22| Soph e mais pessoas madrugadoras . . .

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Acordei com barulho e levantei-me. O quarto encontrava-se com pouca claridade. Não me lembrava de ter fechado as cortinas, mas automaticamente um sorriso rasgou a minha cara quando me lembrei da minha tarde com Harry. Irritava-me sorrir com tão facilidade quando o assunto se tratava de ser ele. Eu parecia uma adolescente pirosa quando descobre que está apaixonada, eu ainda sou uma adolescente, mas não uma adolescente pirosa. Bem que não era uma má sensação de todo. Ao perceber que ele não vinha do piso em que me encontrava decidi descer as escadas, mas parei quando ouvi alguém falar.

- Ki!!!

- Estou na entrada Soph! - e de seguida ouviu-se uns pés a correr. Presumi que Soph qie fosse Soph a responsável pelo barulho e estivesse na cozinha.

- Olá Hally. - disse provavelmente com aquele sorrisinho dela. Eu sei que é feio estar a ouvir conversas, mas nesta estava envolvida a minha melhor amiga e o Harry.

- Olá pequena.

- Conheces o Harry, Soph?

- Sin. Ele gosta da Ká. Eu vi eles dois aos beijinhos no sofáfa. - disse rindo-se de seguida. Adivinho qe Kim lançou um olhar a Harry, que se os olhasses matassem ele neste momento estaria nessa situação. Ri-me. A minha melhor amiga não muda.

- É sofá Soph.

- Bem eu tenho de ir. - consegui ouvir a voz de Harry dizer.

- Ok. Bem adeus, já sabes o que acontece. - disse Kim e eu estranhei. Estava a fazer figas para que ela não o tivesse ameaçado. A seguir oiço a porta de casa fechar e decido descer. Assim que acabo de descer as escadas Kim nota a minha presença.

- Presumo que tenhas ouvido a conversa.

- Só a última parte.

- Então ouvi dizer que alguém andou aos beijinhos... Eu quero gémeos. - disse Kim com u m tom muito alegre. Aquele seu tom de voz estava-me a fazer confusão, devido a eu estar tão em baixo.

- Kim agora não... - e a rapariga à minha frente automaticamente percebeu e calou-se.

A tarde passou lentamente e no final do dia os meus pais chegaram a casa. Quando viram Kim soube logo que iriamos ter uma conversa mais tarde. Depois de Kim se despedir foi embora e a tal conversa começou.

- O que é que a Kim fazia aqui? - perguntou o meu pai com o seu tom severo.

- Veio-me ajudar com o Derek e a Soph.

- E porque raio ela te ia ajudar com o Derek e a Soph?! - perguntouo meu pai aumentando o seu tom de voz. Eu não percebia qual era o mal de ela me ter ajudado, mas mais uma vez eu não percebia os meus pais de todo.

- Porque eu tive de sair durante um pouco. - disse e partir daí foi a confusão total.

O meu pai só berrava comigo a dizer que eu não tinha nada de sair e que eu era uma baldas. Basicamente o seu discurso foi o tempo todo a ofender-me e depois ouve uma parte dele dedicada a eu sair comos meus amigos e beber, e fumar e drogar-me o que era totalmente mentira. Era nestas alturas que eu me perguntava que raio de filha é que os meus acham que têm. Porque com este discurso todo chamavam-me indirectamente puta, pois o meu pai achava que as minhas saias eram muito pequenas, quando estas estavam-me quase pelo joelho. O meu pai continuava a aumentar o tom enquanto gritava comigo e já virava a cara para os lados para não chorar. Eu só queria que o sofrimento todo acabasse. Eu só queria desaparecer. Era nestas alturas em especial que eu me perguntava se realmente eu era uma má filha. Eu tinha boas notas, não saia com os outros não parecia uma puta, mas mesmo assim eles implicavam comigo. Eles na minha opinião não sabem a sorte que têm, porque mais de metade das raparigas da minha idade já nem virgem é. Será que eu sou uma desilusão assim tão grande?

Nessa mesma noite falara um pouco com Harry por mensagens, tal como costumávamos fazer antigamente, mas como estava ainda mais em baixo. Decidi descer para desabafar com a minha mãe. Mas quando o ia para fazer ela calou-me com um « agora não ». Ela tinha me defendido quando o meu pai berrara comigo, mas aquela atitude fria dela quebrara o pouco que ainda se aguentava de mim. Subi para o meu quarto e peguei na minha caneta. A caneta era daquelas que se tinha de clicar. Encostei a caneta à pele do pulso, mesmo por cima da veia e fiz pressão de maneira a doer. Repeti este gesto bastantes vezes ao longo da veia que vi tão bem no meu pulso devido a eu já ter o feito tantas vezes. Eu não me cortava com uma lâmina e tinha várias razões para isso. Não seria capaz de ficar o resto da minha vida com cicatrizes e olhar para elas e lembrar-me que fui fraca e se um dia eu cortasse-me demais podia-me esvaziar em sangue e eu não queria isso. Apesar de eu não querer existir, eu nunca seria capaz de tirar a minha própria vida. Acho que sou muito curiosa para descobrir o que vai acontecer no futuro caso eu fique viva, e se eu morresse nunca saberia o que iria acontecer. Se calhar as coisas melhorariam. Eu costumo pensar que ainda não estou morta por uma única razão, porque sou demasiado curiosa por saber o que vai acontecer no futuro.

Nessa noite, adormeci a chorar. Já começavam a ser demasiadas vezes assim e isso era mau sinal.

Acordei de manhã com o telemóvel a tocar e atendi.

- Bom dia Kate!

- É de manhã Carol, ou melhor... - disse vendo as horas no telemóvel - São nove e meia da manhã, vai dormir. - disse bocejando no final.

- Pequeno-almoço no Starbucks? - não conseguia negar.

- Estou pronta daqui a meia hora. - e com isto desliguei a chamada sem me importar em despedir-me.

Fazia questão de sair de casa antes da minha família acordar para não ter de responder a questões. O dia estava cinzento e isso não ajudava com o meu mau humor matinal nem a minha aura deprimida. Era daqueles dias em que queres ficar na cama e não te levantar. Mas porque é que tenho amigos madrugadores?

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O que é que acham? Está seca não está?

Moon


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