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Orelha 🎮

Eu tava apertando um verdinho enquanto minha mente pensava nos últimos acontecimentos, Gaspar tinha ficado boladão comigo, e não só ele também. Mas era complicado pô, as vezes não dava pra agradar todo mundo.

Carina: Achei que você tivesse saído.- Falou aparecendo na sala e eu não respondi ela.- Tá mal por que não foi?

Orelha: Nunca deixei de passar o aniversário do meu mano com ele, bagulho de família.- Falei enrolando o cigarro e ela sentou.

Carina: Você todo tempo do mundo pra ficar com eles, eu sou sua mulher e a gente acabou de perder um filho. Acho que mereço um pouco da sua atenção, ainda dói na minha barriga e no meu coração nem se fala.- Falou deixando lágrima cair.

Orelha: Eu sei e eu tô aqui.- Falei baixo olhando ela começar a chorar.

Peguei o cigarro fechando e acendi, vendo ela sair da sala chorando pro quarto. Esse bagulho aconteceu rápido demais, faltavam três dias pra gente vir embora pra casa quando a gente tava na casa da mãe dela.

Eu tinha saído pra ir dar um rolê por lá, tava quase desenrolado com uma menina quando a mãe dela me ligou desesperada dizendo que a Carina tava perdendo o bebê.

Que bebê pô? Como tava perdendo um bagulho que eu nem sabia da existia. Mas voltei pra casa e levei ela pro hospital, e a médica falou que realmente ele não resistiu, e aí eu fui questionar a Carina o que tava acontecendo.

Ela não conseguiu responder quase nada, só tava chorando, dizendo que iria contar quando fosse a hora, que era tudo culpa minha, que era porque eu nunca parava em casa, de tanto eu trair ela, de tratar ela como lixo.

E ela falou tanto bagulho ruim de mim, jogou tanto a culpa nas minhas costas que eu levei pra cabeça, tomei que o bagulho era real mano! Se eu tivesse com ela, se eu não tivesse comendo qualquer uma que passasse ali ela estaria bem.

Mas o bagulho é que eu nunca quis ter filho, nunca imaginei, nunca planejei e nunca disse que queria. O que mais fode a minha mente é isso, eu tô chateado por ter perdido um bebê, mas tô aliviado porque não era isso que eu queria pra mim.

Mas tem uma culpa que tá me incomodando, dos pés a cabeça. Toda hora minha mente repete que a culpa foi minha, que eu era um merda e que tinha que ajudar a Carina de alguma forma porque ela tava sofrendo.

Vida LoucaOnde histórias criam vida. Descubra agora