Capitulo 48

1.4K 96 2
                                    

                                  Enzo Lombardi

Em certos momentos, na realidade, na maioria deles, eu me arrependo horrores de ter me aliado a Paola. Essa mulher cada dia mais fica maluca, entendo que sua cede de vingança pelos Mancini seja absurda e necessária, mas sua tão cede a deixa cega e a faz com que não veja coisas minúsculas a frente dela.

Minha raiva por aqueles dois idiotas também aumenta, mas isso não significa que eu perca o foco como acontece com Paola. Durante as suas montagens de planos, o ódio em seu olhar é tão nítido que a torna a perfeita psicopata. Devo confessar que seus planos são bons e muito bons, mas, ao meu ver algumas vezes ela foge da realidade, suas "aparições" em meu escritório estão cada vez mais frequentes e já percebi alguns funcionários comentando sobre, principalmente minha secretária, Alicia. Pode ser loucura da minha cabeça, mas sempre a vejo analisando Paola, ou talvez ela só seja esperta demais e já percebeu que aquela mulher é maluca.

Esses últimos dias, desde quando passei a apoiar e ajudar Paola nesse plano, eu sempre sou o primeiro a chegar e o último a sair, algumas vezes eu tenho dó da Alicia, ela é sempre tão dedicada e normalmente, fica aqui até eu decidir ir embora. Não posso deixar de elogiar seu trabalho, ela é impecável no que faz e diferente de muitas secretárias, nunca tentou me "seduzir" para chegar ao topo, penso sinceramente em dar uma promoção a ela, algo mais a ver com sua cara, sua competência vai muito além do que me servir café e agendar reuniões.

Faz um tempo que eu a venho observando, ela é imbatível nos negócios e sabe muito bem quando é necessário a persuasão, mas também, perto de mim, ela é completamente tímida. Sei que devem se perguntar em que ela trabalha se eu sou mafioso, aí que está a novidade, além de mafioso eu tenho algumas empresas pelo mundo, no começo, eram empresas pequenas e de fachadas apenas para não me descobrirem, mas com o passar do tempo, ela foi crescendo e hoje temos muitas filiais. Onde eu trabalho, a matriz das outras, situada na Rússia, onde eu moro e comando a máfia. Minhas certezas são quase maiores que a dúvida de que Alicia, por trás de tudo isso, sabe o que eu faço realmente, a meses eu tenho vontade de perguntar, mas tenho medo de assusta-la ou algo do tipo. Agora com as vindas indesejadas da Paola aqui, preciso de alguém ao meu lado e ninguém melhor que ela para isso, sendo assim, pego meu telefone e ligo para ela, responsável como é, deve estar trabalhando até agora.  

- Alicia? Ainda está aí? Pode vir até minha sala?

- Boa noite senhor, estou sim. Estou indo.

Em menos de 1 minuto, ela bateu em minha porta. A vi entrando com seus lindos saltos pretos e um vestido colado que era sensual, mas muito comportado. Vi seu olhar de curiosidade e ao mesmo tempo medo do que irei falar, afinal, é muito difícil eu precisar dela essas horas da noite.

- O que precisa, senhor?

- Sente-se. Quero conversar com você e preciso que seja sincera comigo.

Seu rosto rapidamente perdeu a cor e vi como ficou nervosa, ela é imprescindível no que faz, mas também, fica nervosa muito facilmente. Ela se sentou na cadeira a minha frente, cruzou as pernas e tentou falar do jeito mais normal que conseguiu.

- Sim senhor, pode falar. – Disse pigarreando no final e se mexendo nervosamente na cadeira.

- Você sabe o que eu sou, certo? Por trás dessa empresa e essas coisas. A senhorita sabe o que eu realmente faço, não é?

- Sim senhor. – Sua voz saiu extremamente falha.

- E o que eu sou, Alicia? – Perguntei com toda minha autoridade.

- M-mafioso.

- Hum. E como soube disso? Alguém lhe contou ou descobriu sozinha?

- Descobri sozinha a maior parte, apenas fui juntando algumas peças. Tive a certeza quando o advogado da empresa falou um pouco alto em uma de suas reuniões.

- Entendi. Bom.... Sendo assim, Alicia, o que eu sou não é segredo para ninguém e eu preciso de alguém de confiança do meu lado, admiro muito seu trabalho, sua responsabilidade e seu compromisso com essa empresa, por isso, quero te pedir para que trabalhe comigo nisso também.

- E o que eu faria, senhor?

- Você será meus olhos e ouvidos, assim como é aqui e também fará parte do meu conselho que cada dia está pior.

- Ok, sem problemas. Só tenho uma pergunta.

- Pode fazer.

- Eu irei correr riscos? Como por exemplo risco de vida?

- Todos nesse ramo de "trabalho" correm riscos, até mesmo um simples jardineiro que trabalhe na casa do capo. Mas como seu chefe e capo da máfia, lhe garanto que farei de tudo para protege-la. Você tem filhos ou algum relacionamento? Família por perto?

Obviamente eu me aproveitei do momento para descobrir mais sobre ela, afinal as únicas coisas que eu sei é seu nome, sobrenome, idade e qualidades profissionais.

- Não senhor. Não tenho filhos nem namorado. E sobre minha família, bom... meus pais faleceram a alguns anos.

- Sinto muito por eles. Estou lhe perguntando isso porque tudo pode ser usado contra você, como uma espécie de gatilho, eu recomendo que você nunca fale da sua vida pessoal a ninguém.

- Sim senhor.

- Bom, aceita tomar um café comigo? Eu estou com fome.

- Claro, só irei pegar minhas coisas.

- Te espero no meu carro.

- Sim senhor.

Ela saiu batendo seus saltos finos no chão e eu sai em direção ao meu carro. Algo nessa mulher me instiga e eu quero muito conhece-la mais a fundo.

Ma Belle Onde histórias criam vida. Descubra agora