059

2 1 0
                                    

O edifício tinha certa majestade ao se projetar no centro da cidade. Na área externa paredes grossas e altas, com muitas janelas. As quinas eram como torres, que iam além da altura das paredes laterais e, em duas delas, noroeste e sudeste, havia escadas de emergência. Uma escadaria na entrada principal dava acesso para o pátio central. Do térreo do pátio era possível ver o telhado translúcido na cobertura, pois havia um grande vão. Além disso, vários pilares sustentavam o mezanino e outras incontáveis salas nos demais andares.

Ao redor do pátio havia as salas da diretoria, secretaria, coordenação, apoio, segurança, sala dos professores e a enfermaria, além de banheiros e uma cantina. Nos demais andares ficavam as salas de aula, e o acesso para estas se dava através de duas escadarias principais: uma de frente com a entrada de alunos, no lado norte, e a outra exatamente do lado oposto.

No subsolo ficavam equipamentos, estoques de materiais, depósito de alimentos, aquecedores e bombas hidráulicas, além de dutos de ventilação, tubulações de esgoto, caixas de força e a garagem. Tudo muito bem planejado.

A construção daquele prédio foi uma tentativa de montar um núcleo integrado de educação reunindo vários níveis escolares e cursos técnicos em apenas uma unidade. Fora bem edificado na intenção de servir como modelo para demais unidades que, num futuro, seriam implantadas pelo país.

Intentando o efeito surpresa, os militares, liderados por Ivan, seguiam pela rede de esgotos:

— Isso não deveria estar molhado?

— Ande soldado e evite falar — censurou Santana aos sussurros.

— É que está estranho — reiterou, Ruben, cochichando ainda mais. — Parece que não desce nada por aqui faz tempo.

Quando focavam a fraca luz da lanterna nas laterais da tubulação, não havia resíduos e nem umidade.

Em outro ponto da fila, James segurava uma lanterna iluminando o esboço de um mapa nas mãos de Ivan. O documento fora conseguido através de pessoas que trabalharam naquelas instalações.

— Podemos confiar nisso? — sussurrou o sargento.

— É tudo o que temos — respondeu o capitão, pedindo: — Clareie melhor aqui.

A claridade focada revelou que o caminho seguia adiante, mas com uma opção de entrada à direita.

— E agora?

Mesmo com o frio intenso, Ivan sentia o suor escorrer-lhe pela testa. Uma escolha errada e seria o fim de todos.

— Vamos subir! — ordenou decidido. — Precisamos olhar o que há sobre nós.

— Paul e Nelson pela direita. Alejandro e Duque adiante — comandou James. — Encontrem qualquer passagem que nos leve para cima.

O grupo aguardava quando, Paul e Nelson piscaram sua lanterna, indicando o achado. Então chamaram Alejandro e Duque de volta.

— Ray — chamou Ivan. — Não há ouvidos e nem olhos tão aguçados quantos os de um atirador de elite.

Obedecendo, ele empunhou o rifle M40, desencaixou a mira telescópica e subiu pela estreita escada. Colocou seu ouvido rente à tampa de metal, apurando ao máximo a sua audição. Seguro de que não havia ninguém, ele retirou a faca da bainha, encostou a ponta na extremidade da tampa de ferro e de forma gradual, imprimiu força. A peça metálica resistiu por um tempo mas, silenciosa, cedeu e Ray a levantou o suficiente para que posicionasse a sua luneta. Depois de 30 segundos, desceu com as informações:

— É um depósito. O lugar tem razoável iluminação. Seguindo esse duto ao final há veículos. Não tenho certeza, mas parece que vi um quadro de força a uns 90 metros indo para o leste.

Ivan nada falou e puxou o mapa recebendo a iluminação da lanterna de James.

— O mapa nos mostra escadas internas. Precisamos subir e neutralizar as sentinelas das torres, não podem ficar em nossa retaguarda. E ainda não sabemos se Adnevi está aqui, ou onde está. Temos que localizá-lo, mas antes seria bom minarmos todo o subsolo.

Quando concluia sua ideia, ouviram uma sirene.

— Sirene de aula? É isso? — ironizou o soldado Bruce.

Ray subiu de novo até a manilha e observou. Lá adiante, próximo aos caminhões, apareceram seis homens fortemente armados, saídos de lugares ocultos onde as luzes não clareavam. De um ponto superior alguém os chamava e subiram pelas escadas.

— Parece que agora não hámais ninguém nessa parte — sussurrou pensando: — "Se há toda essa segurança, talvezele esteja aqui."


P:198/421

Guynive - O Começo do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora