— Droga! — o xingamento saiu prensado entre os dentes.
Mas foi tudo o que Ivan conseguiu dizer quando, de uma vez, todo o peso e altura de Guynive desabaram sobre ele. Era com muita dificuldade que ele se mantinha de pé segurando-a pelo tórax.
— Guynive acorda! Me ajuda! — de nada adiantou.
Não fosse o condicionamento físico do soldado, ambos teriam caído no chão. Mas a situação não era nada tranquila. Impossibilitado de se mover ele olhou para os lados e se viu só. Então visualizou ali perto o paiol de armas e munições, porém aquilo e nada eram a mesma coisa, pois as sentinelas dali não podem sair de sua posição de maneira nenhuma. O abandono de posto era corte marcial.
O tempo passava e segurar aquele peso esgotaria suas energias brevemente. Então Ivan agiu: de supetão abaixou-se o máximo que pode e lançou Guynive sobre o seu ombro, pondo-se a carregá-la o mais rápido possível.
"Meu Deus! O que está acontecendo aqui?" — pensava enquanto balanceava o peso da garota sobre seus ombros.
Andou acelerado em direção ao paiol e, assim que se aproximou, as luzes o iluminaram. Acima do prédio havia quatro sentinelas que faziam a segurança do local. Eles portavam rifles M40 de longa distância e pistolas 9 milímetros, contavam ainda com possantes holofotes para clarear ao redor. Na parte inferior havia mais quatro soldados que portavam submetralhadoras e pistolas. Sob aqueles olhares atentos Ivan se aproximou trazendo Guynive:
— Estou com uma pessoa passando mal e preciso do jipe emprestado — disse ao responsável pelo grupo quando já chegava ao veículo. — Devolvo assim que puder.
— Entendido cabo!
Ivan colocou Guynive no banco do passageiro, deu partida, acelerou e saíram rumo ao posto médico. A pista esburacada sacudia o veículo, de modo que o rapaz teve que abraça-la para que não caísse. Então se recordou do incidente no refeitório:
"Garota durona".
Enquanto dirigia, Ivan viu pouco contingente, por causa do horário e também pela rotina daquele dia que não tinha sido fácil. Pensou na fatalidade acontecida com Thomas e que haveria um processo interno para averiguar as circunstâncias, mas que isso levaria algum tempo.
Chegando ao local, Ivan piscou os faróis do veículo, e o segurança entendeu chamando os enfermeiros que saíram em seu auxílio. O cabo parou o jipe e eles ampararam a garota, colocando-a em uma maca e a levando para dentro, então o dr. Walter os alcançou:
— O que aconteceu?
— Eu estava conversando com ela e teve um desmaio repentino.
— Quando e onde?
— Há dez minutos, próximo ao local onde perdemos Thomas.
Os enfermeiros a colocaram na cama e Walter a examinou, verificando as pupilas, respiração, batimento e pressão.
— Aparentemente não é nada grave, me parece um caso de desnutrição e desidratação. Só que... — colocou a mão no queixo e ficou divagando consigo.
— Só que o quê? — questionou o cabo.
— Olha Ivan, isso não era para acontecer dessa forma. A alimentação do pessoal é servida em horários regimentais. Ainda tem o cálculo de calorias necessárias. Entende? Das duas uma: ou sua namorada se alimentou mal, ou ela realizou uma atividade física que necessitava de um grande esforço, no dia de hoje, e a pouco tempo.
— Não creio que tenha ocorrido nenhuma das duas situações, mas apostaria na primeira, já que não há como acompanhar a alimentação individual dos soldados.
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Guynive - O Começo do Fim
RomancePara localizar o militar que lhe fora designado, Guynive precisou se infiltrar no exército norte americano. A sua ira aumentou quando, ao desembarcar na base da Turquia ela descobriu que Ivan era apenas um cabo. Foram dias difíceis em que ela brigou...