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Foi ao anoitecer que as aeronaves tocaram o convés do USS Enterprise, navio porta-aviões americano. Eram quase 100.000 toneladas de metais e outros materiais que davam forma a uma estrutura com flutuação e estabilidade. Ele navegava sereno nas águas de Gamvik, cidade ao norte da Noruega. Novamente política e diplomacia abriram caminho para as ações militares.

O clima naquela região era dos mais gélidos do planeta, com os termômetros marcando a temperatura pouco acima de zero grau. O pessoal de convés vestia roupas espessas com gorros, máscaras e luvas, além de óculos, por conta do vento que oscilava com freqüência. As botas garantiam maior aderência ao piso que, úmido, congelava ficando escorregadio. Na parte interna da embarcação a temperatura era um pouco mais alta, mas ainda assim permanecia frio.

— E não é que funcionou — comentou o soldado Roy com Abelard. — A roupa térmica funciona, sargento.

— Melhor para nós, soldado.

— Sejam bem vindos ao USS Enterprise, senhores! — os capitães e soldados foram cumprimentados e recebidos pela autoridade máxima do navio.

— Obrigado, almirante Morelli! — iniciou, Ralf.

— Aqui vocês terão todo o suporte necessário.

— Tempo ruim, não?! — observou, Marquez.

— Tempestades em alto mar acontecem com frequência. Geram um pouco de instabilidade nos equipamentos, mas nada que seja permanente ou inoperante.

— Vocês estão bem acostumados a isso, não?

— É verdade. A rotina é tão importante quanto o treinamento. É capaz que algum dos meus rapazes se sinta mal em terra firme, tamanha a adaptação com o mar.

— Não duvido — todos sorriram.

— E o rastreamento via satélite? Funciona almirante? — Ralf queria confirmações que lhe dessem mais segurança.

— Sim, perfeitamente. Estamos recebendo os seus dados desde que decolaram de Nuuk.

— Ótimo! — Marquez também ficou feliz com a notícia.

Depois desse rápido diálogo, almirante e capitães entraram para sua cabine. Os soldados foram levados para outra sala, afim de que assistissem a última palestra enquanto se alimentavam.

Guynive sentia o aumento da tensão à medida que avançavam rumo ao seu objetivo. Desejava que ela e Ivan estivessem longe dali, num dia ensolarado de praia ou fazendo compras, contudo sabia que para retornar a esse ciclo, o sacrifício seria grande.

Os soldados faziam os últimos preparativos verificando o que seria levado: rações, água, armas, munições, mapas, óculos e tantos outros itens que seriam e extrema importância. Ivan procurou Guynive, mas não a viu, até que teve a intuição de sair pelo corredor e entrar em outra sala que ficava mais distante.

— Como sabia que eu estava aqui? — ela o questionou.

— Não sabia. Acho que foi um pressentimento — seus olhares se encontraram. — Meu Deus!

— O que foi, Ivan?

— Eu não consigo parar de pensar e você e nosso filho. Está até difícil me concentrar na missão. Eu não queria que estivéssemos aqui.

— Eu pensava justamente isso. Mas não cabe a nós decidir.

— Sabe eu cheguei aqui por lutas e dor, tentando apagar marcas e sofrimentos do passado. Agora que a vida parece me sorrir, me dando você e nosso filho, olha aonde nos metemos?!

— Vamos fazer o que sabemos da melhor maneira possível e sair daqui. Quando acabar, tudo será diferente — mas Guynive sentiu um pesar nas próprias palavras.

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora