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O olhar do novo capitão emanava determinação, e certa preocupação. Ivan sabia como as coisas precisavam acontecer e estava pronto para o sacrifício, e sentia também o comprometimento de seus homens, que confiavam na sua liderança. Quem não ficou tão satisfeita com a ordem dada pelo comando foi Guynive que almejava, acima de tudo, sair dali.

Próximo à costa, no provável ponto de extração, eles colocaram os corpos e abrigaram os feridos. O capitão já imaginava que o navio pesqueiro estava à caminho para fazer a retirada. Os soldados com ferimentos mais leves foram designados para cuidar dos que estavam em pior estado.

Passava de 23 horas quando, organizados, os comandados de Ivan subiram na carroceria do caminhão e foram em direção à cidade.

— Numa velocidade constante chegaremos em pouco mais de 6 horas — calculava James.

A verdade é que a seqüência de facilidades continuava acontecendo, e dessa vez o vento e a neve deram tamanha trégua que os próprios soldados desconfiaram do que se passava:

— Isso acalmou rápido demais. Tem coisa estranha aqui — resmungou Nelson que dirigia atento ao horizonte.

— Silêncio e continue o seu serviço — cochichou Roger.

Depois disso nem mais uma palavra de ambos, ou de qualquer outro, durante boa parte da viagem. Mas lá na frente foi o próprio Nelson que cochichou:

— O caminho está ficando mais amplo e limpo.

E o caminhão parou assim que Ivan ordenou. Ele observou a calmaria à sua volta e o tempo escuro e frio. O silêncio só era quebrado pelo silvo do vento e pelo barulho do motor do veículo. Na paisagem, árvores e chão cobertos de neve. Havia, assim, certa paz no ambiente e isso chegava ao coração de Ivan, mas ele ordenou:

— Preciso de quatro batedores fazendo o reconhecimento a frente.

Salvador, Bruce, Charlie e Curt se prontificaram e, após instruções, partiram em missão.

Por conta das baixas, a maioria dos soldados carregava a terceira arma, coisa que não era comum, mas a situação exigia isso.

Os militares que permaneceram fizeram checagem de equipamentos e provisões enquanto aguardavam as informações dos batedores que não tardaram:

— Capitão, estamos sobre uma plataforma, logo depois o terreno fica íngreme e lá em baixo está a cidade — disse Bruce.

— No setor por onde entramos está limpo, sem armadilhas ou sentinelas. Também não houve contato visual com civis — esse foi Salvador.

— A neve está por todo o lugar, mas não impossibilita a incursão. Há bastantes árvores que protegerão a nossa aproximação — relatou Charlie.

— Na parte mais externa da cidade existe um prédio de quatro andares. Também verifiquei que todas as ruas convergem para o centro, e que lá existe uma grande edificação — concluiu Curt.

Ivan ouviu atento os relatos e definiu:

— Certo. Vamos nos aproximar e procurar abrigo.

O capitão sabia que manobrar à noite, e sob neve, os colocaria como alvos fáceis, e permanecer ao relento naquele clima seria tão fatal quanto avançar. Calculando, e contando com um pouco de sorte, ordenou:

— Esquadras, procurem por algo que sirva de abrigo numa linha norte-sul, rápido!

E assim ambas avançaram: Nelson, Roger e Santana foram para o sul, enquanto Salvador, Bruce e Charlie subiram ao norte. Vinte minutos depois Bruce retornava chamando os companheiros que aguardavam:

— Encontramos uma choupana abandonada. Após a checagem os rapazes ficaram montando vigilância enquanto eu retornei.

— Ótimo! Adrian, chame a 1ª esquadra de volta.

Feito isso, após 20 minutos se reuniram e partiram. A marcha foi rápida e, próximo à grandes árvores, encontraram a casa. Ela estava em péssimas condições, mas os protegeria do frio.

— Santana, preciso que oculte o veículo pois vamos precisar dele na fuga.

— Sim, senhor!

— Quatro sentinelas, turnos de 2 horas, saímos antes do amanhecer.

Dividida a vigilância,tentaram comer e descansar um pouco. O dia seguinte prometia ser duro.


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora