazem-me esquecer todas as memórias que me acompanham à noite. Cada noite tem sido mais uma para esquecer. Noite após noite, sonhos perseguem-me. Acho que as idas ao psicólogo poderão vir a ajudar, mas essas só começarão provavelmente depois de o meu tempo de repouso absoluto acabar.
A porta do meu quarto é aberta e tal como tinha sido prometido o Harry aparece.
- Não devias estar nas aulas? - apesar de ele ter prometido vir eu tenho noção que as aulas dele só acabam por volta das cinco da tarde e ainda só são quatro.
- Isso não importa. - diz beijando-me uma vez que o meu lábio já mal me dói e o inchaço desapareceu.
- Harry eu não quero que faltes às aulas por minha causa. - reclamei enquanto ele se descalçava e se punha debaixo dos cobertores puxando-me com ele.
- A aula de gestão é uma seca. Eu sou muito mais útil estando ao lado da minha namorada a ajudá-la e sem estar a usar aquela farda nojenta. - e assim que ele diz reparo que ele está a usar uma T-shirt branca e umas calças pretas.
Suspiro, é impossível continuar esta discussão. Os braços do Harry apertam-me mais contra si, mas sempre com cuidado de não me magoar. As dores já passaram quase todas, mas tenho noção que apenas não as sinto devido aos medicamentos todos que tenho de tomar, pois caso não os tome sei que as irei sentir. Um silêncio confortável ocupa o quarto mas é quebrado pelo Harry.
- Quando é que se vão mudar? - a minha mãe já arranjou casa portanto é só começar a empacotar as coisas e ir embora antes que o meu pai tenha alta do hospital.
- Não sei, mas provavelmente no final da próxima semana já cá não devemos estar. - comento e novamente instala-se um silêncio.
Cada momento com o Harry tem sido óptimo. Ele trata-me como nunca antes alguém me tratou. Tenho pensado na noite quando nos envolvemos; ele foi tão carinhoso, mas depois os pensamentos daquele sonho voltam. Ele esteve este tempo todo a brincar comigo? Será que eu fui apenas mais uma?
- Em que tanto pensas? - oiço a sua voz perguntar; desencosto a minha cara do peito e olho-o.
- Em quando fizemos amor. - meio que minto/ digo baixo e volto a enterrar a minha cara no seu peito com vergonha; sinto o seu peito vibrar enquanto que uma risada sai pela sua boca.
- Queres voltar a fazer? - pergunta com uma voz... sedutora?
- Não me importava, mas estou de repouso absoluto. - digo comprimindo os meus lábios um contra o outro e só depois de falar é que me apercebo o que acabei de dizer.
- Tens razão. Mais vale esperarmos mais uns dias. - ele está tão calmo, nunca o vira tão calmo como hoje.
- Está tudo bem?
- Claro, porque não haveria de estar.
- Já tivestes mais corridas ou vais voltar a ter brevemente? - pergunto sem pensar. Após uns segundos ele volta a falar.
- Desisti. Já não vou correr mais. - diz e beija-me.
Tudo começa de maneira inocente, tal como sempre acontece, mas rapidamente ganha intensidade e as suas mãos acabam na minha cara e cintura, tal como a sua língua acaba a dançar com a minha. As minhas mãos estão a agarrar fortemente a sua camisola; todo o beijo em si está a ser algo mágico até que a mão que está pousada na minha cintura começa a apertar fazendo-me quebrar o beijo e soltar um gemido de dor.
- Desculpa. - diz aflito retirando a sua mão de lá.
Digo-lhe que não faz mal e que está tudo bem, mas ele não parece querer esquecer o assunto. A tarde vai passando e nós vamos falando dos mais variados assuntos. Desde a série favorita do Harry (uma vez que eu não vejo televisão, daí não ter uma), até aos nossos livros favoritos. Assim que o sol se começa a pôr eu e o Harry pedimos à minha mãe para ele dormir cá, pedido que para surpresa de ambos é aceite facilmente.
