Minutos depois desses acontecimentos a festa seguia no seu auge. Todos contentes e satisfeitos, num clima cordial e tranqüilo. Nesse ensejo ela surgiu: linda como a mais bela das rosas, resplandecente como o brilho do sol, leve e quente como as primeiras brisas da primavera.
O vestido verde lhe caíra muito bem: descia rente ao tronco, afinando e marcando a cintura, dali seguia com uma leve folgada até pouco abaixo do joelho. Seus ombros estavam à mostra, coisa que foi realçada pelo coque que fez no cabelo. Sapatos e luvas tinham o mesmo tom avivado da roupa e o cordão de ouro e brincos nos formatos de golfinhos davam o toque final à obra. Guynive apareceu simplesmente majestosa.
As pessoas admiraram tamanha beleza e elegância, e até alguns músicos desafinaram durante sua aparição. Naquele momento tudo convergia somente para ela. Mas nem todos partilhavam bons sentimentos e, ao vê-la tão exuberante, Penelope não se conteve:
"Onde diabos ela arrumou tudo aquilo?" — maldisse.
Cruzou os braços enquanto remoía inveja e desprezo e foi assim que, sutil, Guynive lançou-lhe um olhar, o que para Penélope soou como uma declaração de guerra:
— Maldita e desgraçada! — e agora a mente da garota trabalhava a todo vapor procurando uma forma de confrontá-la. — Isso vai ter volta vagabunda!
Toda essa contemplação aconteceu em breves segundos, como se o mundo tivesse parado para vê-la e agora, que fora aceita e inserida, tudo voltava a uma certa normalidade.
No momento seguinte Guynive o sentiu, e só ele. Ela olhou para o lado e lá adiante viu Ivan, em uma mesa mais isolada, um pouco cabisbaixo e com um copo na mão. Duas garrafas estavam sobre a mesa, uma vazia e outra pela metade. Em uma breve análise a garota viu que era o momento e caminhou em sua direção.
Na mente de Guynive sentimentos e pensamentos rodopiavam, e mais rápido a cada passo que dava diminuindo a distância entre os dois:
"O que devo lhe dizer? Espero ele falar? Falo primeiro? O que devo fazer?"
Eram dúvidas que sobrecarregavam os ombros de alguém inexperiente, que faziam seu passos pesarem como se tivesse montanhas sobre suas costas.
"O que é isso que estou sentindo?"
Mas a sensação acabou quando, faltando poucos metros para tocá-lo, Guynive viu um vulto passar rápido ao seu lado. A garota não teve reação ao ver Penelope se antecipar à ela e puxar Ivan para dançar. O rapaz ainda tentou dissuadi-la, mas sem êxito e, quando deu por si, bailava entre os outros pares frente ao palco:
"Deus amado! Bêbado e agora dançando. Que nada pior aconteça." — pedia quase numa súplica.
Mas aconteceu sem que ele soubesse pois, durante a execução de Close To You (They Long To Be) do grupo The Carpenters, Guynive teve que assistir à Penélope fazer todo o possível para envolver o rapaz: ser tocado, acariciado, abraçado, e tentado por sua parceira de dança, que demonstrava uma amabilidade inexistente. Sem contar que a letra da música ainda contribuía para a sensação de desolação em Guynive:
Por que os pássaros de repente aparecem?
Toda vez que você está por perto
Assim como eu, eles querem estar
Perto de você
Por que as estrelas caem do céu?
Toda vez que você passa
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Guynive - O Começo do Fim
RomancePara localizar o militar que lhe fora designado, Guynive precisou se infiltrar no exército norte americano. A sua ira aumentou quando, ao desembarcar na base da Turquia ela descobriu que Ivan era apenas um cabo. Foram dias difíceis em que ela brigou...