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A manhã chegou, mas não diferiu muito da noite e nem da madrugada, pois essa era uma característica da própria região, vinculado à estação do ano: inverno. Havia uma claridade bem questionável, permanecendo durante todo o dia uma penumbra melancólica e perigosa para os soldados. Sob essas condições, os grupos se moveram até a beira da encosta e, de lá, constataram tudo o que os espias relataram há 5 horas: casas pequenas e padronizadas. Raramente uma edificação mais alta se destacava, nesse ponto só havia um pequeno prédio na extremidade de uma das ruas e este estava à esquerda da posição em que o grupo se encontrava. Outra constatação feita foi a de que a cidade parecia deserta. Nem carros, nem pessoas ou qualquer movimentação que lembrasse a vida cotidiana. Nesse momento o olhar aguçado de James foi fundamental:

— Fumaça às 11 horas.

E viram o fio branco subindo de uma chaminé.

— Temos que averiguar! Mas antes vamos posicionar os atiradores de elite.

Ao seu comando os soldados se organizaram em três esquadras, desceram e avançaram por entre a neve fazendo uso da encosta para se manterem ocultos.

Quando chegaram ao prédio, com pistolas com silenciadores em mãos, a 3ª esquadra entrou na antiga edificação fazendo o reconhecimento em todos cômodos dos quatro andares. Pela mobília o prédio monstrava que fora um hotel porém, agora, abandonado e esquecido. Dessa forma a resposta de Roger e seus soldados não poderia ser outra:

— Tudo limpo!

Então Ivan chamou:

— Atiradores, aqui!

Apresentaram-se Guynive, Ray e Eddie. Ivan lançou um olhar discreto sobre a barriga da garota que percebeu. Ele prosseguiu com as instruções:

— Subam para o telhado e nos dêem guarita, mas só atirem em caso de extrema necessidade. Se formos vistos antes do tempo, estaremos em uma enrascada das grandes — falou se lembrando que o som do disparo de uma M40 era muito alto, e disse: — Guynive, você os lidera.

— Gostaria de saber o porquê dessa ordem, senhor — rebateu de imediato.

Ela contestou por não querer ficar para trás.

— Vocês serão a equipe de suporte, não podem avançar junto com a linha de frente. Cobrirão a nossa entrada e a fuga.

Os outros dois concordaram maneando a cabeça mas, com os olhos, Guynive condenou as palavras de Ivan.

— Mas...

O capitão se aproximou e teve que ser mais duro:

— Soldado Guynive, essa é uma ordem direta!

Foi com muito custo que ela abaixou a olhar, apenas o olhar, antes de responder:

— Senhor! Sim, senhor!

— Agora preciso que se organizem com total atenção e foco ao prédio principal.

Sob suas ordens os atiradores subiram para o terraço do prédio e se ocultaram, tendo uma visão frontal privilegiada, tanto da edificação quanto da cidade. Logo após, as três esquadras se posicionaram pouco adiante, aguardando. Iniciavam assim uma meticulosa operação de avanço e neutralização. James olhou com o binóculo para o topo do prédio e transmitiu a informação para o seu capitão:

— Informam a presença de combatentes espalhados pela cidade e na edificação principal.

O grupo de Ivan, G1, avançaria pelo meio em direção à casa que soltava fumaça. James levaria os soldados do G2 pela rua à esquerda e Roger lideraria G3 pela rua à direita. Eram comandos e situação rotineira para eles. Pistolas com silenciadores, instintos aguçados e adrenalina ao máximo. Assim os soldados avançavam atentos, vistoriando casa por casa e, mesmo que houvesse objetos pessoais que evidenciavam que pessoas estiveram ali, todos os grupos chegavam à mesma conclusão: as casas estavam vazias.

— Capitão, o grupo de James encontrou algo. O Glen está sinalizando.

Cautelosos, Ivan e seu grupo se moveram pelas laterais das casas seguindo rumo à posição onde a 2ª esquadra se localizava.

— O que encontrou?

— Sinais de luta corporal, mobília destruída, casa abandonada.

— "Luta corporal?" — Ivan tentava montar o quebra-cabeça enquanto agia. — Adiante e com cautela!

As ordens chegavam aos grupos através de gestos. Avançando, perceberam que aqueles sinais de luta eram comuns em várias das casas. Isso intrigou o capitão:

"O que aconteceu por aqui?" — racionalizava.

Se reorganizaram e, os soldados que iam à frente, localizaram algo diferente:

— Senhor! Brasas acesas e uma garrafa de vodka quase vazia.

— Ok! Atenção redobrada!

Quando terminavam a observação o soldado Adrian, que fazia o perímetro de segurança, informou:

— Capitão! Pegadas na neve, solado pesado, uma pessoa e está nas proximidades.

Seguindo-as com o olhar, viram que as marcas no chão atravessavam para o outro lado da rua, na direção de G3.

— Adrian, avise ao G3 para que fique alerta.

— Sim, senhor!

— Rylan, faça o mesmo com G2. Nicolas, informações dos atiradores.

E o soldado traduziu o que gesticularam:

— Atiradores não encontraram nada ainda.

O novo capitão teve ummomento de inquietação.


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Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora