Passados 20 minutos, e chegando ao local do baile após a longa caminhada, Ivan vinha esbaforido e sedento. Como não entrou pelo acesso principal, caminhou por entre as mesas e viu um garçom deixando um copo com um líquido incolor e repleto de gelo sobre uma delas.
"Preciso mesmo disso." — disse a si pensando se tratar de água.
Em poucos goles esvaziou o copo e só então percebeu o erro: era alguma bebida com álcool. Para os já acostumados com o álcool é algo tranqüilo de se entornar, mas tanto os acostumados como os desacostumados sentem os efeitos rapidamente quando se está com a barriga vazia, o que não foi diferente com o cabo. De forma quase imediata passou mal, e a primeira coisa que sentiu foi a transpiração abundante, na seqüência suas bochechas e o nariz esquentaram e, por fim, a náusea. Rápido ele olhou para os lados localizando o banheiro. Correu naquela direção e entrou. Sentia um misto de tontura com moleza generalizada, mas o que o levou direto para uma das baias foi a vontade de vomitar. Se trancou ali dentro e a ânsia deu uma leve diminuida e ele aguardou. Da outra baia saía um senhor, de camisa amarela e cabelos grisalhos, se dirigindo para pia para se lavar. O cabo permanecia no mesmo lugar com os olhos fechados, com a mão encostada na parede enquanto esperava. Enquanto isso o senhor dava os últimos retoques no cabelo e na roupa, enxugou as mãos no papel toalha e foi em direção à porta. Ao girar a maçaneta ouviu o cabo, um pouco mais alegre, dizendo:
— Que tipo de festa é essa?
A pergunta foi tão inesperada que restou ao único ouvinte inquirir:
— Como?!
— Perguntei: que tipo de festa é essa?
— Bom rapaz, ao que me parece é para divertir e animar os ...
— Já vi que não está funcionando! — interrompeu o senhor antes que ele continuasse a explicação.
— Porque acha isso?
— Eu acabo de chegar, e o som da sola dos meus sapatos fez mais barulho que a banda tocando. Acredita? — o homem ainda assimilava com graça o que ouviu, quando o cabo continuou: — Pela música ambiente que ouvi, os copos cheios sobre a mesa e a área de dança vazia, não estão atingindo o que se proporam. Não. Não. Não.
Ivan ficava cada vez mais solto por causa da bebida.
— Não observei isso. E o que acha que causa essa situação?
Zonzo Ivan saiu da baia e foi para a pia se lavar, enquanto o senhor permanecia recostado na porta de entrada esperando a resposta.
— Bem, excluindo a possibilidade de eliminação do Cratyx da semifinal do campeonato nacional de baseball, creio que haja algum "figurão" no nosso meio, o que faz com que os soldados fiquem na defensiva, pisando em ovos, só para a gradar.
O homem deu um leve sorriso e, percebendo que não fora reconhecido, resolveu ir mais à fundo.
— E como acredita que tudo deveria acontecer?
— Bem, obviamente os rapazes e moças que querem se divertir, então o problema não é com eles, mas com o oficial.
— O que você disse? — a voz do senhor se alterou.
— Isso mesmo que ouviu, eles querem se descontrair, e não podem. E quem é o culpado? O nosso "figuraça", que deve ter esquecido como se diverte há muito tempo — Ivan sorriu e logo voltou a ficar sério. — O velório a minha avó foi mais animado que isso aqui.
As palavras causaram um efeito reflexivo sobre o senhor.
— Talvez tenha razão. Agora preciso ir, tenha uma boa diversão — ele saía pela porta do banheiro quando perguntou: — Qual o seu nome rapaz?
— Miller, Ivan Bonn Miller. Ao seu dispor — disse prestando uma desajeitada continência pelo espelho.
— Muito prazer! Mack.
Antes que pudesse responder, Ivan sentiu o mal-estar e lavou o rosto tentando não vomitar. Quando se secou e virou-se para olhá-lo, o homem já havia saído.
— Vá com Deus, Mack!
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Guynive - O Começo do Fim
RomancePara localizar o militar que lhe fora designado, Guynive precisou se infiltrar no exército norte americano. A sua ira aumentou quando, ao desembarcar na base da Turquia ela descobriu que Ivan era apenas um cabo. Foram dias difíceis em que ela brigou...