1 dia depois
É hoje que vou deixar o hospital. O meu corpo ainda está dorido, mas nada que eu não consiga aguentar. O médico alertou-me para o caso de eu começar a ficar muito sonolenta do meio do nada e que à mínima coisa eu devia regressar ao hospital. Tenho pelo menos quatro embalagens diferentes de comprimidos para tomar diariamente e consultas no psicólogo para agendar. O médico também achou melhor eu ser seguida por um especialista para ter a certeza que eu não tinha sequelas do que aconteceu.
A minha mãe tinha acabado de estacionar naquilo que vai ser a nossa casa durante pouco tempo. Notei que havia mais carros do que o habitual estacionados na nossa rua. Quando entrei em casa deparei-me com a minha avó materna e o meu tio que estavam sentados no sofá da sala. Ambos se levantaram rapidamente e me abraçaram. Sorri o melhor que consegui e depois desculpei-me dizendo que estava demasiado cansado e subi para o meu quarto. A janela estava aberta e as cortinas moviam-se ao sabor da brisa.
Deitei-me na cama e comecei a recordar o sonho da noite anterior. O sonho que fez cada osso e pinga de sangue do meu corpo gelar.
O armário é abafado, mas é o único sítio em que eu estou segura.
Silêncio é o que ecoa pela casa enquanto que medo é o que ecoa por mim. Ganho coragem de sair de dentro do meu armário e deparo-me com o meu quarto, mas em vez de ser o meu quarto que tem sempre a janela aberta com luz a entrar, vejo um quarto sombrio com as portadas a baterem fortemente contra as janelas assim como o vento. Lágrimas quentes rolam pela minha face e eu não sei o que fazer.
Assim que ponho um pé fora do quarto e me deparo com o corredor mais uma vez escuridão é o que vejo. Medo atravessa os meus olhos e decido ir pé ante pé até à cozinha com intenção de arranjar algo com que me proteger. A madeira das escadas que antes era jovem e polida, encontrasse podre e range de cada vez que é tocada. Quando chego ao final das mesmas vejo diante de mim a porta da casa e tento abri-la, mas a mesma encontra-se trancada.
Volto ao meu plano inicial e atravesso a sala com intenções de retomar o meu percurso até à cozinha. Na sala vejo fotos. No grande móvel que ocupa praticamente toda a parede vejo fotos da Kim, do Liam, do James, e da minha família.
Por momentos olho melhor para as fotos e noto que em vez de estar eu com eles encontram-se desconhecidos. Como flashes as suas caras ocupam a minha mente, mas nas suas caras não estão os habituais sorrisos calorentos, mas sim sorrisos maldosos.
- Achavas mesmo que te queremos como amiga? - começou por falar a Kim - Não tens nada de especial, qualquer pessoa é melhor que tu como amiga. - ri-se - Não fiques com essa cara. Achaste mesmo que eu gostei de ti?! Só chateias as pessoas e dizes coisas sem sentido. Elas são bem melhores que ti, ou melhor, tu nem lhes chegas aos calcanhares! - exclama apontando para as fotos onde ela está acompanhada de pelo menos mais cinco raparigas.
- Não percebo como é que o Harry vê alguma coisa em ti. - fala desta vez o Liam - Quer dizer, ele não vê, finge ver. - atira - Ninguém alguma vez vai gostar de ti, tu és uma inútil, mas até que deve ter tido piada brincar contigo. - diz com um sorriso nojento pintado na sua cara.
- Não sejam assim. - diz James de uma maneira ainda mais fria que eles - Alguém tem de ser o patinho feio. Sabem? Aquele que nunca ninguém vai gostar. - ele aproxima-se da minha cara e aperta o meu queixo entre os seus dedos - E acho que esse patinho feio és tu! - diz levando a sua outra mão até à minha cara e embatendo nela com toda a força.
Fecho os olhos. A minha bochecha arde e tenho a certeza que os seus dedos estão marcados. Isto é um pesadelo, penso. Basta eu fazer como quando era criança e forçar-me a acordar. Mas não está a resultar. Começo a ouvir vozes, mas contínuo de olhos fechados.
- Tenho pena de mim. - reconheço a voz como sendo a da minha mãe - És uma falhada. Ainda bem que tenho outros dois filhos, senão ia ser uma vergonha porque teria de dizer que só tinha uma filha e que eras tu! - cospe; consigo sentir-lhe a maldade na voz.
- E quanto mais eu! - Derek -Teria de dizer que era irmão dela. Desaparece ninguém te quer aqui! És uma inútil!
Abro os olhos, mas nenhum deles está mais ali. Observo a sala e vejo que continua tudo escuro tal como antes no meu quarto. As cortinas estão rasgadas e consigo ver pela vidraça do quarto a chuva a cair, mas ela parece preta. Os sofás estão cheios de rasgões como se uma besta os tivesse rasgado com as garras. O tapete da sala está manchado de sangue e a televisão está toda rachada.
Oiço passos no andar de cima e corro até à cozinha pegando na maior faca que se encontra na gaveta dos utensílios. A janela da mesma encontra-se partida num canto e com o vento um barulho horrível é provocado fazendo-me ficar com pele de galinha.Os passos aproximam-se e eu não sei o que ei de fazer. Mais lágrimas são soltas enquanto que os passos se aproximam.
- Kate. - oiço atrás de mim e dou um salto virando-me e segurando com as duas mãos o facalhão; mas para minha surpresa deparo-me com o Harry.
- Harry. - digo correndo até ele, desta vez lágrimas de alegria rolam pelas minhas bochechas - Nós temos de fugir, ele vem aí! - digo depressa.
- Do que é que estás a falar bebé? - a cara dele mostra uma expressão suave assim como a sua voz, enquanto que as suas roupas são o oposto e são pretas como o breu - Dá-me a faca antes que te magoes. - pede gentilmente e assim eu faço. Mais passos são ouvidos.
- Vamos Harry. - peço.
- Não vamos a lado nenhum. - diz de um modo sinistro enquanto agarra os meus ombros com uma mão; os seus olhos estão negros e o verde que eu tanto adoro parece se ter extinguindo.
- Harry. - chamo aterrorizada.
- Eles tinham razão no que disseram; foi divertido brincar contigo. Tu não vales nada, és uma inútil. - sinto algo rasgar a minha barriga e quando olho para baixo vejo a minha camisola alagada em sangue e a faca que eu anteriormente entregara ao Harry a atravessar a mesma. Olho mais uma vez para os seus olhos e comparo-os pela primeira vez às suas roupas cor de breu.
E pelo aquilo que parece a milésima vez, mentalizo-me que aquilo não passou de um pesadelo. Um pesadelo muito assustador.
____________________________________________________________________________________
Eu acho que ainda não disse mas a fic passou das 2000 leituras e o cap 1 das 100!! *CONFÉTIS* (não sei se é assim que se escreve -.-")
lembram-se de eu dizer que se calhar para a semana ia haver dois caps, pois afinal já não vai porque surgiram muitos trabalhos para fazer e contam muito para a minha nota! Cumpem os stors não eu!!
O que é que acharam? Votem e comentem!!
Moon
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cigarettes | h.s
Fanfiction{ Isto é a história de quando uma rapariga boa entra num mundo mau... }