De momento eu e o Harry já lavámos os dentes e estamos ambos de pijama, isto é, o Harry está de boxers e eu com uma camisola e uns calções. Sem que eu dê conta os meus olhos estão fechados, e eu e o ser ao meu lado estamos a fazer uma conchinha.
Não sei onde estou. Nunca vi este lugar nem consigo ver algo que me faça lembrar dele. É de noite e consigo ver uma estrada ao longe. Ninguém se encontra ao meu lado e sinto-me sozinha. Apesar de estar escuro o verde da floresta faz-me lembrar os olhos do Harry; um verde vivo sempre cheio de emoções que parecem nunca morrer, um verde que eu tenho passado a adorar. Sinto-me observada mas mesmo assim continuo a andar em direcção à estrada que contém postes de luz.
Assim que me aproximo mais da fonte de luminosidade consigo constatar que o verde é realmente da cor dos olhos do Harry, mas esta floresta além de me fazer sentir observada transmite-me calafrios. As calças e a blusa da GAP não parecem ser suficiente para proteger o meu corpo. Uma brisa mais forte do que o normal vem em direcção a mim e faz com que o meu cabelo esvoace mas eu não sinto frio.
A estrada está deserta e não há sinais de carros ou animais. Estou sozinha no meio do nada. Decido começar a caminhar pela berma da estrada, pode ser que encontre alguém que me ajude.
Onde estão todos? Como é que eu vim aqui parar? Que sítio é este?
Tudo parece igual, mais eu ando e mais daquilo que eu já vi até agora aparece à minha frente. Tudo à minha volta apenas é iluminado pelos postes de electricidade que provocam sombras aterradoras para dentro da floresta. O meu corpo não demonstra cansaço portanto continua a andar.
Oiço um ramo atrás de mim a ser partido e viro-me sob os meus calcanhares para me deparar com um gato de pêlo branco e com uns grandes olhos. Este gato por momentos lembra-me o Napoleão.
Aproximo-me sendo sempre observada pelos grandes olhos do gato. O mesmo tomba a cabeça para o lado quando eu me agacho pondo-me de cócoras. O gato continua a me observar e de repente vejo um brilho reflectido nas patas e os seus olhos tornam-se escuros. Sem eu ter tempo de reacção o animal manda-se para cima de mim. Tento gritar ou mover-me, mas não consigo. Se o gato me continuar a atacar não sei o que será de mim. Consigo ver sangue ao meu lado, mas continuo imóvel e muda.
- Kate! - sinto algo abanar-me.
Num movimento abro os olhos e encaro o Harry. Sinto que o meu corpo foi atropelado por um camião e parecesse fazer luz na minha cabeça e lembro-me que não tomei os comprimidos.
- Harry... - digo num sussurro; até a respirar dói - Os comprimidos...
O Harry salta da cama e quando dou conta ele já está novamente ao meu lado com uma garrafa de água e quatro pequenas caixas rectangulares. Engulo todos os comprimidos e dou-me a mim mesma momentos para respirar e acalmar-me. A luz da mesinha de cabeceira está acesa e o Harry olha para mim atentamente, sempre sem abrir a boca ou sair do meu lado.
- O que aconteceu? - arrisco-me a perguntar.
- Acordei contigo aos berros e tentei acordar-te. - diz relembrando o que tinha acabado de acontecer.
Fecho a garrafa e pouso tudo na mesinha de cabeceira. Faço sinal para o Harry se deitar ao meu lado e ele assim o faz. Ele apaga a luz e surpreendentemente, adormeço em menos de nada.
____________________________________________________________________________________
Bem aqui está mais um!! Espero que estejam a gostar, não tenho muito a dizer hoje.
Votem e comentem!!
Moon
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cigarettes | h.s
Fanfiction{ Isto é a história de quando uma rapariga boa entra num mundo mau... }